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Resenha do Filma O quarto de Jack

Por:   •  16/7/2018  •  1.504 Palavras (7 Páginas)  •  388 Visualizações

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nele. Seria até mesmo ameaçado de morte caso não parasse com suas “maluquices”.

Fazendo uma analogia, o filme, no fundo, espelha essa situação do cárcere na caverna. Jack estava acostumado com sua única realidade (isto é, o quarto) e, por isso, para ele era muito difícil imaginar que havia um mundo cheio de cores, formas e sensações fora dali.

De certa maneira, essa situação também ocorre com a gente: quando estamos muito enraizados em uma determinada crença ou cultura, por mais que nos mostrem outras possibilidades, é muito difícil nos abrirmos a novos pensamentos. Mas, quão maravilhoso não seria se pudéssemos avaliar sempre novas possibilidades, novos desafios, novas oportunidades se nos déssemos essa chance todas as vezes que o medo do novo nos paralisasse?

Entretanto, sair da caverna, ou seja, deixar as velhas mentalidades, pode não ser algo muito agradável. Custa-nos abrir mão de toda uma vida construída com base em julgamentos e ilusões. Mas, ao perceber as possibilidades e um mundo novo ao nosso redor, podemos ter uma vida mais saudável e plena.

Para que isso seja possível, contudo, é preciso determinação e coragem para deixar a caverna e, acima de tudo, sustentar-se fora dela. O filme retrata claramente as dificuldades de adaptação de Jack e sua mãe após sair do quarto. E, por isso, Jack fala por diversas vezes que gostaria de voltar para lá. É comum nós também desejarmos voltar para uma posição mais cômoda, regressar para nossa zona de conforto quando nos vemos em situações que nos exponham demais ou que ainda não aprendemos a lidar.

Muitas vezes por isso é que é fácil, ou de maior comodidade, acharmos que a única solução para os nosso problemas está em uma separação conjugal, em um pedido de demissão, na mudança de cidade ou país, e tantas outras situações sem ao menos dar-nos a chance de enfrentar a realidade de forma honesta conosco mesmos. Pode ser que realmente estas sejam alternativas válidas, e em alguns casos as mais sensatas, mas seriam elas a única saída? Será que não haveria uma outra forma de solucionar o mesmo problema? Fugir de um problema pode ser a solução mais atraente, mas nem sempre ele desaparecerá. Pode ser que em algum momento o problema reapareça ou volte mais forte ainda e nós teremos que resolvê-lo ou fugir novamente.

Outro ponto bastante comovente no filme é o amor de Joy por Jack. O menino crescia, na medida do possível, com tudo o que ele mais precisava: o amor de sua mãe. Ela lhe deu amor, carinho, ensinou, educou e, no momento de maior angústia, ela o colocou no mundo, como se lhe desse à luz novamente. Fazendo seu papel de mãe de apresentar o mundo ao seu filho. Ele, por sua vez, era quem a sustentava emocionalmente e a fazia lutar pela vida pelo simples fato de existir. E isso nos mostra o quanto precisamos de pessoas ao nosso redor, como suporte, como apoio nos momentos de grandes dificuldades e tribulações.

Por fim, gostaria de concluir com uma das cenas mais fortes e mais importantes do filme: quando os dois, mãe e filho, após já terem estado em um longo processo de readaptação ao mundo real desde sua libertação, regressam ao quarto onde ficaram presos por anos. Jack entra, percebe a falta de alguns móveis e diz “Ele parece pequeno agora”, “Não é mais o Quarto, talvez porque a porta esteja aberta. Sem a porta ele não é o Quarto”. Tais dizeres soam como: “Esse problema agora é pequeno. Eu tinha a percepção de que ele era muito maior. É porque eu estava naquela condição ‘x’, mas agora EU mudei. Por isso esta situação não é mais a mesma”.

Nesse momento, Joy e Jack conseguem ressignificar aquela situação de horror vivida naquele lugar. Ele se despede de cada uma das coisas que restou no quarto e pede para que sua mãe faça o mesmo. É como dar um desfecho àquela história mal acabada, desatar o nó, romper definitivamente com o quarto, e assim abrir espaço dentro deles para que suas vidas pudessem recomeçar a partir dali.

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