Ensaio do Livro Ditadura a Brasileira
Por: Carolina234 • 31/8/2018 • 3.578 Palavras (15 Páginas) • 311 Visualizações
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Villa utiliza da memória para transmitir os acontecimentos de 1964 o golpe e a ditadura militar brasileira. O que ele escreve nada mais é do que a memória de indivíduos, memória essa que é trazida a tona quando o assunto é discutido. Villa traz a tona o passado obscuro da ditadura militar brasileira através também da memória. Como fala Pierre Nora: "O passado nos é dado como radicalmente outro, ele é esse mundo do qual estamos desligado para sempre. É colocando em evidencia toda a extensão que dele nos separa que nossa memória confessa sua verdade, como na operação que, de um golpe, a suprime". (Pag.19)
A TRADIÇÃO
Não é nenhuma novidade que o Brasil sempre teve uma tradição cultural de golpes. É provocativo no seguinte sentido que os golpes eram uma espécie de carta na manga, estava ali fazendo política e quando se perdia uma eleição sacava a carta que era o golpe militar.
Os golpes se instauravam no país para combater crises políticas e no governo de Jango não foi diferente, mas se analisamos rapidamente os anos anteriores a queda do governo de Jango poderemos perceber um imerso histórico de golpes civis – militares e movimentações a partir de 1922 – revolta do forte de Copacabana, 1924 – rebelião tenentista em São Paulo, em seguida coluna preste, depois 1930, 1932 em São Paulo, 1935 - rebelião de novembro comunista, 1937 – o golpe do estado novo em novembro, Maio de 1938 assalto intergalista ao palácio Guanabara, 1945 queda do Getulio, depois a crise de agosto de 1954 e em 1955 no mesmo mês tivemos três presidentes da republica e dois golpes, já na gestão de JK do quinquênio tivemos dois golpes de estado fracassados e em 1961 a crise da renúncia de Jânio Quadros e que quase teve um golpe de estado onde durante cerca de duas semana vivemos um espécie de estado de pré-guerra civil. Então dai se tira uma longa tradição de golpes militares no Brasil, eles já vaziam parte da política brasileira, tínhamos uma conjuntura que leva ao golpe era uma tradição, a cultura democrática no Brasil era inexistente. A cultura democrática brasileira é muito recente.
O GRANDE GOLPE DA HISTÓRIA
No emaranhado de acontecimento no país, aos turbilhões de insatisfação da sociedade começam a ganhar forças e supor um futuro golpe.
O Brasil já vinha de sucessivas crises em todos os setores públicos e a renúncia de Jânio Quadros agravou mais ainda esse cenário.
Quando em 1964 já existiam várias alternativas de golpes edificadas no país, João Goulart não era um político com uma trajetória gloriosa na política brasileira.
O Brasil em 1964 estava repartido politicamente e estratificado socialmente e economicamente em que as tensões e as contradições políticas, tinha atingido um grau elevado que nunca foi visto na história republicana sendo o desencadeamento do golpe
Com o caos no Brasil, a crise institucional do início da década de 60, as manifestações, as greves, o péssimo trabalho de João Goulart a frente do governo, a insatisfação dos militares que não aceitavam as derrotas nas ultimas eleições, que como o Villa se refere todas foram fraudadas, tudo isso só alimentou mais ainda o desejo dos militares em golpear o governo.
As articulações de vários movimentos tanto da direita quanto da esquerda se estabeleciam nos altos do governo de Jango, ele por sua vez também estava se articulando com os discursos de reformas de base, de mudanças em todos os setores públicos para coagir a sociedade à apoiar ele para mudar a constituição para uma futura reeleição.
Os de direita e os de esquerda só pensavam em uma coisa em chegar ao poder não importava como chegaria “pela lei ou pela marra” e daí que surgiram as lutas armadas, onde foi que a democracia começou a ser vista como uma barreira para tal conquista.
Marcos Villa deixa bem claro que Jango poderia ter encontrado soluções para os agraves públicos do país naquela época, mas nada fez em vez de ficar e defender o país Villa relata que Jango em um ato de covardia deixa o país “à beira de uma guerra civil”, após saber que pelotões armados saíram de Minas sentido o Rio de Janeiro. Daí já era tarde demais para se fazer algo, então Jango abandonou o governo e o Golpe dos militares foi consumado.
GOLPEADA À DIREITA E À ESQUERDA
Golpeada à esquerda e à direita, essa é a questão central do livro de Marcos Villa, o livro justamente faz um apanhado primeiro dos sucessivos acontecimentos da queda de Jango, tornando essa interpretação distinta das outras.
Tanto os de direita, quanto os de esquerda apostavam no golpe de estado em 1964, não tinha um só grupo querendo o golpe não eram vários, o golpe de Olimpio Mourão Filho era um, o de Castelo Branco originalmente era outro e havia os setores civis à direita que tinha vários golpes, o de Leonel Brizola, por exemplo, que não podia ser candidato na eleição de 65 por ser cunhado do presidente que a constituição não permitia, por meio do Grupo das Onze ele estava estratificando o PTB uma ala de esquerda objetivando a criação de um novo partido em abril que antes teve o golpe.
Leonel Brizola com a criação desse partido dito revolucionário com grande influencia cubana com base nos marinheiros, cabos, sargentos, soldados das forças armadas e com o intuito golpista, dai grande influência nevasca da revolução cubana a América Latina e principalmente ao Brasil que estimulava e apostava na solução armada.
Portanto tínhamos o golpe de Brizola, o de Jango com sua proposta de golpe que tentou várias vezes até impor o estado de sítio em 1963 que fracassou e retirou a medida. O movimento revolucionário Tiradentes e as ligas camponesas era um tipo de braço armado que no ano de 1962 foi descoberto 7 campos de treinamento guerrilheiro com dinheiro cubano e articulação de Julião, onde na época foi noticiado em todos os meios de comunicação.
Já a articulação do PC do B foi encaminhar em Março de 1964 um grupo guerrilheiro treinar na china. O PCB também era um dos partidos que apostava no golpe, na luta armada com a velha tradição de 1935.
Ao descrever superficialmente essas tentativas de golpes tanto dos de direita, quanto dos de esquerda onde aqueles que naquela conjuntura apostava numa solução armada de força, por isso Villa defende que o democracia foi golpeada à esquerda e á direita, mas naquele caos haviam ainda poucos que tentaram uma saída negociável, o deputado federal
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