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Formação das Almas - Resenha

Por:   •  28/9/2018  •  1.618 Palavras (7 Páginas)  •  291 Visualizações

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A virtude republicana era incompatível com as premissas brasileiras. Por um lado devido ao desenvolvimento do comércio e por outro pela intensa especulação financeira. Especulação essa que nascera a Republica, através do enriquecimento pessoal, apesar de grandes denúncias.

O Estado seria a salvaguarda de seus privilegiados predadores, pois

se via nele o condutor de seus interesses políticos e econômicos, não pela afirmação de um direito de cidadão, mas pela porta do poder do Estado.

Recém proclamada a República, logo houve a preocupação de designar atores, construir heróis, criar mitos de origem, a fim de edificar uma versão oficial para o fato histórico que ocorrera. Reduziria, essencialmente, a parte do acaso nos acontecimentos.

Carvalho trata das várias proclamações que ocorreram no Brasil, ou seja, a disputa de nomes que definiria a república “fundada”. Uma briga pela delimitação do papel de cada ator, o famigerado no teatro republicano, Deodoro da Fonseca, Benjamim Constant, Quintino Bocaiúva e Floriano Peixoto, não deixando de farar o título de fundador da República.

O mito de origem procuraria instituir uma versão vertedora dos fatos, real ou imaginada, que daria acepção e lidimidade à vicissitude sobrelevada. Este mito procuraria, dentro do novo regime, determinar a verdade do estado de condição auferido em objeção às vivezas precedentes e/ou mesmo às aspirações oposicionistas existentes. As transmissões dos fatos contrairiam potenciais apropriadores para a manipulação das idéias de caráter parcial, concernente aos seus preceitos pleiteadores de desejabilidade e sublimidade do novo estado de condição, conduzido por uma versão mitificadora e por vezes abertamente distorcido. Caso paralelamente intrínseco a distorção que sofrerão os personagens citados acima.

O autor afirma que as marcas das contradições que são evidenciadas no início do regime são pistas da dificuldade de construir um mito original que fosse aceito por todos. Neste contexto, faltava uma figura suficientemente emblemática do 15 de novembro, visto que, os personagens disponíveis não correspondiam ao patamar histórico que se procurava, – Deodoro, Floriano e Constant – onde todo regime procura gerar uma imagem, um modelo para os segmentos da comunidade.

Para isso seria necessário revelar um mito a altura, construído sob o arcabouço imaginário. E como ícone e herói excelso do panteão republicano, Tiradentes fora escolhido por seus feitos aversivos ao Brasil do Antigo Regime e, por conseguinte, ao Império na figura do velho imperador. Seu vulto servia primorosamente às atribuições de mártir, de vítima, de misericordioso, ligado a imagem de Cristo como ferramenta manipuladora, visto a herança cristã portuguesa e a partir do empenho de seus construtores republicanos. Suas características lhe davam suporte para ampla aceitação e apropriação nos mais distintos grupos sociais, mesmo que de linhas político-ideológicas antagônicas – monarquistas, abolicionistas e republicanos.

Uma das maiores alegorias de estima pública na França seria a República na figura feminina. Sua incitação veio da Antiguidade grega e romana, onde a figura feminina representava os sentimentos, valores, idéias, a belicosidade, o ímpeto maternal. Não obstante, a tentativa de utilização da mesma simbologia por republicanos brasileiros se mostrou frustrada. José Murilo ao esclarecer peculiaridades das sociedades e das repúblicas brasileira e francesa, aborda que as explicações são expelidas em diversas direções dicotômicas. Seu fracasso estava pautado na falta de uma comunidade de imaginação, como a que havia na França. O Brasil não se fazia alicerçado em um terreno social e cultural firme, e na inexistência de uma base sustentativa, todo aparato de manipulação, de criação de símbolos, alegorias e mitos, a utilização de fatores legitimadores cairia na inércia, “quando não no ridículo” (p.89).

A instituição dos emblemas genuínos, a bandeira e hino nacional, obrigatórios para qualquer país, os quais findaram por tornasse bem mais representativos da Nação brasileira, em detrimento do Estado do que para o novo regime republicano, travaram batalhas de simbologia tendo os positivistas a vitória pela bandeira, adicionado a marca da monarquia, e o hino tendo como vitoriosos os valores da tradição cívica. Constituindo instrumentos de lógica formal para investigar o que está contido de modo valorativo e/ou de convicção política de um pequeno grupo ou mesmo de sociedades.

Retomando contendas já abordadas, fundamentalmente a introdução dos moldes filosóficos comtianos no Brasil, objetivando a promoção de uma ponderação sobre a arquitetação de um imaginário republicano com capacidade de unir o Estado brasileiro como Nação, José Murilo de Carvalho trata da “comunidade de sentido” ou “comunidade imaginada”, analisando os interesses de positivistas ortodoxos, criticando a República brasileira como não bem objetivada quanto a sua finalidade, e não os republicanos, mais intertida nas batalhas simbólicas baseadas no convencimento, impunhando-se o uso dos símbolos.

Num inventário sistemático dos conhecimentos provenientes da gênese da República brasileira, Carvalho conclui sua obra retratando o fracasso do novo regime quanto à legitimação do imaginário.

Para José Murilo de Carvalho o insucesso dos imaginários intentados pela República comprova-se em um caráter mais consistente nas tradições cívicas populares, bem mais afetivas ao período imperial e aos valores religiosos, indicando que a criação de um imaginário se tornou ineficiente e falho, apesar dos esforços de expandir a legitimidade, na tentativa de convencimento por parte de seus intentores. Isso se deu pela ausência de gênese popular e inadequação da simbologia republicana, que cairá no vazio.

Demonstrando grande afeição

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