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RELATOS DAS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DE ESTÁGIO EM LÍNGUA PORTUGUESA: DO MESMO LADO DA RUA, ENTRE O SABER E O SENTIR

Por:   •  6/5/2018  •  6.906 Palavras (28 Páginas)  •  337 Visualizações

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O estagio como cenario de construção da identidade do sujeito-acadêmico, estagiário e quase, que na construção da identidade contou com elementos culturais, sociais, políticos da comunidade que vivenciou, influenciou e foi influenciado na compreensão de uma identidade em construção que diante de um conjunto de possibilidades constrói e sua identidade. Podendo em Iara Maria José Coracini ser representado:

[...] fragmentos esses que nos precedem e que recebemos como herança e que, por isso mesmo, sofrem modificações, transformações. De modo simplificado, poderíamos dizer que a memória, portanto, o interdiscurso são as inúmeras vozes, provenientes de textos, de experiências, enfim, do outro, que se entrelaçam numa rede em que os fios se mesclam e se entretecem. Essa rede (tecido, tessitura, texto, melhor dizendo, escritura) conforma e é conformada por valores, crenças, ideologias, culturas que permitem aos sujeitos ver o mundo de uma determinada maneira e não de outra, que lhes permitem ser, ao mesmo tempo, semelhantes e diferentes; essa rede se faz corpo no corpo do sujeito, (re)velando marcas indeléveis de sua singularidade. CORACINI(2007, p. 22)

Neste espaço de construção e afirmação de identidade profissional e escolha definitiva da profissão como o contato e vivencia com uma comunidade de periferia que nasceu a proposta de construção desse instrumento que objetiva a socialização do conhecimento, das formas encontradas para superar obstáculos, dos relatos primeiros de suas experiências em uma escola pública na periferia de Campo Grande, Capital do Estado de Mato Grosso do Sul.

- SUJEITO ESTAGIÁRIO PROFESSOR

É dentro do contexto que somos apresentados a profissão, onde o estágio obrigatório insere o sujeito acadêmico quase professor diante da profissão. Partindo do principio da construção de uma relação de encontro com as práticas pedagógicas que vai desde as mais arcaicas as consideradas modernas, a falta de recursos materiais, os espaços físicos depressivos, a falta de interesse da comunidade, professores a beira de um ataque de nervos, os baixos salários, as jornadas de trabalho extenuantes e o risco de vida diário.

A professora de língua portuguesa Ana Flavia da Escola Sebastião Joaquim Bezerra (fictício) diante do caos da educação brasileira defende que os “profissionais da educação deveriam ter um adicional por risco de vida, inclusive seguro por morte”.

Paulo Freire na sua lucides e capacidade ao mesmo tempo de ser lúdico, anuncia o papel profético do professor:

É por isso, repito, que ensino não é transferir conteúdo a ninguém, assim como aprender não é memorizar o perfil do conteúdo transferido no discurso vertical do professor. Ensinar e aprender tem que ver com o esforço metodicamente crítico do professor de desvelar a compreensão de algo e com o empenho igualmente crítico do aluno de ir entrando como sujeito em aprendizagem, no processo de desvelamento que o professor ou professor deve deflagrar. Isso não tem nada que ver com a transferência de conteúdo e fala da dificuldade, mas, ao mesmo tempo, da boniteza da docência e da discência. O desrespeito à leitura de mundo do educando revela o gosto elitista, portanto antidemocrático do educador que, desta forma, não escutando o educando, com ele não fala. Nele deposita seus comunicados. FREIRE (2011, p. 110)

A partir da Análise do Discurso que trata a identidade como produção discursiva onde o elemento sujeito professor esta inserido nos espaços sociais e políticos se apropriando do significar e resignificar-se, o discurso promove transformações que pode influenciar no prosseguimento, como também uma viagem proporcionando as alterações do homem e da realidade na qual vive, para Coracini (2003, p. 198) “a identidade é um “processo complexo e heterogêneo, do qual só é possível capturar momentos de identificação”, uma vez que os sujeitos são efeitos de várias forma-ções imaginárias”.

Portanto no processo de constituição de identidade do sujeito professor-estagiario caracteriza-se pelos momentos de identificar-se com o presente representado, pelo agora, o recente que se mostra desidentificar-se com o ontem, com o velho sistema de se viver. Em ORLANDI (2003, p. 49) a ideologia é responsável pela existência dos sujeitos e nosso imaginário, segundo o autor “não surge do nada, mas sim do modo como às relações sociais se inscrevem e são regidas na história por relações de poder”.

Tentando compreender o aluno universitário na atualidade e analisando a pesquisa realizada pelas Fundações Victor Civita (FVC) e Carlos Chagas (FCC) no ano de 2009 junto a alunos do ensino médio, disponível no site Nova Escola, constataram os seguintes dados: apenas 2% dos estudantes do Ensino Médio têm como primeira opção no vestibular, graduações diretamente relacionadas à atuação em sala de aula - Pedagogia ou alguma licenciatura, conforme gráfico a baixo:

[pic 1]

Fonte: Revista Nova escola 2009

Nos grupos de estudos e discussões para entender as razões da baixa atratividade da carreira docente, constata-se que apesar de reconhecerem a importância do professor, os jovens pesquisados afirmam que a profissão é desvalorizada socialmente, mal remunerada e com rotina desgastante.

Analisemos algumas respostas nos grupos de debates:

"Se por acaso você comenta com alguém que vai ser professor, muitas vezes a pessoa diz algo do tipo: 'Que pena, meus pêsames!” Thaís, aluna de escola particular em Manaus, AM.

"Se eu quisesse ser professor, minha família não ia aceitar, pois investiu em mim. É uma profissão que não dá futuro!” André, aluno de escola particular em Campo Grande, MS.

Segundo estimativa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep (2016), o país já sente a falta de interesse pela docência. A escassez de profissionais sem preparação na área leva a exercer a atividade cerca de 710 mil trabalhadores.

Bernardete Gatti, pesquisadora e supervisora do estudo da Fundação Carlos Chagas afirma:

"A queda de procura tem sido imensa. Entre 2001 e 2006, houve o crescimento de 65% no número de cursos de licenciatura. As matrículas, porém, se expandiram apenas 39%", afirma Bernardete Gatti, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e supervisora do estudo. O estudo indica ainda que a docência não é abandonada logo de cara

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