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LIVRO MATO GROSSO

Por:   •  29/10/2018  •  40.195 Palavras (161 Páginas)  •  241 Visualizações

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Assim os estados europeus, que adotaram o mercantilismo tinha como preocupação resguardar às suas colônias dos demais países, e por isso se empenharam em cuidar diretamente da administração, impondo a colônia uma pesada cobrança de impostos. Entretanto a medula do sistema colonial, residia no pacto colonial. È no pacto colonial que está a exploração mercantil, que a colonização incorporou da expansão comercial, da qual foi um desdobramento.[1]

Nos primeiros trinta anos do “descobrimento”, Portugal não se empenhou em implantar um sistema administrativo no Brasil, uma vez que o seu interesse maior era o comércio das especiarias no Oriente. Nos primeiros anos da “descoberta”, o governo português preocupava-se somente em enviar expedições de reconhecimento e explorar o pau-brasil existente na Mata Atlântica.

A política portuguesa com relação ao Brasil mudou somente a partir de 1530, quando inicia-se de forma efetiva a colonização. Essa mudança de postura ocorreu devido aos ataques de contrabandistas franceses no litoral brasileiro e pelo enfraquecimento do comércio de especiarias.

Assim seguindo as determinações de Dom João III, rei de Portugal, a expedição de Martim Afonso de Sousa chegou ao Brasil em 1530. Essa expedição visava expulsar os franceses do litoral, observar as características geográficas da nova terra e fundar povoamentos.

Para iniciar a colonização foi implantando na colônia o sistema de Capitanias Hereditárias, isto é, o governo português dividiu as terras e resolveu doá-las para elementos da nobreza. Desta forma, o governo português estava transferindo o custo da colonização aos particulares.

Concomitantemente a implantação das Capitanias Hereditárias, a metrópole decidiu escolher a cana-de-açúcar como produto econômico para promover o projeto colonizador.

A opção pela cana-de-açúcar explica-se pela experiência de Portugal no cultivo deste produto, nas suas colônias africanas, isto é, Açores, Cabo Verde e Madeira. Outro fator importante foi a vastidão de terras, as condições climáticas e geográficas (solo massapé), assim como a existência de um mercado consumidor na Europa.

O plantio da cana-de-açúcar e a produção de seus derivados se deu inicialmente em São Vicente, e posteriormente na região nordeste, porém a Capitania do Pernambuco foi a principal produtora.

A produção do açúcar ocorreu através do sistema de plantation: produção agrícola baseada no latifúndio (grande propriedade de terra), monocultura ( somente produção de açúcar), com mão-de-obra escrava e voltada para atender o mercado externo.

O sucesso deste empreendimento econômico se deu também pela participação dos holandeses, que financiavam a produção. A maquinaria para os engenhos, instrumentos de trabalho e aquisição de escravos africanos eram financiados pelos holandeses, que em troca receberam o monopólio do refino e da distribuição do açúcar no mercado europeu.

Enquanto o açúcar representava a riqueza das capitanias do nordeste, a Capitania de São Vicente não obteve com este produto o mesmo sucesso, pois a sua produção não podia concorrer com a capitania do Pernambuco e da Bahia, pois a capitania de São Vicente era distante dos mercados europeus e o solo dessa região era imprópria para a agricultura. Portanto, esses fatores acarretaram na decadência do açúcar em São Vicente.

Com a decadência açucareira, São Vicente tentou ainda desenvolver uma agricultura de subsistência cultivando arroz, feijão e milho.

A população de São Vicente diante da pobreza resolveu investir em outros empreendimentos para superar a crise econômica, entretanto, tudo foi em vão. Assim diante destas circunstâncias, o homem do planalto vicentino buscou nas bandeiras a saída para a sua crise.

Na tentativa de superar a crise econômica que abatia a capitania, as bandeirantes enfrentaram os perigos, as incertezas do sertão para aprisionar índios, que eram conduzidos para o planalto paulista para serem usados como mão-de-obra. Assim muitos jovens da Capitania partiam para o interior da colônia em busca de cativos e para montar as suas expedições recebiam ajuda financeira dos pais ou do sogro, que financiam as expedições pensando em aumentar os seus lucros. Essas expedições contavam com a presença de sertanistas, que conduziam os jovens na viagem. Portanto, nem todos os paulistas eram bandeirantes por vocação.[2]

As bandeiras consistiam em grupos de homens que saiam organizados em expedições particulares com o objetivo de penetrar pelos sertões a procura de, índios para o cativeiro, de negros foragidos da escravidão e posteriormente à procura de metais preciosos.

As bandeiras eram organizadas militarmente, sendo compostas de centenas de homens. Além dos paulistas, muitas bandeiras eram compostas de estrangeiros, desertores e fugitivos da justiça.

Para adentrarem no sertão, os bandeirantes usavam principalmente os caminhos fluviais. Ao atravessarem os rios, enfrentavam vários obstáculos como cachoeiras, corredeiras e saltos. Para sanar essas dificuldades, optavam muitas vezes em continuar a viagem à pé. Por isso era comum, os bandeirantes transportar barcos e canoas por terra.[3]

Os bandeirantes, logo perceberam que para superar as dificuldades precisavam domar a natureza, e para isso buscaram o saber indígena. Aliás, a presença de índios nas expedições foi fundamental, pois eram utilizados como guias, batedores, coletores de alimentos ou guarda-costa da expedição.[4]

Cabia aos índios guiarem os paulistas pelos rios, carregar as mercadorias, procurar nas matas os frutos silvestres, as raízes, lagartos e cobras para saciar a fome dos bandeirantes. Nas viagens mais longas, os bandeirantes estabeleciam pequenos arraias e roças para abastecer os sertanistas. Nestas expedições, “as vezes, alguns índios eram despachados com antecedência para plantar os alimentos que serviriam para sustentar o corpo principal da expedição e os cativos na viagem de regresso.[5] Muitas destas roças acabaram dando origem a povoações no interior do Brasil, a exemplo disso temos em Mato Grosso; o Arraial de São Gonçalo.

No decorrer da viagem ao ficarem doentes, os bandeirantes buscavam principalmente na medicina indígena o tratamento adequado para curar os seus males. Não estamos afirmando com isso que desprezavam a sua medicina, pois traziam também em sua bagagens maletas com poções e bisturis para a prática da sangria.

Para o confronto com os índios que resistiam a sua dominação, os paulistas utilizavam

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