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Relatório de Estágio

Por:   •  12/3/2018  •  12.692 Palavras (51 Páginas)  •  239 Visualizações

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A teoria deve também oferecer aos professores perspectivas de análise para compreender os contextos históricos, sociais e culturais, organizacionais e de si mesmos como profissionais, nos quais se dá sua atividade docente, para neles intervir, transformando-os.

Para tanto, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica norteiam o ensino das diversas disciplinas escolares e apontam como conteúdo estruturante de Língua Portuguesa o discurso como prática social, cuja sistematização está embasada nas práticas discursivas: A prática da leitura, a prática da escrita e a prática da oralidade e, perpassando todas elas, a prática da análise linguística.

A prática de análise linguística constitui um trabalho de reflexão sobre a organização do texto escrito e/ou falado, um trabalho no qual o aluno percebe o texto como resultado de opções temáticas e estruturais feitas pelo autor, tendo em vista o seu interlocutor. Sob essa ótica, o texto deixa de ser pretexto para se estudar a nomenclatura gramatical e a sua construção passa a ser o objeto de ensino. Assim, o trabalho com a gramática deixa de ser visto a partir de exercícios tradicionais, e passa a implicar que o aluno compreenda o que seja um bom texto, como é organizado, como os elementos gramaticais ligam palavras, frases, parágrafos, retomando ou avançando ideias defendidas pelo autor, além disso, o aluno refletirá e analisará a adequação do discurso considerando o destinatário e o contexto de produção e os efeitos de sentidos provocados pelos recursos linguísticos utilizados no texto. ( DCE, 2008 p.24)

A prática desse trabalho na escola ainda não é tão comum, há certa resistência de alguns professores ao trabalhar a gramática dessa forma contextualizada, e continuam com o uso da gramática tradicional de repetições de regras, com frases isoladas.

O exercício de análise linguística na sala de aula é uma maneira de trabalhar a gramática a partir da produção do aluno, priorizando suas necessidades e tendo em vista sempre o interlocutor do texto.

De acordo com os PCNs, a prática de análise linguística na sala de aula, “não é uma nova denominação para o ensino de gramática”, pois é a partir dela que se toma o texto como unidade de ensino, além dos aspectos ortográficos e sintáticos a serem considerados, considera também os aspectos semânticos e pragmáticos que enquadram o texto em determinado gênero discursivo/ textual. Dessa forma, os referenciais assumem uma perspectiva contrária à tradição gramatical, que analisa unidades menores como fonemas, classes de palavras, frases, raramente chegam ao texto e reproduz a “clássica metodologia de definição, classificação e exercitação” (PCNs, 1998: 29).

Para Geraldi (2003), a análise linguística seria, então, ao lado da leitura e da produção de textos, a unidade de ensino em que se analisam os recursos expressivos da língua, considerada esta como uma produção discursiva. Assim, o trabalho com a análise e reflexão da língua, constitui-se como uma prática fundamental para que os alunos aprendam a Língua Portuguesa refletindo sobre seus diversos usos. Assim como Geraldi (2006), os PCNs explicitam que as atividades de análise linguística tomam determinadas características da linguagem como reflexão, têm o texto como unidade básica de ensino e podem ser classificadas quanto aos seus fins, em duas categorias: "atividades epilinguísticas e atividades metalinguísticas".

Geraldi (2006) aponta que as atividades de natureza metalinguística levam à construção de noções com as quais é possível categorizar os recursos utilizados na produção de textos, bem como saber a partir de quais elementos gramaticais se dá "a costura" entre as partes do mesmo.

Para que a análise linguística tenha um sentido maior para os alunos, é preciso trabalhar as outras práticas discursivas presentes no dia a dia dos alunos, a prática da leitura, a prática da escrita e a prática da oralidade.

No processo de ensino-aprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações.

A leitura é produção de sentidos e não simples reconhecimento deles. Um texto nunca está pronto, pois, a cada leitor e a cada nova leitura, um texto significa e ressignifica de diferentes modos. Um bom texto é aquele que está sempre levando o leitor a incorporar novos sentidos à sua leitura.

Para Geraldi (1991), o sentido do texto advém de um bordado do qual o encontro dos fios tecidos pelo autor e pelo leitor é que produz o sentido da leitura. Ler é um lugar de encontro, encontro concreto das diversas leituras que materializam o texto escrito. “Não se trata, pois, de textos buscados por sujeitos que, querendo aprender, vão a eles cheios de perguntas próprias. [...] Não há perguntas prévias para se ler. Há perguntas que se fazem porque se leu” (p. 170). O autor defende que é do dever da escola proporcionar esse encontro real; entretanto, quando um texto é lido em sala de aula, ele acaba acompanhado de propostas de trabalho que o tornam um meio de realização de operações mentais, quando que, ao contrário, ele deveria ser um meio de produzir conhecimentos por operações mentais.

O trabalho com a leitura na escola deve se dar sempre em busca da produção e apreensão de sentidos, para isso é preciso ler o texto para escutá-lo, “não para retirar dele uma resposta pontual a uma pergunta que lhe é prévia, mas para retirar dele tudo o que ele possa me fornecer” (GERALDI, 1991, p. 172). O “querer saber mais” é sempre imprescindível, porém não se devem esperar respostas prévias. Qualquer nova contribuição que o texto trazer para o conhecimento de quem o lê já deveria estar atendendo o objetivo da leitura em ambiente escolar. Infelizmente, tal concepção sobre a prática de leitura na escola ainda é pouco constatada, o texto, na escola, ainda é visto como pretexto para muitas outras atividades que não envolvem a leitura por si

Trabalhar com essas práticas na sala de aula é de fundamental importância para que os alunos reflitam sobre o texto e ampliem suas possibilidades de leitura e escrita.

- CARACTERIZAÇÃO DAS ESCOLAS

Estágio de Observação

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