Resenha: O Astrolabio, o Mar e o Imperio
Por: YdecRupolo • 23/3/2018 • 1.886 Palavras (8 Páginas) • 397 Visualizações
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empregadas, se relacionavam com os interesses políticos de Portugal. Por isso ter o domínio sobre as técnicas empregadas na navegação marítima era um componente chave.
O documento Regimento dos Pilotos incluía noções básicas de matemática, relacionadas com navegação, conhecimento sobre o universo, sobre as regras da lua e das mares, explicava também como utilizar a carta de marear, manusear os instrumentos de navegação e localização. Já o Tratado da Esfera, uma obra de Johannes Sacrobosco, era uma espécie de livro didático para aqueles que ingressavam na astronomia e obrigatório para aqueles que aprendiam a arte de navegar.
Era baseado nesses documentos que o cosmógrafo-mor avaliava os pilotos, os instrumentos e as cartas feitas por eles. Tudo deveria ser feito exatamente como instruía os documentos. Essa sistematização e padronização tanto dos instrumentos como das cartas de marear, foram extremamente importantes. Pois nas disputas sobre localização de terras, na maioria das vezes essas disputas eram resolvidas com a ajuda de cartógrafos, que tinham a função de traçar cartas geográficas e delimitações territoriais, e com a ajuda dos cosmógrafos, e eles se baseavam nas anotações, que tinham sido realizadas em alto-mar. Durante esse período o cosmógrafo-mor e os cartógrafos tiveram uma importância muito grande no controle territorial de Portugal e de outros países europeus.
O foco da pesquisa realizada pela Historiadora Heloísa Meireles Gesteira, é descobrir de que maneira esse saber está presente nos livros de marinharia e até que ponto os instrumentos previam a destreza de quem os manuseava, tanto para coletar os dados, como para calcular a partir da consulta na tabela de declinação dos astros e de localização de lugares.
Se realizou a análise do documento “A arte de navegar”, do cosmógrafo-mor Manuel Serrão Pimentel, que atuou durante o reinado de Dom João V, com foco especifico nas partes que abordavam o uso de instrumentos náuticos, em especial o astrolábio e a agulha de marear. Esse e outros documentos de autoria de Pimentel tinham a intenção de ao mesmo tempo ensinar e auxiliar os pilotos e também assimilar praticas consagradas pelo uso dos navegantes e inseridas em obras que buscavam o reconhecimento de autoridade entre cosmógrafos e outros homens da ciência.
Em seu texto Pimentel fala sobre a composição da esfera “terráquea” (terra e água), depois ele apresenta a definição dos circulo que compõem a esfera, conhecimento esse que é necessário para a realização das observações e para a fabricação e uso dos instrumentos. Pimentel também defendeu a centralidade da terra no universo, dizendo que em qualquer parte da terra em que um indivíduo esteja observando um astro, ele seria visto do mesmo tamanho, e que sempre se moveria do oriente para o ocidente. Pimentel explicou a divisão da esfera em 360° graus, e que cada grau foi dividido em 60 minutos, que esses 60 minutos foram subdivididos em 60 segundos cada, e como essas divisões eram utilizadas para marcar o astrolábio e o quadrante.
Na época dos descobrimentos o instrumento mais utilizado foi o astrolábio. O médico João Faras, que estava a bordo de um dos navios que formavam a esquadra de Pedro Álvares Cabral, disse que para o mar, era melhor dirigir-se pela altura do sol, e por esse motivo o astrolábio era o melhor instrumento a ser utilizado. Outros autores também destacaram a eficácia e a segurança em dirigir utilizando o astrolábio.
O astrolábio era um instrumento antigo, que foi adaptado para uso naval, pressupõem que essa adaptação foi realizada pelos portugueses, de modo que o astrolábio naval possibilitava medir a altura dos astros acima do horizonte e assim determinar a posição da navegação, e calcular as distâncias. Sua confecção era padronizada, pois qualquer diferença, poderiam acarretar em erros, poderiam ser cálculos na leitura e interpretação de informações. De modo que era necessário que os responsáveis pela leitura de dados e pelos responsáveis pela condução da embarcação tivessem um preparo mínimo, e conhecimento básico por exemplo dos princípios da esfera, até mesmo para o correto posicionamento do astrolábio;
O astrolábio foi utilizado por muito tempo para navegação marítima. Exitem evidências arqueológicas que o uso do astrolábio era predominante nas embarcações, principalmente entre os portugueses. Outros instrumentos também contribuíram grandemente para expansão marítima da Idade Moderna, como a agulha de marear, o quadrante, as cartas de marear, igualmente também foi importante a contribuição de astrônomos, cartógrafos, cosmógrafos, pilotos, e muitos outros.
Porém com base em documentos, textos, cartas e nas evidências arqueológicas encontradas no fundo do mar, em embarcações que datam da época da expansão marítima, podemos concluir que o astrolábio teve um papel fundamental para que Portugal cruza-se o Atlântico, conquistasse novas terras, chegasse as Índias, a América, a África e construísse um Império, nos séculos XV e XVI.
2 CONCLUSÃO
Os conteúdos abordados neste semestre ajudaram os alunos não só a compreenderem a expansão marítima em si, mas também o plano de fundo que impactou na eclosão da expansão ultramarina.
Com o ressurgimento comercial na baixa Idade Média, o feudalismo foi dando lugar a um novo sistema comercial o capitalismo. O poder passa das mãos do senhor feudal e passa a se concentrar nas mãos do rei, fortificando-se as monarquias e os reis absolutistas.
Com as Cruzadas, a Europa teve acesso a produtos orientais, que rapidamente caíram no gosto dos europeus, como o açúcar, as especiarias, o algodão. E esses produtos passaram a fomentar o comércio europeu. Porém o caminho ate o oriente era pelo Mar Mediterrâneo, e não tinha outro caminho conhecido ate aquele momento utilizado, que não fosse pelo território italiano. E foi nesse momento que a Itália passou a monopolizar o comércio das especiarias, com juros cada vez mais altos .
Após a Revolução de Avis, Portugal como o primeiro Estado da nova realidade Europeia, tinha autonomia. Não contente com o monopólio italiano no comércio das especiarias, usou essa autonomia para criar e adaptar instrumentos para uso naval, treinar e qualificar os homens do mar, e usou a sua posição privilegiada e se lançou no Oceano Atlântico.
Outro fator que contribuiu para a expansão ultramarina foi o movimento que ficou
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