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O Realismo e Naturalismo

Por:   •  1/2/2018  •  1.902 Palavras (8 Páginas)  •  284 Visualizações

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2 - Realismo/Naturalismo na Europa

Na Europa o século XIX foi marcado por um profundo descontentamento com a classe burguesa. Um século depois da revolta contra os regimes monárquicos dominantes, a sociedade era dominada por uma nova classe abastada que pouco se aproximava das classes menos privilegiadas (scribd, 2016).

Em 1885 na França, Emile Zola escreve Germinal, que para alguns e considerada a melhor obra Naturalista da literatura europeia. Germinal baseia-se em acontecimentos verídicos. Para escrevê-lo, Émile Zola trabalhou como mineiro numa mina de carvão, onde ocorreu uma greve sangrenta que durou dois meses. Atuando como repórter, adotando uma linguagem rápida e crua, Zola pintou a vida política e social da época como nenhum outro escritor. Mostrou, como jamais havia sido feito, que o ambiente social exerce efeitos diretos sobre os laços de família, sobre os vínculos de amizade, sobre as relações entre os apaixonados. Germinal foi o primeiro romance a focar na luta de classes no momento de sua eclosão ( FNLIJ, 2000).

Em 1897 na França, Gustave Flaubert escreve sua obra máxima, Madame Bovary, que seria considerado um pioneiro dentro da escola Realista. A obra critica com sutil ironia a hipocrisia da educação sentimental burguesa. Essa obra foi tão incomoda para a classe dominante da época, que o autor foi levado a julgamento. O romance conta a história de Emma, uma mulher sonhadora pequena-burguesa, criada no campo, que aprendeu a ver a vida através da literatura sentimental. Bonita e requintada para os padrões provincianos, casa-se com Charles, um médico interiorano tão apaixonado pela esposa quanto entediante. Nem mesmo o nascimento da filha dá alegria ao indissolúvel casamento ao qual a protagonista se sente presa. Emma, cada vez mais angustiada e frustrada, busca no adultério uma forma de encontrar a liberdade e a felicidade. Apesar da intensa procura de uma vida digna, dificilmente consegue sentir-se satisfeita com o que é e o que tem (scribd, 2016).

3 - Realismo no Brasil

O início do movimento Realista no Brasil geralmente é atribuído ao ano de 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, que além de ser marco para o movimento Realista é considerado também um marco em sua carreira.

Memorias Postumas de Brás Cubas retrata a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar, inclusive, uma nova filosofia, mais bem desenvolvida posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo (filosofia fictícia), sátira à lei do mais forte (Castello, J.A 1969). Críticos escrevem que, com esse romance, Machado de Assis precedeu elementos do Modernismo. O livro influenciou escritores como John Barth, Donald Barthelme e Ciro dos Anjos e é notado como uma das obras mais revolucionárias e inovadoras da literatura brasileira. Mesmo depois de mais de um século de sua publicação original, ainda tem recebido inúmeros estudos e interpretações, adaptações para diversas mídias, inclusive três adaptações cinematográficas e traduções para outras línguas.

“No realismo o cientificismo era exagerado, algo que transformava o homem e a sociedade em objetos de experiências. A linguagem era simples, porém as descrições eram bastante minuciosas. Havia a preferência por temas polêmicos, como homossexualidade, crimes, adultério, miséria, problemas sociais, desejos sexuais etc. Mais importante, os realistas queriam reformar a sociedade e através de seus textos que denunciavam os problemas da época, tentando assim mudar um pouco o mundo em que viviam” (Castello, J.A 1969 Realidade e Ilusao pg. 67).

Isso se devia ao contexto histórico do Brasil, que no final do século XIX enfrentava crises relacionadas ao declínio da economia açucareira e o descontentamento com a escravidão.

O realismo sofria também a influência de movimentos políticos como socialismo, comunismo, anarquismo. Novos campos do conhecimento como a sociologia e a psicologia influenciaram também literatura.

4 - Naturalismo no Brasil

Naturalismo chegou ao Brasil no final do século XIX, assim como o realismo. Foi nessa época que, influenciados por escritores europeus, nossos escritores passaram a enxergar na literatura um instrumento de denúncia social, e não apenas um entretenimento para a classe média e para a elite brasileira.

O principal representante do Naturalismo no Brasil foi o maranhense Aluísio Azevedo. Em sua obra mais importante, O Cortiço, Aluísio condensou todos os ideais naturalistas ao mostrar como a influência do meio e a força dos instintos determinam o comportamento das personagens (Carvalho, A. 1894). Em outras obras do autor, como O mulato e Casa de pensão, é possível observar como a predestinação das forças sociais e naturais atua sobre o homem, em uma tentativa de validar, por meio da literatura, as teorias científicas que dominavam o pensamento filosófico em todo o mundo (Dilmas, A. 1980).

A literatura naturalista foi influenciada pelas leis científicas, ela construiu sua ficção ao tratar o homem como um objeto a ser cientificamente estudado, abandonando assim qualquer resquício da literatura romântica. Não se abusa metáforas ou subjetividade na literatura naturalista: a realidade é retratada tal qual é, e a linguagem aproxima-se da simplicidade do coloquialismo para que o leitor tente captar com exatidão as descrições feitas pelo narrador. O escritor assume uma posição de não envolvimento, de impessoalidade, introduzindo na literatura assuntos ligados ao homem, inclusive aqueles tidos como repulsivos, jamais abordados na história da literatura brasileira.

O naturalismo tenta comprovar por meio da ficção a validade de teses científicas deterministas, por isso alguns estudiosos não enxergam esse movimento como objeto verdadeiramente artístico. Os escritores que aderiram ao movimento tinham como principal intenção analisar de modo frio o comportamento humano e social, em um trabalho que se aproximava das experiências de laboratório, distante da concepção artística de literatura até então vigente.

5 - Diferenças e semelhanças entre o Realismo e o Naturalismo

O Realismo e o Naturalismo possuem diferenças relevantes em vários aspectos, no Realismo você tem romance documental, apoiado na observação e na análise. A investigação da sociedade e dos caracteres individuais é feita “de dentro para fora”, por meio de análise psicológica capaz de abranger sua complexidade, utilizando a ironia, que sugere e

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