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Resenha: A Poética da História

Por:   •  14/7/2018  •  1.878 Palavras (8 Páginas)  •  275 Visualizações

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Na parte seguinte, “explicação por elaboração de enredo”, White ressalta que essa explicação tem o propósito de dar “sentido” a uma estória através da identificação da modalidade de estória que foi contada. Uma vez que a elaboração de enredo é a via pela qual uma sequência de eventos modelados numa estória gradativamente se revela como sendo uma estória de um tipo determinado. Dessa forma, podemos identificar quatro modos pelo qual é feito essa elaboração: a estória romanesca, a tragédia, a comédia e a sátira. Assim sendo, vale a pena caracterizar, de modo simples, esses quatro tipos. A estória romanesca é fundamentalmente um drama de auto-identificação simbolizada pela figura do herói; já a sátira é o oposto disso, mas é um drama da disjunção, drama dominado pelo temor de que o homem é um cativo no mundo; na comédia, o autor explicita que a esperança do temporário triunfo do homem sobre seu mundo é oferecida pela perspectiva de reconciliações ocasionais nos mundos social e natural; por fim, na tragédia há sugestões de estados de divisão entre os homens ainda mais terríveis.

“Explicação por argumentação formal”, nessa parte o autor detalha as características da teoria fomista, organicista, mecanicista e contextualista. São essasas quatro formas consideradas como argumentos discursivos que podem conceber uma explicação histórica. Assim sendo, a teoria formista considera as entidades em sua particularidade e unicidade e essa forma de explicação pode ser encontrada em Michelet e Niebuhr, por exemplo. A teoria organicista é mais integrativa e mais redutiva em suas operações, de modo que um organicista tenta descrever os detalhes discernidos no campo histórico como componentes de processos sintéticos. Nessa forma encontramos Ranke como um historiador que utiliza essa estratégia. Já a teoria mecanicista é, essencialmente, redutiva mas também são integrativas em seu objetivo. Por conseguinte o autor relata que as hipóteses mecanicistas apoiam-se em busca de leis causais que determinam os resultados de processos descobertos no campo histórico. E ressalta Buckle, Taine, Marx e Tocqueville como mecanicistas. E por último o autor assinala a teoria contextualista, de modo que os eventos podem ser explicados ao serem inseridos dentro do “contexto” de sua ocorrência. E nessa explicação encontra-se Jacob Burckhardt como principal contextualista.

Na próxima parte, “explicação por implicação ideológica”, White ressalta que as dimensões ideológicas de um relato histórico refletem o elemento ético envolvido pelo historiador, no qual ele toma posturas pessoais acerca da natureza do conhecimento histórico e a forma que os acontecimentos passados são referências para se entender os acontecimentos atuais. À vista da análise da obra Ideology and Utopia, de Karl Mannheim, White acentua as quatro posições ideológicas que leva em consideração na sua obra, as quais são: anarquismo, conservantismo, radicalismo e liberalismo.

Na sexta parte, “o problema dos estilos historiográficos”, o historiador estadunidense explicita que um estilo historiográfico representa uma combinação particular de modos de elaboração de enredo, argumentação e implicação ideológica. No entanto, salienta que esses modos de explicação não podem ser combinados de qualquer forma em uma obra. E quando o é, encontramos as discordâncias discursivas dos autores na elaboração da narrativa histórica. E isso é o que torna interessante a obra de um historiador ou filósofo da história. Assim sendo, o autor evidencia que o importante é identificar os fundamentos da coerência e consistência da obra histórica, visto que tais fundamentos são poéticos e linguísticos por natureza. Logo, White ressalta que com o propósito de imaginar “o que realmente aconteceu” no passado, o historiador, primeiramente, deve prefigurar como objeto possível de conhecimento o conjunto completo de eventos referidos nos documentos. E esse ato prefigurativo, White diz ser poético, uma vez que é precognitivo e pré-crítico. Na parte seguinte, o autor enfatiza que nesse ato poético o historiador formula seu objeto de análise e predetermina a modalidade na qual irá compor sua explicação. E esses modos condizem com os quatro principais tropos da linguagem poética, a metáfora, a metonímia, a sinédoque e a ironia. Esses são os tropos básicos da linguagem poética, de modo que nos proporciona uma base para classificar as formas estruturais profundas da imaginação histórica num dado período de sua evolução.

Por fim, na última parte, intitulada “as fases da consciência histórica do século XIX”, White salienta duas fases importantíssimas que perpassaram o pensamento histórico no século XIX. A primeira fase ganhou aspecto a partir do contexto de uma crise na reflexão histórica do final do Iluminismo. Ao passo que, pensadores como Voltaire, Hume e Kant passaram a ver a história de uma maneira totalmente irônica. Todavia, pensadores com uma concepção pré-romântica como Rousseau e Edmund Burke se opuseram a essa compreensão irônica da história. E por causa dessa oposição gerou uma crise na reflexão histórica, uma discordância da maneira adequada para abordar o estudo da história. Por conseguinte, a obra Filosofia da História (1830-1831) do filósofo Hegel, trouxe uma série de reflexões que contribuíram no contexto dessa crise. Assim como as reflexões de Auguste Comte. A partir de então podemos destacar três escolas distintas que tomaram forma no início do século XIX: a “romântica”, a “idealista” e a “positivista”.

À vista disso, é importante ressaltar que a segunda fase do pensamento histórico durou aproximadamente de 1830 a 1870. Esse período foi marcado por um debate em trono da teoria histórica e pela produção da historiografia oitocentista que teve Michelet, Ranke e Burckhardt como seus principais representantes. Hayden White chama atenção para uma questão muito importante referente a essa fase, a qual seria o grau de autoconsciência teórica em que esses historiadores seguiram com relação à pesquisa histórica, isto é, com a investigação do passado e como elaboraram suas narrativas acerca desse passado.

Para concluir essa resenha gostaria de ressaltar mais uma vez a importância do debate no qual White está inserido. Essa perspectiva que o autor traz após um período de transição do pensamento histórico no século XX é, isto é, uma passagem da escola de pensamento da Filosofia Analítica da História para uma

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