Auto da Barca do Inferno
Por: Rodrigo.Claudino • 26/9/2018 • 3.851 Palavras (16 Páginas) • 291 Visualizações
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Anjo:Desculpe, mas não embarcamos arrogância e tirania.
Fidalgo:
Para uma pessoa de tanta nobreza não há, cortesia?
Anjo: Essa barca e muito pequena e estreita para essa grande personalidade nobreza. Na outra barca há muito mais espaço,
vá até lá.
Fidalgo: Não creio o Anjo me rejeitou, depois de tantos dotes dados aos padres e bispos na esperança de gozar das riquezas do céu. Ao menos passei minha vida aproveitando das minhas luxuosas mansões, tomando vinhos caros, comendo as vagabundas.
Voltando a barca do Diabo com um sorriso no rosto, Fidalgo diz: Abaixe essa prancha, eu irei nessa espelunca!
Diabo com ar de deboche diz: Embarque docinho.
Aqui você remara até o inferno.
Fidalgo da dois passos pra traz: Mas acame-se tenho um derradeiro desejo, quero voltar a outra vida,
ver minha dama, que deixei chorando, no meu caixão dizia que se mataria para vir ao meu encontro.
Diabo: Tá me achando com cara de Gênio da lâmpada do Aladim seu imbecil. E quem lhe disse que aquela puta se mataria... e ainda por cima, que se mataria por você.
Fidalgo: Disso estou certo! Por que esse tom de ironia?
Diabo: Nossa que corno mais ridículo e idiota, é de uma imbecilidade que nunca se viu igual!
Fidalgo: Quanta petulância ao dizer isso! Ela me escrevia mais de mil cartas!
Diabo: Quantas mentiras ela te escrevia. Enquanto escrevia as castas rebolava para vários homens. E você... Morrendo de amores! Ai aí!
Fidalgo: Mas se me permitir vê-la agora, provarei que seu amor é do mais puro e verdadeiro.
Diabo: Você acha? Ela não quer te ver, se o visse ai que a biscate enfartava. Quando ela rezou hoje, seus gritos foram para dar graças infinitas porque quem a assombrava finalmente morreu.
Fidalgo:Mas ela chorou minha morte!
Diabo:
E quem disse que não era choro de alegria?
Fidalgo:E as lastimas que ela dizia?
Diabo: Sua mãe lhe ensinou a atuar... E ensinou
tão bem que você muito trouxa se deixou enganar. Entra meu caro fidalgo, põe seu pezinho aqui.
Fidalgo: Puta que a partiu!!!!!!!!
Diabo: Ora senhor descanse sua língua, de uma volta no convés e suspire. Logo vira mais gente.
Fidalgo: Ó barca, como você é quente. Maldita é a pessoa que aqui embarca.
A seguinte figura que aparece um pouco depois é um Agiota que se chamava Maciota, ele traz consigo um bolsão cheio de dinheiro. Ele avista uma bela mulher e se dirige até ela.
Maciota: Para onde a barca vai?
Diabo: Preciso colocar uma placa na barca.
Oh! Que má hora você veio,
meu querido parente. Porque chegou tão tarde?
Maciota: Não queria ter vindo,
adoraria ter vivido um pouco mais.
Mas você acredita, não consegui trazer todo o meu rico dinheirinho, hehehehe.
Diabo: Óra, mas isso me espanta!
Não se livrou de todo dinheiro?
Maciota: Só lamento porque o banqueiro não ter me dado mais.
Diabo já cansado daquela conversa disse: Ora entre aqui!
Maciota: Não vou embarcar!
Diabo: Hora essa por que não?
Maciota: Faleci a muito pouco tempo, me deixa ir buscar o resto da minha fortuna. Mas espera, uma coisa que não me disse é para onde essa barca vai.
Diabo: Para onde você merece ir.
Maciota: Vamos partir logo?
Diabo: Se você calar a boca e entrar de uma vez, sim!
Maciota: Mas qual será o destino da barca?
Diabo diz com orgulho: Pra buceta da sua mãe que não é. Pro Inferno, caralho hein!
Maciota: Cof’! Não vou nessa barca!
O Agiota sai correndo deixa o Diabo falando sozinho.
O Agiota vai até a barca do anjo.
Maciota: Ei, Ei, O dai de dentro! Você vai partir logo?
Anjo: E aonde você quer ir?
Maciota: Pro paraíso hora que pergunta mais tola.
Anjo: Eu tô é fora de te levar pra lá, a outra barca te levará e o destino dela lhe aguarda.
Maciota: Porque?
Anjo: Porque esse bolsão vai tomar todo o navio
Maciota: Juro a Deus que o levo vazio!
Anjo: Mas esse peso você já carrega no coração.
Maciota de cabeça baixa, torna à barca do inferno e diz:
Abra a porta, deixe-me entrar.
Diabo o chama como se fossem velhos amigos: Entra, Entra. E você também vai remar.
Entrando o Maciota no batel, onde achou fidalgo embarcado:
Maciota: Nossa Senhora de Fátima!
Uma pessoa de tão alto poder aqui?
Vem João, um PARVO, isto é, um homem tolo, sem malícia. Aproxima-se da barca do Inferno e diz ao DIABO:
Parvo: Ou, Ou, da barca!
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