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RESENHA Histórias Musicais da Primeira República

Por:   •  2/9/2018  •  1.048 Palavras (5 Páginas)  •  312 Visualizações

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Martha Abreu identifica o exotismo como uma moda europeia que teria invadido o Rio de Janeiro e outras cidades, o que explicaria a presença de expressões culturais identificadas como populares, folclóricas, regionais, sertanejas ou negras e teriam sido incorporadas em obras literárias, teatrais e musicais do período cronológico da Belle Époque. É nesse aspecto que a presença do público nos teatros de revista, por exemplo, é justificada, assim como a venda de obras de autores folcloristas, que demonstravam claramente interesse na mestiçagem e na música, considerada por eles, popular brasileira.

O investimento no folclore também é citado por Martha Abreu. Mesmo que em busca de políticas de branqueamento e pesquisas e teorias sobre a degeneração causada pela miscigenação, o folclore nacional estava presente em festas, canções, e poesias, gerando, nos intelectuais, interesse em torno dessas manifestações culturais mestiças. E é nessa produção de folcloristas que surge também, segundo a autora, um espaço para a presença ativa dos descendentes de africanos na nação republicana que estava surgindo.

Concluindo o artigo, a autora fala sobre a questão da música popular, afirmando que mesmo em trabalhos historiográficos mais recentes, perdura a ideia de que a década de 30 teria inaugurado um período de valorização da MPB, de uma forma mais centralizada no samba. O governo Vargas representaria, na memória nacional, um momento de ruptura do passado cultural e musical brasileiro, como sugerem alguns autores, afirmando que a realização dessa mudança cultural se relacionaria à emergência de autoritarismos populistas no Brasil e na América Latina e que a música expressaria a conciliação de classes e a integração nacional.

A autora se coloca contrária a essa ideia, afirmando que o campo musical do período da república é muito complexo e não pode ser simplificado a oposições políticas entre Primeira República e Estado Novo, ou de disputas intelectuais em busca de uma nova nação brasileira. Martha Abreu cita autores como José Geraldo Vinci de Moraes, Orestes Barbosa e Maria Clementina Pereira Cunha, ao afirmar que alguns caminhos de pesquisa apontam para importantes transformações na construção da história da música durante o século XX, enaltecendo atores sociais que devem ser reconhecidos: os descendentes da última geração de escravos do Vale do Paraíba fluminense, por exemplo, que ao ocupar os morros cariocas e os bairros pobres de São Paulo, formaram a base das escolas de samba no Rio de Janeiro e ajudaram a transformar, segundo a autora, a vida cultural do Brasil nas décadas seguintes.

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