Resenha "O Roubo da História" Jack Gody
Por: kamys17 • 6/11/2018 • 2.430 Palavras (10 Páginas) • 336 Visualizações
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Dá ênfase a Constantinopla discorrendo sobre seu desenvolvimento e as grandes cidades do oriente suas vidas política, urbana, artística e intelectual em níveis centralizados e elevados e o apoio agricultura, expansão de seus “mercados” em várias direções.
Ele apresenta ainda, uma perspectiva de longa duração mais abrangente para a estrutura mediterrânica, salientando sua composição, bem como origens da sua infraestrutura material, comercial ou militar. Na questão da medicina faz menção de Avicenas e a mercantiliza dos Rufolos de Ravello em Amalfi sem descartar o caráter distinto da experiência carolíngia, que tampouco poderia ser considerada como padrão para avaliação da experiência feudal japonesa ou isolada dos seus aspectos de complementaridade, principalmente nos campos do conhecimento e da economia para e com os mundos islâmico e oriental.
Mostra a similaridade moderna do que foi a Pérsia para a historiografia antiga de base helicentrista e maniqueísta, identificando uma categorização teológica de vieses superficiais, ideológicos, abstratos e contrastantes ao invés de práticos, complementares, semelhantes e paralelos. inovações no campo militar, tal como a utilização de tropas regulares e o fabrico da pólvora, o autor finaliza a primeira parte do livro comentando sobre a Turquia.
Na segunda parte do livro, O Autor analisa três grandes historiadores Joseph Needham, Norbert Elias e Fernand Braudel.
Esses autores abordam de diferentes formas uma Europa superior, após a Revolução Industrial no fim do século XVlll ou após a Renascença do século XVl . E por opinião própria, acredita que eles estejam equivocados, no sentido de que hajam falhas nessas perspectivas, pois ou eles estão privilegiando a Europa - como um recorrente , eurocentrismo - ou tem visão de um passado exclusivo europeu. Ele faz uma grande crítica à visão desses autores, e até chaga a dizer que "Distorcem a história mundial em vez de iluminá-la". Ou seja, deixam de analisar a história mundial como um todo, e passa-se colocar a Europa como centro de civilização e desenvolvimento reduzindo os demais apenas como participantes de um desenvolvimento exclusivo, europeu.
A visão sobre as artes do Renascimento, é muito mais que simples artes, ela servia de base para o imperialismo europeu so século XIX. Mas a Europa tinha em sua cultura artística, muito da arte chinesa, no entanto a maioria dos historiadores rejeitam um influência, relevando apenas a arte grega como "ideal de beleza".
Outro fator que os levaram a afirmar a inferioridade da China perante à Europa era a ausência de termos como "modernidade" e capitalismo o que viria a ser considerado um atraso, incapaz de alcançar os avanços europeus dos séculos anteriores.
Sem dúvidas, a Renascença de fato liderou cronologicamente a "modernidade" e a "ciência moderna" no ocidente, o problema é a singularidade de tais fatos, quando mesmo a "modernidade" sendo algo ocidental não há clareza nos critérios para ser surgimento.
Para Needham as realizações da Renascença não estavam confinadas apenas a arte, mas também na educação, nas atividades mercantil e administrativo e etc. As universidades se desenvolveram mais cedo possibilitando a aceleração do crescimento e desenvolvimento das mesma. Com a invenção europeia de mecanização e industrialização da escrita,foi fundamental para o desenvolvimento e a transmissão da informação em outros meios segundo a visão de Needham, não somente sobre a Renascença, mas também sobre o desenvolvimento do capitalismo, não se trata apenas de um eurocentrismo, mas um "progresso", como diria Weber - outro protestante.
Durante cinquenta ano Needham pesquisou e documentou o crescimento da ciência chinesa em um estudo ou proporções épicas. mas esse período serviu não para um estudo aprofundado na ciência chinesa, mas para tentar desvendar como a China não foi a grande inventora das ciências modernas, já que era tão superior na ciência e na economia. Needham chega a escrever "nossa pergunta original era: por que a ciência moderna originou-se somente na Europa ocidental logo após a Renascença?" e acrescenta, "um trem pode esconder outro". Esse paradoxo tem sido chamado de problema de Needham.
Needham, insistia em tentar responder essas perguntas que originaram o problema de Needham, e algumas sugestões surgem, entre elas está a ideia de que professores como Roger Bacon, começaram a analisar sistematicamente a qualidade do mundo natural. Todavia com o crescimento do comercio oriental, inclusive do oriente médio islâmico, a Europa tende a voltar-se a sí mesma, consequentemente sofrendo um atraso em termos de comercio, conhecimento e invenções. Essa invenção dos povos orientais, incluindo da Índia e da China foi a salvação da Europa em termos de conhecimento. Trouxeram consigo suas invenções e seus ensinamentos, e repassaram aos povos europeus que recuperaram em alguns lugares de forma extraordinária. Em um curto espaço de tempo, a inferioridade perante o oriente foi superada. Uma outra explicação ou característica responsável pela recuperação europeia após a Renascença, foi a expansão da educação nas universidades e na escola.
Para Norbert Elias, o processo de civilização também tem caráter eurocêntrico, quando nas lutas o ocidente sempre é vencedor. Esse pensamento eurocêntrico não tem por objetivo somente apresentar momentos em que a Europa esteve em vantagem, mas interpretá-los como desenvolvimento exclusivo daquela civilização. No processo civilizador de Elias, começa com a seguinte frase: "é central para este estudo os modos de comportamento considerados típicos do homem ocidental civilizado", o que diz muito sobre a obra e os pensamentos de Elias, pois ele defende a tese de que a Europa não era civilizada no período "medieval-feudal", e que essa civilização só veio mais tarde, e que levanta questões "como era a vida na idade média?" "quais os fatores que levaram a Europa a um processo de civilização?" "como isso aconteceu?". Ele alega que houve uma mudança de mentalidade, de sentimentos de vergonha e delicadeza. Segundo ele, alguns povos ficaram infantilizados ou menos maduros que os povos do ocidente e por isso não alcançaram o processo de civilização de forma avançada, como eles. Elias acredita que para um desenvolvimento civilizatório, as pessoas devem procurar estar sempre em harmonia com os demais e não deixar-se levar pela emoção. Esse pensamento, está presente especialmente na literatura
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