Relatório: O Conceito de Preconceito
Por: Evandro.2016 • 12/8/2018 • 1.691 Palavras (7 Páginas) • 365 Visualizações
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Não sendo inatos os sentimentos ou atitudes preconceituosas, seriam incorporados por nós por meio de nossas relações com os outros indivíduos dos quais dependemos, por medo das consequências caso não o fizéssemos. Os valores por nós introjetados, não são a realidade, mas mediados por nossa percepção, que não é inteiramente objetiva.
Para viver em uma determinada cultura o sujeito tem de abrir mão de determinados desejos próprios e se adaptar ao sistema que o cerca, que exige ações e reações predeterminadas, que podem estar impregnadas de preconceitos ao serem transmitidas culturalmente. Ao atribuirmos valões positivos ou negativos, sem reflexão ou espontaneidade de juízo, estamos sendo preconceituosos, pois muitos de nossos julgamentos podem parecer espontâneos quando na verdade são produtos de diversos fatores, ideológicos, econômicos ou religiosos, etc.
Quando preconceituosos não enxergamos as características próprias da subjetividade individual de cada uma das vítimas, mas sim, uma serie de atributos fixos, através dos quais as categorizamos independentemente das qualidades que a possua em estereótipos. O preconceito seria um mecanismo de defesa, ativado através de tabus, ou uma situação vivida no passado que nossa causa angustia. São estas características, ou predicados, que acionam o sistema de defesa frente a angustia.
O estereotipo não é o preconceito propriamente dito, mas um de seus elementos, o preconceito é uma reação individual, enquanto o estereotipo é um produto cultural. O preconceito pode conter em seu amago uma relação inversa a sua manifestação. Por ter reprimido em si, tendências a homossexualidade por exemplo, o sujeito pode manifestar preconceito contra homossexuais.
Já os estereótipos são oriundos da cultura e de suas diversas instâncias, como a família, escola, meios de comunicação, com o intuito de justificar a dominação. Frente aos avanços tecnológicos, om homem deve se adaptar ao padrão, deve se tornar o sujeito mecânico que a sociedade precisa para manter seu funcionamento e ordenamento social. A educação neste contesto se converte em uma eficaz ferramenta em benefício da homogeneização.
Como, em um contexto competitivo, quase toda a educação se volta para o desenvolvimento das competências necessárias para o desenvolvimento das competências necessárias para o mundo do trabalho, e como cada vez mais a racionalidade ligada aquele se expande para outras tarefas da vida, sobretudo a do lazer (progressivamente mais e mais organizado), é cada vez menor a probabilidade de a dúvida surgir e, portanto, da reflexão emergir; quando esta surge é por meio de alternativas de ação ligadas à mesma racionalidade que a impede. (CROCHIK, p. 23)
Busca-se a reflexão imediata e, portanto, pouco refletida por parte do sujeito. O indivíduo responde automaticamente aos estímulos ideológicos adquiridos e assim a experiência é impossibilitada por esta ação reflexiva instantânea.
Portanto os conteúdos dos estereótipos servem ao propósito da dominação onde a indústria cultural tem também papel doutrinador.
Outro termo que pode ser utilizado para nomear o estereotipo é o de preconceitos culturais. Fornecidos por vezes pela ciência, fazem parte da ideologia, cujo conceito, embora seja amplo e polêmico, para o nosso intento pode ser concebido como a justificativa para a dominação. Nessa definição, intencionalmente particularizada, inclui-se a dominação de determinadas classes sociais sobre outras, isto é, tal como pode ser derivada da teoria marxiana. Mas pretende-se ir além, abrangendo toda a dominação, incluindo a que se dá sobre a própria natureza. Desta forma, ideologia é para nós a tentativa de se justificar qualquer forma de dominação (CROCHIK, p.39)
Portanto a ideologia seria um produto cultural manifesto na ideologia, onde a própria ciência e filosofia justificam a dominação da cultura sob o indivíduo. A cultura não pode existir sem o indivíduo, portanto se impõe a ele.
Crochík nos diz que o preconceituoso, em geral, é avesso à subjetividade, ele julga não só falar em seu nome, mas no de uma coletividade a qual representa. Para todos aqueles que assimilaram seus estereótipos se propaga uma certa identificação, “o bem”, os contrários aos seus tipos ideais são o mal, os inimigos.
Assim a própria razão pode ser um meio de ocultação da realidade, e um instrumento de manipulação e dominação de uns sobre os outros, justificando os preconceitos adquiridos pelo indivíduo como valores morais a serem mantidos.
A classificação que estamos acostumados a fazer com os objetos é extrapolada para as pessoas e isso é possível quando são consideradas como coisas a serem manipuladas. O que pode ser desejável no domínio das coisas é reificador no reino humano. Mas isso nos faz pensar que a ciências sociais e humanas, quando se valem dos mesmos métodos que as ciências da natureza, não se utilizam de um mecanismo distinto do preconceituoso; como o seu objeto é tratado de forma similar aos outros, esse deve ser adaptar ás grandes categorias para ele preparadas. Neste processo, não deixa de haver a predominância do olhar do sujeito sobre o seu objeto, da mesma forma que no preconceito. Essa afirmação, contudo, é menos uma crítica a utilização de modelos experimentais próprios às ciências naturais, e mais uma constatação de que, se isso é feito, é também porque o homem se reduziu a um ser natural. Nem por isso, no entanto, a ciência deve deixar de ser criticada. Ela própria não é necessariamente isenta dos mecanismos formais dos preconceitos: “ A ciência é repetição, aprimorada como regularidade observada e conservada em estereótipos... Com seu triunfo, as manifestações humanas tornam-se ao mesmo tempo controláveis e compulsivas. Da assimilação à natureza resta apenas o enrijecimento
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