O estrangeiro e o estranho em Rawet: análise do conto Gringuinho
Por: Kleber.Oliveira • 6/6/2018 • 7.248 Palavras (29 Páginas) • 361 Visualizações
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a constatação da
relevância da obra do autor na denúncia das
adversidades vividas pelos imigrantes no Brasil.
Nessa perspectiva, a discussão de temas
recorrentes como a inclusão do imigrante e o
preconceito social e linguístico faz-se
imprescindível para a sociedade contemporânea,
já que a globalização tem diminuido as fronteiras
territoriais, determinando um cenário cada vez
mais multicultural, que deve repudiar qualquer tipo
de discriminação.
O objeto de pesquisa selecionado foi o
conto “Gringuinho”, que compõe o livro Contos do
Imigrante, lançado pelo autor Samuel Rawet em
1956. Para o desenvolvimento da pesquisa, o
método empregado foi o de pesquisa bibliográfica,
através da revisão da literatura em livros, artigos,
dissertações e teses. A seleção deste
procedimento metodológico se deu pela
possibilidade que traz da análise crítica,
exploratória e descritiva do objeto de pesquisa,
sugerindo um trabalho investigativo minucioso, a
revisão constante do material bibliográfico e a
observância sistemática das etapas constantes em
todo o processo da investigação científica.
A seleção e o tratamento do material obtido
no levantamento bibliográfico se configuram
também como etapas relevantes no processo
investigatório e propiciam o confronto entre as
informações obtidas e a reflexão críticointerpretativa
do autor, atendendo os objetivos da
pesquisa em questão.
Uma breve reflexão sobre Teoria Literária
Na história da literatura, atribui-se a
Aristóteles a primeira divisão clássica dos
gêneros. Na obra Poética, elaborada entre 335 e
323 a.C., o filósofo grego postula as
características que definem a lírica, a épica e a
dramática como gêneros literários privilegiados,
inspirando notadamente todas as classificações
que viriam posteriormente.
Nessa perspectiva, podemos considerar
que:
[...] As três espécies maiores encontram-se já
distinguidas em Platão e Aristóteles consoante a
‘maneira da imitação’ (ou da ‘representação’): a
poesia lírica é a persona do próprio poeta; na
poesia épica (ou no romance) o poeta, em parte,
fala na sua própria pessoa, como narrador, e, em
parte, faz as suas personagens falarem em
discurso directo (narrativa mista); no drama, o
poeta desaparece por trás do elenco das suas
personagens (WELLEK; WARREN, s.d apud
LOPES, 2010, p. 4).
Depreende-se então que desde a
antiguidade, a epopeia ou narrativa se configura
como uma das formas mais populares do homem
se expressar e se relacionar com seus pares.
Esse gênero literário traz em sua essência um
traço intrínseco do ser humano: a capacidade de
narrar fatos e relatar acontecimentos vivenciados
ou não por ele. “[...] A narrativa, com efeito,
representa a interacção do homem e do meio
histórico e social que o integra [...]” (AGUIAR E
SILVA, 1973, p. 239) e busca retratar a totalidade
da vida e a complexidade da existência humana.
O gênero narrativo está presente em grande
parte das produções contemporâneas e se
estabeleceu como um dos principais modos de
organização de textos escritos, sendo “[...] aquele
em que o artista utiliza o método indireto de
interpretar a realidade por meio de uma estória
que a incorpora [...]” (COUTINHO, 2008, p. 49).
Para que uma narrativa se concretize
enquanto gênero e alcance todos os objetivos
almejados, tanto em termos literários quanto
linguísticos e temáticos, “[...] procurando cumprir
as variadas funções socioculturais atribuídas em
diferentes épocas às práticas artísticas.” (SALES;
FURTADO, 2009, p. 15) é fundamental que se
tenha a articulação de todos os elementos
estruturais e estilísticos que a compõem: enredo,
personagens, tempo, espaço e narrador. Faz-se,
portanto indispensável a análise minuciosa desses
elementos diante da relevância dos mesmos para
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