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Educação Patrimonial: A atuação do Colégio Estadual Horácio de Mattos como promotor da cultura mucugeense

Por:   •  16/4/2018  •  7.891 Palavras (32 Páginas)  •  272 Visualizações

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Depois de mais ou menos um mês daquela descoberta, Cazuzinha voltou com outros companheiros e organizou uma expedição exploratória para procurar mais pedras. A partir daí, deu-se o início à exploração dos diamantes naquela região, onde uma grade quantidade de pessoas vindas da redondeza e de outros locais, começaram a povoar e modificar o caráter pacato da região em uma fervorosa e desordenada corrida pela pedra preciosa. Segundo Gomes (1952) essas pessoas:

Eram paulistas, baianos reinós, estrangeiros, pessoas de todas as condições, homens e mulheres, brancos e pretos, índios e mulatos, moços e velhos, pobres, ricos, nobres, plebeus, seculares, clérigos e religiosos das mais diversas instituições, uns ocupados em catar, outros em mandar catar, outros ainda em negociar, vendendo e comprando, mas todos confundidos naquela atividade desordenada, naquela ansiedade incontida de enriquecer. (GOMES, p.227)

Nesta época, Mucugê tinha suas terras pertencentes à grande propriedade do Sargento-mor Francisco José da Rocha Medrado, vindo de Portugal para assumir a sesmaria que lhe foi dada pelo reino português. Aí construiu uma fazenda de criação de gado, que depois foi dividida em três: Faz. São João, Faz. Sumidouro e Riachão de Mucugê, que posteriormente se tornaria a cidade de Mucugê. Porém, outros três nomes foram dados, Freguesia de São João do Paraguaçu, quando desmembrou de Nossa Senhora do Livramento do Rio de Contas em 17 de maio de 1847 (data de comemoração do aniversário da cidade); mais tarde com a instalação da primeira câmara o povoado passou a se chamar Vila de Santa Izabel do Paraguaçu e em 1917 voltou a recebe o atual nome, em razão a uma fruta endêmica adocicada e leitosa, da família da mangaba.

No período áureo do diamante a cidade chegou a ter uma população em torno de 30 mil habitantes, que viviam principalmente da mineração e do comércio, deixando como herança construções coloniais belíssimas. Este crescimento descontrolado causou diversos problemas e dificuldades sociais. Em busca do rápido enriquecimento, valia a lei das armas e do dinheiro. Jagunços matavam em nome de seus senhores, sempre ávidos por mais terras, escravos e, conseqüentemente, diamantes. Na tentativa de controlar o caos da concentração urbana, os homens importantes da região (sempre os mais ricos) reuniam-se para discutir regras de crescimento e convívio social. Foram tentativas quase sempre frustradas de regular o tamanho das construções, as medidas usadas no comércio e até a limpeza das ruas (quem atirasse lixo no chão podia ser multado e preso por cinco dias).

Porém, o município também viveu seu período de decadência, como afirmar Sales (1994) “depois, veio à recessão no comércio de pedras preciosas e todas as cidades das Lavras Diamantinas entraram numa terrível decadência por dezenas de anos a fio.” Com a economia abalada, as pessoas passaram a abandonar a cidade em busca de melhores condições de vida, obrigando a região a buscar atividades alternativas. A criação de gado, explorada pelas tradicionais famílias locais, voltou a ser a principal fonte de renda, assim como o cultivo de café e cereais.

A primeira metade do século XX trouxe uma definitiva decadência econômica para a região, que registrou um enorme êxodo populacional, chegando à sede ter em torno de 500 habitantes e somente uma casa comercial. A solução imediata foi à exploração dos campos de Sempre-viva, como única forma de sobrevivência, que era exportada em grandes quantidades para Europa como artigo de decoração e que chegou a estar ameaçada de extinção.

Este período dura até o final da década de 70, onde a cidade ressurge com a vinda dos bancos, Brasil e Econômico, que proporcionam incentivos e financiamentos, principalmente para a agricultura, mudando panorama da cidade, que atualmente, tem sua economia vinculada em 2 setores, o agro-negócio (cultivo de café, cereais, batatas, cenoura, tomate entre outras) devido às modernas empresas que se instalaram na região, com fazendas altamente mecanizadas nas terras planas do município; e turismo, graças às suas montanhas, cânions e belíssimas cachoeiras, além, de reviver o passado colonial, com suas belezas arquitetônicas e uma rica tradição cultural.

Coração da Chapada Diamantina, Mucugê, cidade pequena e aconchegante foi tombada pelo Patrimônio Histórico, através do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) em 22 de julho de 1980, fazendo com que sua história, cultura e tradições, sigam vivas para orgulho dos seus moradores.

A cidade possui um conjunto arquitetônico em estilo colonial, fruto do período fausto dos diamantes, onde os sobrados surgiram no decorrer do século XIX, já denotando influencias ora do neo-Clássico, ora do Neo-Gótico, que ali se difundiu muito cedo. Em muitos edifícios, uma fachada apresenta portas e janelas com arcos plenos e outra em arcos abatidos e apontados. Muito freqüentes na região, são também os vãos em forma de mitra, uma simplificação do arco ogival, esse estilo se confirma com arquitetura do Cemitério Santa Isabel, também chamado de Cemitério Bizantino, que foi construído em uma das serras que circundam a cidade, tendo os mausoléus, em forma de algumas miniaturas de igrejas e capelas, sendo um dos dois no mundo que possuem este estilo.

O status social das residências se afirma não só pelas dimensões e número de pisos das mesmas, como pela decoração e materiais de revestimento. Residências mais ricas possuem pisos assoalhados sobre porões altos e forros de tábuas ou lona, janelas guarnecidas de treliças, vidros ou venezianas, e fachadas emolduradas por cunhais e frisos decorados. Casas modestas têm piso em lajota de barro cozido ou terra batida, janelas cegas, e não possuem forros nem decoração.

A cidade também possui um conjunto de práticas e crenças herdadas dos seus primeiros moradores, como, por exemplo, a tradição secular à devoção ao Santo Antonio pela tradicional família Medrado, que persiste até hoje, pelos seu descendentes e incorporada pela sociedade em geral.

Essas manifestações fazem parte do chamado Patrimônio Cultural Imaterial, caracterizado por abranger as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras. São exemplos de patrimônio imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições, que são reconhecidos por comunidades como parte integrante de seu patrimônio cultural e é transmitido de geração em geração, sendo constantemente

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