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Resenha - "O retorno de Martin Guerre".

Por:   •  26/10/2018  •  1.568 Palavras (7 Páginas)  •  803 Visualizações

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Anos se passaram e Pierre continuou a reunir provas de que Martin era um impostor. Um novo escândalo surge quando Guerre é acusado de atear fogo em uma fazenda vizinha, é quando Bertrante, aflita, se vê obrigada a voltar ao lar de sua mãe. O novo Martin, já rpeso, vem a ser descoberto por Pierre, que juntou informações sobre sua verdadeira identidade. Bertrante, que sabia de toda a verdade, continuou a amar e cuidar do novo Martin, enviando suprimentos a ele, que se encontra preso em Rieux. O caso de Martin chegou aos juízes de Rieux, já que não fora resolvido em Artigat. A corte deveria ser capaz de trazer à tona a verdade sobre Martin Guerre após os depoimentos dos aldeões sobre o caso. Durante as fases do julgamento, diversas pessoas depuseram contra o novo Martin, alegando o conhecer como Arnaud, inclusive alguns familiares. O padrasto e mãe de Bertrante queriam, a todo custo, a morte do impostor. Mas Arnaudo, com sua boa memória, foi capaz, até mesmo, de descrever as roupas que os convidados haviam usado no casamento do verdadeiro Martin.

Os presidentes e juízes do Supremo Tribunal de Toulouse era constituído pela elite rica e cultivada. A câmara criminal era composta por um grupo de dez a doze conselheiros. Com Arnaud detido, Bertrante procurava provar aos juízes que não fora cumplice do impostor e, mesmo podendo trair Arnaud contando uma história que ele não conhecesse, a esposa se manteve fiel as versões ensaiadas pelo casal. Próxima de ser declarada a sentença de Tilh, um homem com uma perna de pau se apresentou ao tribunal alegando ser Martin Guerre e pedindo para ser ouvido. Sua família o reconheceu como verdadeiro e comemorou o seu retorno. Bertrante o abraçou em seu reencontro e pediu perdão pelos ocorridos, por se deixar levar por Arnaud du Tilh, mas Martin a culpa por todo o ocorrido dentro de sua casa. Após o reconhecimento do verdadeiro Martin Guerre, Arnaud foi condenado a confissão pública e a pena de morte por enforcamento, seguido da cremação de seu corpo. Bertrante não fora processada, pelo contrário, aceitaram sua boa-fé como uma mulher frágil. O mesmo para Martin, embora tenha cometido o crime de abandono, para os juízes, a perda de uma de suas pernas durante os combates já bastava como punição. O casal e as filhas voltam, então, a viver como uma família.

Jean de Coras, que participou do julgamento de Arnaud du Tilh atuando no tribunal, escreveu sua própria versão da história do homem que fora queimado. Chegou ao ápice de sua carreira com o protestantismo, assumindo o cargo de juiz em La Tournelle. Posteriormente, Coras fora assassinado em frente ao Tribunal, mas continuou tendo seu livro publicado, onde o mesmo passou a ser citado entre os estudantes de Direito.

Em sua obra, a historiadora Davis nos conta um fato ocorrido em meados de 1550. Mas Davis coloca um dos personagens escrevendo sua própria versão do relato, vindo a distorcer e até inventar algumas informações. No livro, Jean de Coras escreve sobre Arnaud du Tilh comparando suas semelhanças e qualidades. Um historiador não pode inventar, seu papel é narrar a história da forma em que ela ocorreu, ou próxima dela. Davis se sentiu inspirada a escrever o livro logo após ler o roteiro do filme, ela sentiu uma necessidade de contar o que realmente havia acontecido de uma forma detalhada, e a historiadora garante que as histórias contadas foram todas retiradas de fontes reais, segundo a mesma nada fora inventado. Entretanto, o livro nos leva a fazer várias reflexões históricas, como, por exemplo, sobre o que realmente aconteceu, se tratando de história, temos também o fato da religião sempre ter sido relevante nas grandes decisões, a forma como as mulheres eram, e ainda são, classificadas como frágeis, o que, de certa forma, é provado ao contrário com a dupla personalidade de Bertrante. Natalie buscou contar o passado de uma outra forma, o fato de Arnaud du Tilh ter vivido por anos como outro homem traz um questionamento sobre o real significado de identidade, o que é verdade, o que não é, quem realmente são os bons e quem são os vilões.

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