Marx nos Muros
Por: Hugo.bassi • 20/10/2018 • 3.905 Palavras (16 Páginas) • 341 Visualizações
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O trabalho para Marx é uma atividade fundamental e ele faz uma crítica ao modelo capitalista que transforma a força de trabalho em uma mercadoria explorada pelos detentores desses meios de produção que exploram a força de trabalho dos operários.
Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participa o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza... põe em movimento as forças naturais de seu corpo – braços e pernas, cabeça e mãos –, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. (MARX, 2001, p. 211).
É através dessa lógica da relação força de trabalho e meios de produção que Marx se utiliza da dialética de Hegel, no entanto para ele tese, antítese e síntese leva a possibilidade de negação dessa realidade, para ele “apenas é produtivo o trabalhador que produz mais-valia para o capitalista ou serve à autovalorização do capital” (MARX, 1984, p. 105). Para Marx a história está em movimento e pode ser vista como algo transitório e ainda pode ser transformada pela ação do homem, principalmente quando agem na transformação da realidade social quando alteram os modos de produção.
Com Marx emerge um outro tipo de história onde seu objetivo se dá em um futuro onde as condições políticas são favoráveis a liberdade, sendo fatores econômicos e políticos, e não a razão o motor da história. Para Marx, o conflito que explica a história é a luta de classes, onde as sociedades se estruturam de modo a promover os interesses da classe economicamente dominante. No capitalismo, a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho é o proletariado.
Duas espécies bem diferentes de possuidores de mercadorias têm de confrontar-se e entrar em contato: de um lado, o proprietário de dinheiro, de meios de produção e de meios de subsistência, empenhado em aumentar a soma de valores que possui, comprando a força de trabalho alheia; e, do outro os trabalhadores livres, vendedores da própria força de trabalho e, portanto, de trabalho. Trabalhadores livres em dois sentidos, porque não são parte direta dos meios de produção (...) e porque não são donos dos meios de produção (...) O sistema capitalista pressupõe a dissociação entre os trabalhadores e a propriedade dos meios pelos quais realizam o trabalho (...) O processo que cria o sistema capitalista consiste apenas no processo que retira ao trabalhador a propriedade de seus meios de trabalho, um processo que transforma em capital os meios de subsistência e os de produção e converte em assalariados os produtores diretos. A chamada acumulação primitiva é apenas o processo que dissocia o trabalhador dos meios de produção.
(MARX, 2001, p. 828).
A LUTA DE CLASSES
A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes. Marx (2010, p. 215).
Para Marx, rondava um fantasma assombrando as bases estruturais da sociedade burguesa, um espectro sendo caçado, por aqueles que detêm o poder, essa assombração era o comunismo e suas ideias em expansão. Se ele era caçado e perseguido, é por que havia um reconhecimento do poder do Partido Comunista. E era chegada a hora de divulgar abertamente na Europa e para o mundo, os seu idealismo, objetivos e interesses através de um Manifesto delineados pelo próprio partido. Em novembro de 1847 em reunião secreta, reuniram-se comunistas de todas as nacionalidades e traçaram os rumos que deveriam ser seguidos.
Manifesto do partido comunista foi publicado pela primeira vez em 21 de fevereiro 1848 em Londres. Atualmente é um dos livros mais lidos do mundo. Aqui nesse artigo queremos trazer para discussão, um pouco da “luta de classes” no senso comum, e suas manifestações.
No capítulo I, denominado Burgueses e proletariado do Manifesto do Partido Comunista, Marx afirma que a luta de classes sempre existiu e foi ininterrupta, desde a Antiguidade Até a época da burguesia que se instalou no poder no declínio da sociedade feudal, mas que não aboliu as oposições de classes. Apenas puseram novas classes, novas condições de opressão, novas configurações de luta, no lugar das antigas. Marx (2010, p. 215).
Nesse período pode-se afirmar que se distinguem claramente duas Classes sociais em oposição: burgueses e proletariados, que se enfrentam diretamente: Um para manter o Poder e o outro para escapar dos grilhões, da opressão, da miséria e da fome.
Á burguesia que tem origem lá nas primeiras cidades medievais vem conquistando espaço e força crescentemente ao longo do curso de sua história. Como podemos ver nesse trecho do Manifesto, a trajetória do seu desenvolvimento.
O descobrimento da América, a circum-navegação de África, criou um novo terreno para a burguesia ascendente. O mercado das Índias orientais e da China, a colonização da América, o intercâmbio com as colônias, a multiplicação dos meios de troca e das mercadorias em geral deram ao comércio, à navegação, à indústria, um surto nunca até então conhecido, e, com ele, um rápido desenvolvimento ao elemento revolucionário na sociedade feudal em desmoronamento. O modo de funcionamento até aí feudal ou corporativo da indústria já não chegava para a procura que crescia com novos mercados. Os mestres de corporação foram desalojados pelo estado médio industrial; a divisão do trabalho entre as diversas corporações desapareceu ante a divisão do trabalho na própria oficina. Mas os mercados continuavam a crescer, a procura continuava a subir. Também a manufatura já não chegava mais. Então o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. Para o lugar da manufatura entrou a grande indústria moderna; para o lugar do estado médio industrial entraram os milionários industriais, os chefes de exércitos industriais inteiros, os burgueses modernos. (Marx, 2010, p. 216).
Com a grande indústria estabelecida a burguesia dominou o mercado mundial e não somente isso, e sim também no campo político onde o moderno Estado representativo administrava os interesses da classe burguesa. Foi sem sombra de dúvidas uma “revolução” em todo o sentido da palavra. Com esse poder imensurável a moderna burguesia destruiu todos os laços das relações feudais, e pôs a liberdade única, sem escrúpulos, de comércio. Numa palavra, no lugar da exploração encoberta com ilusões políticas e religiosas, pôs a
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