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FAMÍLIAS HOMOPARENTAIS/ SENSO COMUM

Por:   •  9/8/2018  •  2.544 Palavras (11 Páginas)  •  322 Visualizações

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Mais recentemente, as tramas ficcionais da TV passam a incorporar personagens homossexuais em suas histórias através de casais homoafetivos. Contudo, anos de estereotipia e marginalização, trouxeram uma sensação de desagrado da população em geral ao depararem-se com a ideia de homoafetividade.

Entre os anos de1980 e 1990, até os dias atuais, algumas transformações foram vivenciadas na mídia em relação ao conceito e representação da homossexualidade, o que culminou, num processo de transformações conceituais na sociedade em relação à homoafetividade e a homoparentalidadeno Brasil. Contudo, a temática da homoparentalidade ainda é veiculada e retratada nas mídias sociais com certa apreensão, no intuito de não “ofender e/ou escandalizar” o telespectador/ consumidor/cidadão que assiste e consequentemente opina sobre tal temática na sociedade. Mas, por qual razão a mídia tem o poder de influenciar e possibilitar transformações nas representações sociais? Tomando o conceito de representação social enquanto ideias e formas de ações sociais que influenciam as consciências individuais, podendo também o indivíduo acrescer a estas ideias, suas crenças e visões de mundo, é possível compreender como o papel da mídia é fundamental para influenciar a população sobre diversas temáticas, gerando assim um conceito geral e pré-determinado sobre algo.

Sendo assim, é de fundamental importância o debate em meios sociais sobre a questão da homoparentalidade de forma mais aberta e incisiva, já que esta mesma mídia ao mesmo tempo em que retrata e revela a vida social para a sociedade, influência esta última em suas opiniões e atitudes nas mais diversas temáticas, podendo mistificar ou desmistificar a temática da homoparentalidade para o meio social. Entretanto, não se pode responsabilizar a mídia de forma exclusiva pelas representações sociais existentes a respeito da homoparentalidade, já que esta explora e veicula um conceito/representação, em muitas ocasiões, a partir das demandas da sociedade.

Neste sentido, é possível assinalar algumas mudanças representativas a respeito da concepção e do discurso da homoparentalidade nos meios de comunicação de massa. Para ilustrar, é preciso sublinhar a repercussão do caso da cantora Cássia Eller, que faleceu deixando seu filho menor de idade em meio a uma batalha judicial pela sua guarda, entre os pais da cantora e sua companheira Maria Eugênia. Nesta ocasião, grande parte da população apoiava a permanência de João, filho da cantora, sob os cuidados de Maria Eugênia, que por fim, terminou com a guarda da criança concedida a mesma. (ESTADÃO, 2002).

Um segundo caso se refere à novela “Amor à Vida” (2013), da Rede Globo, onde a temática da homoafetividade e homoparentalidade permaneceram presentes durante toda a trama, em que apesarda figura do homossexual estar atrelada à vilania em grande parte da trama, culminou numa simpatia e afeição do público para com o seu personagem e de seu companheiro na novela, que posteriormente assumiram sua união com seus filhos na ficção. Na ocasião, a novela alcançou picos de audiência consideráveis, levantando o debate sobre o tema da homoparentalidade nos meios sociais, com significativo apoio da população.

Enquanto a mídia apresenta algo, a sociedade consome e avalia a questão, demonstrando suas opiniões, estando a mídia a “devolver” tais representações para o público a depender das avaliações deste último, retroalimentando assim questões relevantes para o meio social.

Outro caso interessante para análise, refere-se à novela “Em Família” (2014), de Manoel Carlos, também veiculada pela Rede Globo de televisão. Nesta trama, assim como em muitas outras nos últimos anos, continha em seu roteiro, um romance homossexual entre duas mulheres, as personagens Clara e Marina. Contudo, ao contrário das demais histórias já apresentadas ao grande público, nesta, a personagem Clara é casada com um homem, tendo ambos, um filho juntos.

A polêmica que circundou o romance entre as personagens Clara e Marina, trouxe opiniões e posições conflitantes entre os telespectadores, que, ao mesmo tempo em que apoiavam o romance entre as personagens, apresentaram restrições quanto ao fato de se depararem com um casal que vivia seu cotidiano e sua sexualidade de forma corriqueira, assim como outros casais heterossexuais presentes nas representações ficcionais televisivas. O que surgia nas entrelinhas dos discursos difundidos nas críticas de sites e blogs da época, bem como nas redes sociais, é que tolera-se o romance entre duas homossexuais femininas, contudo, tal expressão de amor e sexualidade não pode ser apresentada ao público de forma explícita, como ocorre com personagens heterossexuais.

“Em Família” trouxe à tona ainda, outro tipo de questão e tabu a ser avaliado e discutido em relação à homoafetividade: as incidências do machismo, do determinismo biológico e da dominação masculina, sobre a relação homoafetiva entre mulheres. Casais homossexuais masculinos, foram e são exibidos na TV de forma que o grande público os acolha (mesmo que com algumas restrições), como no caso da novela “Amor à Vida”, porém, a relação entre duas mulheres apresenta maiores restrições no meio social, o que se reflete na ficção.

De fato, a imagem da homossexualidade e o debate sobre a família homoparental ganharam espaços significativos na sociedade brasileira, sobrepondo o estereótipo aos questionamentos de outras representações. Porém, ainda há um longo caminho a ser percorrido, onde a representação social da homoparentalidade seja respeitada e aceita como família, sem pré-conceitos negativos e esteriótipos.

A família homoparental teve de enfrentar ao longo das décadas, diversas formas de preconceito social, revelados através dos discursos e comportamentos da sociedade em relação a esta forma de ser família.

Contudo, é possível perceber através da história, da sociologia, da antropologia, do direito e da psicologia social que a família homoparental vem ganhando espaço nos meio sociais, reivindicando direitos constitucionais, buscando o respeito e aceitação social como instituição familiar, porém, através de muitas lutas sociais.

A Tv aberta, como meio de comunicação social de amplo alcance em nossa sociedade bem como jornais, revistas e a internet, vem abrindo espaço em sua programação e páginas para a temática da homossexualidade e homoparentalidade, levando assim ao grande público, a possibilidade de debater e problematizar a respeito destas temáticas no meio social.

A partir desta visibilidade e veiculação

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