Texto de Clarice Cassab

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A análise da experiência do lugar conduz a trabalhos sobre o papel do espaço na construção de identidades, sobre a territorialidade, sobre as relações entre as conceituações do eu, do nós e do outro. O autor cita Bonnemaison [1986 e 1999] como referência. Trabalha-se também as relações homens/natureza. Eliade [1965], no domínio das ciências das religiões sobre a experiência do sagrado, atrai atenção. Se estabelece normas da capacidade da mente humana, a utopia das ideologias do processo social, o tempo imemorial das religiões tradicionais, etc, o mecanismo da nova geografia, na França, abrange a análise dos estudos. Se tem uma virada cultural, a partir dos saberes geográficos; é notado que são relativos a uma época, um lugar, uma área. Passa a não haver fronteira rígida entre a geografia cultural e a econômica.

O sentido dessa virada cultural é mostrar que não existem rupturas epistemológicas absolutas. Tem que ser verificados preconceitos e interesses particulares dos pesquisadores, também reavaliada as formas de conhecimentos geográficos. A ideia da geografia cultural como sub disciplina decai, na construção da geografia ela vem como base comum. Claval aponta que: o conhecimento do mundo sempre se faz através de representações, a cultura é construída a partir de elementos transmitidos ou inventados, a cultura existe através dos indivíduos que a recebem e a modificam (se constroem como indivíduos nesse processo), o processo da construção da cultura é também um processo social, a construção da sociedade é pela cultura, a construção do espaço é pela cultura, fala sobre a interpretação da gênese dos sistemas de crenças e valores, cultura e ideologias comunitárias, enfim, identifica as ferramentas de análise oferecidas pela abordagem cultural da geografia.

Em Claval: “às vezes, essa trajetória é apresentada em termos de revolução científica e de ruptura epistemológica. Pensamos que o sentido da virada cultural é diferente. Ele não se reduz a passagem dum período onde a ênfase foi sobre as técnicas e outra onde ele foi sobre o sentimento e o simbolismo. Foi uma evolução que não excluía uma certa continuidade”. Sendo assim, é necessário somar todas as contribuições para compreensão de inúmeros fatores; seja conflitos sociais em nível local ou internacional, etc. A abordagem cultural aparece como um fundamento, que explica a construção dos indivíduos, da sociedade, do espaço e de sistemas normativos.