A FORMAÇÃO DAS ALMAS: O IMAGINÁRIO DA REPÚBLICA NO BRASIL
Por: YdecRupolo • 30/5/2018 • 2.635 Palavras (11 Páginas) • 315 Visualizações
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Os jacobinos representados por Silva Jardim comparavam a Monarquia ao Ancien Régime francês e consideravam o Império brasileiro mesmo que equivocadamente, a causa direta do “atraso, o privilégio, a corrupção”. Eles ansiavam para o país a liberdade, a igualdade e a participação, embora não explicassem como colocar em prática, esses ideais. Os positivistas traziam múltiplas propostas, tais como: um estado laico, o poder Executivo “forte e intervencionista”, “a incorporação do proletariado à sociedade moderna” progresso, ditadura, e o despotismo ilustrado progresso por meio da ditadura.
A Cidadania e a Estadania
Entre os que buscavam a República como alternativa à Monarquia, grande parte estava ligada ao Estado por motivos pessoais como, por exemplo, trabalho, evidentemente, para essa parcela da sociedade o Estado era como um salvador. Mesmo quando se envolviam na política, o faziam por intermédio do Estado, sendo assim, sua atuação política não poderia ser considerada aquisição dos direitos de cidadão, ao invés disso “era uma inserção que se chamaria com maior precisão de estadania”. Havia um debate entre os intelectuais principalmente entre os republicanos, da relação entre o público e o privado, entre a república antiga e a moderna.
[...] “Para que funcionasse a república antiga, para que os cidadãos aceitassem a liberdade política em troca da liberdade individual; para que funcionasse a república moderna, para que os cidadãos renunciassem em boa parte à influência sobre negócios públicos em favor da liberdade individual – para isso, talvez fosse necessária a existência anterior de sentimento de comunidade, de identidade coletiva” [...] (p. 32).
Capítulo 2 – As proclamações da República
No Brasil, como em outros lugares do mundo, havia uma “batalha pela construção de uma versão oficial dos fatos, a luta pelo estabelecimento do mito de origem”, que vinculava a natureza do novo regime. As versões da Proclamação da República provinham de Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, e Floriano Peixoto. Num primeiro momento se estabeleceu em debate verbal, com o passar do tempo foi se fortalecendo até se transformar em disputa política.
Deodoro: A República Militar
Os simpatizantes de Deodoro eram os oficiais que lutaram na guerra do Paraguai. A visão que eles tinham da proclamação era obra dos militares sob o comando de Deodoro, portanto sem nenhuma atuação civil.
Benjamin Constant: A República Sociocrática
Os que acreditavam na direção de Benjamin Constant na ocasião da proclamação, o consideravam como um líder intelectual e teórico, além disso davam a ele o mérito de a proclamação não ficar conhecida apenas como um “fiasco militar”. Os positivistas foram os maiores propagadores dessa ideologia. Na descrição de Teixeira Mendes, Benjamin é colocado no “panteão cívico do Brasil, ao lado de Tiradentes e José Bonifácio”.
“Em sua forma pura, a vertente ligada a Benjamin Constant ficou restrita às propostas dos ortodoxos e não encontrou aplicação prática. Mas contribuiu para várias medidas dos primeiros anos da República, sobretudo a separação da Igreja e Estado, a introdução do casamento civil, a secularização dos cemitérios, o início do contato com o operariado, a reforma do ensino militar” (p. 42).
Quintino Bocaiuva
Era chefe do Partido Republicano e propagandista. Os propagandistas tinham aliança com os militares, e eram eles que davam um caráter civil ao movimento. Segundo Quintino, os militares teriam sido usados contra o governo a favor do Partido Republicano, ele, nem outro propagandista qualquer podiam, no entanto, negar a importância dos militares. “As tentativas de construir o mito original da República revelam as contradições que marcaram o início do regime, mesmo entre os que o promoveram. [...] O mito ficou inconcluso, como inconclusa ficara a República”.
Capítulo 3 – Tiradentes: um herói para a República
Para legitimação de qualquer regime político, são criados os heróis. Esses heróis não são inventados inconsequentemente, são planejados para suprir a necessidade de uma sociedade em especial. Essa necessidade foi alimentada pela figura de Tiradentes, apesar de haverem poucos documentos que detalhem sua história. Mas há registros da comoção popular no evento que culminou em sua morte. Sua imagem conflitava com a do Imperador que o condenou à morte por conta disso, por vezes ocorreram agitações políticas.
O funcionário do governo Joaquim Norberto descobriu documentos com informações que julgou relevante registrar em sua obra História da Conjuração Mineira. Criou-se polêmica em torno da declaração de Joaquim de um Tiradentes contrito, submisso a religião. Por um lado houve grande esforço em desmentir tais afirmações, porém chegou-se à conclusão de que poderia identificá-lo com o próprio Cristo, o que facilitaria sua consagração como herói da República. Tiradentes era cultuado e foi dedicado a sua memória o dia 21 de abril.
[...] “Na figura de Tiradentes todos podiam identificar-se, ele operava a unidade mística dos cidadãos, o sentimento de participação, de união em torno de um ideal, fosse ele a liberdade, a independência ou a república. Era o totem cívico. Não antagonizava ninguém, não dividia as pessoas e a classes sociais, não dividia o país, não separava o presente do passado nem do futuro. Pelo contrário, ligava a república à independência e a projetava para o ideal de crescente liberdade futura. A liberdade ainda que tardia” (p. 68).
Capítulo 4 – República – Mulher: Entre Maria e Marianne
A mulher era uma forte figura representativa no civismo francês, era símbolo de liberdade, da revolução e também da república, tal inspiração veio de Roma. O famoso quadro de Delacroix imortalizou a imagem de uma mulher que representa ali, a liberdade.
[...] “O barrete frígio cobre-lhe os cabelos apanhados para cima. Na mão direita, outro símbolo republicano, a bandeira tricolor, que tinha sido abandonada durante a Restauração [...] na mão esquerda, um fuzil com baioneta calada. Destacam-se os seios, nus e agressivos, e o gesto enérgico de comando em meio aos mortos e feridos das barricadas de Paris. Sem dúvida alguma ela canta Marselhesa” (p. 76).
No período da Terceira República a mulher
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