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O Menino sem olhos - Análise do conto

Por:   •  12/4/2018  •  1.332 Palavras (6 Páginas)  •  413 Visualizações

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as desfazer. De seguida, é a vez do demónio de narrar as suas acções: “Eu já fiz obra maravilhosa, já fiz com que tirasse os olhos um irmão ao outro; também já há três dias que tenho feito com que uns bem-casados se dêem mal”. As bruxas perguntam como se poderia resolver a situação, e o menino, atento, logo trata de restaurar a sua visão. É curioso ver que é com as folhas da mesma árvore em que estava escondido que ele consegue recuperar a sua visão, fortalecendo o simbolismo da “árvore-mãe”.

As bruxas, embora normalmente proporcionadoras de obstáculos e maleitas, têm uma função diferente neste conto. Apresentam-se, pelo contrário, como figuras de libertação, na medida em que expõem a forma de resolver os problemas que criaram. E, por conseguinte, levam a que o menino consiga resolver os problemas que elas criaram. O demónio, mostra-se como uma figura de destruição de relações humanas entre dois elementos: os irmãos e um casal. O número dois, símbolo associado ao equilíbrio, é corrompido por esta terceira figura. Enquanto que as bruxas actuaram a um nível mais “geral” (cortando as águas a França, enfeitiçando um rei e criando a aflição por toda a família real), o demónio escolheu relações significativas para arruinar a seu bel-proveito.

O encontro destas personagens numa ponte não é coincidência: a ponte é um elo de ligação entre dois polos opostos. Neste caso, representa a relação dicotómica entre o bem e o mal, dois dos caminhos passíveis de serem seguidos. O menino, contudo, centra-se em fazer o bem.

O refúgio na árvore, trouxe à personagem principal as ferramentas necessárias para fazer o bem. E o bem, nos contos tradicionais, é compensatório. O menino viajou e tratou de desfazer todos os feitiços das bruxas e do demónio. O rei de França como forma de agradecimento deu-lhe dinheiro; o rei que estava doente prometeu-lhe a sua filha com quem ele veio a casar, e aquando da morte do sogro, tornou-se ele próprio rei do palácio.

No final do conto, curiosamente, o irmão mais velho, chegado da viagem que ambos encetaram no início do conto, chega ao palácio do irmão. O irmão mais novo, sabendo quem ele era, questiona-lhe acerca da sua família e do porquê de ter cegado o seu próprio irmão. Perdoa-lhe o erro, visto ter conhecimento de ser obra do demónio, e deixa que viva com ele no palácio.

Não deixa de ser curiosa a benevolência do irmão mais novo em perdoar o mais velho que de tudo fez para sabotar o seu caminho. Podemos ver esta decisão por dois prismas: o irmão mais novo acreditou realmente ser obra do demónio – o que é perfeitamente viável, já que assistiu à reunião de bruxas – ou, por outro lado, não conseguiu resistir em perdoar um membro da sua família.

Obviamente que neste conto, embora com fortes conotações psicológicas, as questões são abordadas de uma forma mais simplista e não tão profunda quanto à analise que me propus a realizar. Posto isto, é mais do que claro que o irmão mais novo perdoou o mais velho por saber que a sua maldade fora obra demoníaca, não fosse a “fantasia” ter um lugar tão marcado nos contos tradicionais.

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