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A RELIGIOSIDADE NA BAHIA COLONIAL: AS AÇÕES DO SANTO OFÍCIO E A SANTIDADE

Por:   •  24/11/2018  •  1.889 Palavras (8 Páginas)  •  284 Visualizações

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As santidades descrita por Santos, na cidade de Jaguaripe, mostrou que esse movimento foi uma forma de resistência contra a colonização portuguesa. Vainfas no livro A Heresia dos Índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial, aborta esse tema falando que a atuação da santidade no contexto da época foi bastante documentada por cronistas e padres jesuítas (desses últimos, muitos estavam envolvidos no processo de catequese dos tupinambás), relatos esses em que aparece inclusive o nome de alguns colonos, como por exemplo, o do senhor de escravos Fernão Cabral de Taíde. Acusado de oferecer aliança e proteção a uma seita que preconizava a morte dos portugueses e o fim da escravidão, o caso de Taíde é um dentre alguns outros em que o autor tenta mostrar que o caráter da Santidade do Jaguaripe angariou adeptos mesmo entre os portugueses.

A santidade seria então um movimento que diante das imposições garantidas pela superioridade militar do português, índios e negros resistiram ao colonialismo e à escravidão rejeitando a assimilação completa da cultura europeia. Muitas vezes, quando obrigados a abandonar suas crenças e costumes para adaptarem-se às exigências do conquistador, encontravam formas de preservá-los.

A religiosidade no Brasil colonial foi marcada pela influência do Cristianismo quer entre as populações de colonos quer entre os povos por eles submetidos. Apesar dos esforços continuados da Igreja Católica, para integrar as crenças religiosas dos indígenas e dos africanos, no sistema cristão, a verdade é que a resistência por parte dos povos foi um facto e as suas crenças ancestrais subsistem até aos dias de hoje numa apropriação cultural de princípios cristãos e não cristãos.

Enfim, as ações do Santo Oficio na Bahia colonial tanto com os quatro negros presos em jacobina, quanto o movimento de santidade em Jaguaripe, foram importantes para o projeto de colonização existente no Brasil pois mostrava o poder de força tanto da igreja Catolica quanto da coroa. Além de ter súditos controlados, ou seja, os índios e os negros sem rebeldia, a coroa portuguesa também queria catequizar pois através da religião e a fé catolica eles obedeceriam as leis de Portugal.

Referencias:

MELLO, Suzana Leandro de. A religiosidade no Brasil colonial: o caso da Bahia (séculos XVI-XVII). Suzana Leandro de Mello. João Pessoa: [Es.n.],2010.

MOTT, Luiz. Bahia: inquisição e sociedade. Salvador: EDUFBA, 2010.

SANTOS, Jamille Macedo Oliveira. UM CONTRAPONTO INDÍGENA NO CENÁRIO COLONIAL: A Santidade de Jaguaripe e o processo de circularidade cultural no Recôncavo da Bahia (1585-1593). Disponível em: . Acesso em: 21 maio 2017.

VAINFAS, Ronaldo. A Heresia dos Índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial. – São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Tema 05 -A religiosidade na Bahia colonial: as ações do Santo Ofício e a Santidade

A religiosidade na Bahia colonial é um ponto de discussão que concentra por si só várias definições, para uma infinidade de realidades religiosas. Grande parte dessas identidades está ligada à cultura, ou, à tradição cultural, das várias heranças que compõem o Brasil. Essas tradições, ao longo do tempo sofreram mutações, sendo algumas delas tão profundas, que acabaram fundindo as culturas e dando novo sentido às mesmas.

É importante ressaltar que a religiosidade possuía um espaço reservado na vida do homem colonial, mas que, com o passar dos séculos, ela foi adquirindo outro sentido, assumindo para si outras atribuições, e deixando também características próprias de lado.

A religião colonial é marcada por várias identidades religiosas, que já estavam formadas ou que se configuraram em solo brasileiro. Desta forma, destacam-se a religião popular, baseada no catolicismo; os cristãos-novos, com algum traço judaico; rituais e magias, comuns aos povos indígenas e aos africanos escravizados.

É nesse contexto de uma Bahia colonial, carregada de tradições religiosas que o Tribunal do Santo Oficio através da visita do inquisidor atua de forma contundente afim de mostrar o caminho certo a ser seguido e também para servir de exemplo para os outros colonos, indígenas e escravos africanos.

A atuação do Santo Oficio na Bahia colonial pode ser visto em Jacobina onde quatro negros são condenados pelo tribunal por usarem bolsas de mandinga, o popularmente conhecido patuá. Esses amuletos em forma de bolsinhas que continham ingredientes os quais protegiam contra doenças e armas era muito usadas pelos africanos e sua popularidade atiçou os inquisidores que interpretavam como se fossem bolsas de feitiçarias.

No rol dos “baianenses” condenados pelo Santo Ofício, encontramos um episódio a um só tempo curioso e trágico, onde quatro negros com idade entre dezesseis e trinta anos, todos moradores em Jacobina, foram transportados para os cárceres inquisitoriais de Lisboa, acusados de um patético crime: usar diabólicas “bolsas de mandinga”, os famosos patuás baianos, vendidos hoje aos milhares no Mercado Modelo e nas barracas de souvenir ao lado da igreja do Bomfim. Salvo erro, foi esta a única ocasião em que Jacobina se fez presente no Santo Tribunal de Lisboa, uma página inédita e dramática, reflexo de um tempo onde a intolerância e o arbítrio tinham foros de legitimidade e sob o abominável pretexto de manter a cristandade unida, o alto clero luso-brasileiro não hesitava de, em nome de Jesus, lançar mão do chicote e da fogueira a fim de reconduzir as “ovelhas desgarradas” ao rebanho do Bom Pastor. (MOTT, p.101-102)

Após serem condenados e enviados a Lisboa pelo tribunal do santo Oficio, os mandingueiros declararam que apenas carregavam a bolsinha, sem saber o que tinha dentro dela e portanto não tinha mal nenhum. Porém, as práticas vista em torno da bolsa, ou seja, a crença que tinha nela deveria ser punida pois feitiçaria era crime de acordo com o tribunal e por isso teria que ser punido.

Outro ponto a ser analisado na Bahia colonial e as ações do Santo Oficio, dizem a respeito da santidade. A Santidade acabaria assimilando traços do catolicismo e do colonialismo por ela combatidos.

Ao analisar a documentação do Santo Ofício (processos, denunciações e confissões) em relação à Santidade de Jaguaripe, movimento indígena que perdurou no Recôncavo Colonial (1585-1595), podemos observar que está se difundiu não apenas entre os povos tupinambá, mas também entre os negros, brancos e mamelucos, muitos dos quais

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