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ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA DO PROFESSOR: ABORDANDO A MELHORIA DO ENSINO E APRENDIZAGEM

Por:   •  14/9/2018  •  5.058 Palavras (21 Páginas)  •  270 Visualizações

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na utilização, a sua relevância.

Sampaio e Leite (2010) fazem um trabalho de catalogação de conceitos. Elas discutem os possíveis usos das tecnologias relatando a visão de diversos autores e estudiosos da área, mostrando a relação entre tecnologias e o homem, escola, sociedade. Dentre os autores que elas trazem, e que tratam da discussão das tecnologias da informação (Tic), é possível destacar em breve síntese:

Marcuse em 1967 defendia superação para o que parecia ser o momento em que as tecnologias dominavam o homem, com caráter desumano. Ferkis em 1972 aponta que as tecnologias sozinhas não podem acabar com as desigualdades sociais consequentes do capitalismo, ressaltando a necessidade do homem dominar as tecnologias e não o contrário. Morais em 1978 mostra preocupação com a desigualdade de distribuição que os benefícios das tecnologias trazem, ressaltando a necessidade da reflexão crítica. Fromm em 1984 chama atenção à necessidade das tecnologias serem postas a serviço da humanidade e não ao grupo da elite. Silva J. em 1992 destaca a máquina realizando trabalhos que anteriormente eram exclusivos do homem. Parente em 1993 amplia a discussão e descreve tecnologias como produtoras e produtos da subjetividade humana. Borheim em 1995 fala sobre a robotização do homem, afirmando existir a pedagogia da máquina. Como é possível constatar, a tecnologia e sua utilização ao longo dos tempos levantam pensamentos opostos que apontam preocupação com o resultado dessas tecnologias na sociedade.

A discussão que tenta entender a tecnologia acaba suscitando questionamentos sobre possíveis “impactos” que estas possam causar. Lévy (2000) afirma que metaforizar “tecnologias” e “impactos” é inadequado. O autor não concorda com “impactos das tecnologias na sociedade”, pois tecnologia seria o produto da sociedade e cultura, aliado a técnica ou técnicas. Não podendo se falar de apenas uma técnica de forma geral e nem atribuir sentido único para esta, já que as situações são diferentes, as necessidades são diferentes. Exemplificando: a máquina a vapor pode ser entendida como escravizadora dos homens, já os computadores como um facilitador da comunicação; ambas são máquinas, porém com intenções diferentes.

Lévy também afirma que devido a ausência de estabilidade no domínio das tecnologias da informação, existe a dificuldade de analisar de forma concreta as implicações sociais e culturais. As técnicas determinam a sociedade e a cultura? Para ele a tecnologia condiciona, mas no final, não se trataria de avaliar impactos, e sim de situar irreversibilidades. Se fosse obrigatório caracterizar em positivo ou negativo os tais impactos das tecnologias, Lévy diz que aqueles que executam as técnicas seriam os responsáveis pelo sucesso ou fracasso, e não a técnica em si mesma.

1.2 Tecnologias e as gerações contemporâneas

Devido ao processo de globalização e ocorrência acelerada de mudanças é importante conhecer como cada uma dessas gerações se formou numa construção de cenário mundial, identificando quais as influências sócio-históricas que as constituíram. Não se trata apenas de fazer comparações, visto que cada uma se prende com diferentes circunstâncias e contextos e são derivadas de diferentes tempos e sociedades, mas de concebê-las num processo de reconhecimento das diferenças, vivenciado pela diversidade de gerações. (DOS SANTOS et all, 2011).

Existem perfis dentro da geração contemporânea. Autores que pesquisam esses perfis não convergem sempre para o mesmo período quando datam cada um deles, mas de forma geral têm-se o seguinte: (i) Tradicional ou Veteranos são os nascidos antes da Segunda Guerra Mundial; (ii) Baby Boomers, pós veteranos, geração que faz referência às crianças nascidas durante uma explosão populacional entre a década de 40 e 60. O nome remete ao Baby Boom, termo em inglês, que se traduz em “explosão de bebês”. É a geração que cresceu em frente à TV, em sua maioria possui padrão de vida estável, sofrem poucas influencias de marcas em momentos de compras; (iii) Geração X, composta dos filhos dos Baby Boomers e da Segunda Guerra Mundial, são pessoas que nascem entre os anos 60 e 80. Tem como características a busca pelo direito, maior valorização ao sexo oposto, procura de liberdade; (iv) Geração Y, ou geração de Millennials, ou geração Next. Eles são os filhos da geração X, netos da geração Baby Boomers. Nascem entre 1980 e 2000. É uma geração multitarefa. Procuram informação fácil e imediata, fazem uso de redes digitais de relacionamento, preferem computadores a livros; (v) Geração Z, tem como característica fundamental ser formada de indivíduos conectados, que fazem uso constante de dispositivos tecnológicos portáteis. São rápidos. Serão os grandes consumidores de tecnologias da comunicação dos próximos anos; (vi) Geração Alfa, a última das gerações contemporâneas, abarca os nascidos a partir de 2010, fazem parte de uma nova realidade, onde tudo é interativo (VELOSO; DUTRA; NAKATA; 2008).

Corroborando com as afirmações supracitadas, Sampaio e Leite (2010) sintetizam que existe uma nova cultura urbana, audiovisual, dinâmica, multitarefa, com forma de se expressar diferente e com igualmente diferente forma de ver o mundo, esses novos “agir e pensar” estão intrinsecamente ligados aos jovens atuais. Esses jovens tem domínio da eletrônica, sua percepção visual é alta, mas em contrapartida existe um desprezo pela escrita. Eles são mais emocionais, mais gestuais, mais sinestésicos.

Em 1976 Michel tardy escreveu:

A nova geração nasceu num universo invadido pela imagem: esta sempre fez parte do seu horizonte cultural. Em contrapartida, os adultos que desejam interessar-se seriamente pelas imagens são obrigados a fazer uma verdadeira conversão mental e vivem dolorosamente um processo laborioso de aculturação. (TARDY, 1976, P.26)

A afirmação de Tardy serve para revelar como as antigas gerações contemporâneas (Baby Boomers, X), podem se encontrar dentro da realidade das novas gerações contemporâneas (Y, Z, Alfa). Todavia, a afirmação também poderia ser utilizada para representar a realidade de escolas que ainda insistem em ignorar os avanços tecnológicos, com professores que ensinam fazendo uso dos mesmos recursos disponíveis anos atrás, com aulas basicamente expositivas, mesmo sabendo que a aprendizagem pode ocorrer de diversas formas mais atraentes. Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, também trazem essa preocupação:

É natural, portanto, que na escola também existam muitas dúvidas, indagações e receios por parte dos professores, coordenadores,

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