ANALISE MULTITEMPORAL DA EVOLUÇÃO DAS ÁREAS OCUPADAS POR MANGUEZAIS NO BAIXO CURSO DO RIO BACANGA

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Na sub-bacia 4, bairro Vila Embratel, o manguezal é a principal formação natural devastada pela ocupação urbana. São várias atividades que degradam esse ecossistema-desmatamento, construção de casas, ruas e avenidas.

Durante o processo de urbanização da sub-bacia, uma série de aterros foi implantada. Esses aterros têm bloqueado a entrada de maré, com consequências diretas ao ecossistema de manguezal. “O aterramento pode provocar alterações no padrão de circulação das águas nos manguezais que, em última instância, provocam a sua perda” (RIO DE JANEIRO, 2001). Com isso, tem-se uma diminuição progressiva de salinidade, o que acarreta processos de sucessão ecológica em áreas que antes eram ocupadas por manguezais.

Por outro lado, a construção da barragem do Bacanga tem alterado o ciclo de marés e ampliado a área permanentemente inundada na bacia, o que condicionou a expansão de novas áreas de mangues no baixo curso do rio Bacanga. Além do mais, a condição geológica de baixo relevo da Ilha, em consonância com a atuação da alta amplitude de marés (BEZERRA, 2014; PEREIRA, 2006), são fatores naturais que propiciam a transgressão marinha nas planícies, o que favoreceu a expansão de novas áreas de manguezal.

Dessa forma, observa-se uma transformação paisagística em vários pontos da sub-bacia 4, bairro Vila Embratel. De um lado, o crescimento horizontal, que destrói os manguezais. Por outro lado, a formação de novas áreas de mangue em decorrência do aumento da salinidade advindo das inundações da barragem do Bacanga.

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2 JUSTIFICATICA

Os manguezais desempenham diversas funções, importantes para a preservação e equilíbrio dos rios e mares. “Os manguezais protegem o litoral da erosão e das consequências de ventanias e tempestades, além de reter os sedimentos evitando, assim, o assoreamento das águas adjacentes”. (REBELO; MEDEIROS, 1988, p. 26).

Rebelo-Mochel (2011) coloca o manguezal maranhense associando-o à Amazônia Costeira. A autora aborda a importância ambiental dos manguezais para a qualidade do clima, e para diversas espécies de flora e fauna, inclusive de espécies migratórias:

Considerando os serviços ambientais fornecidos pelos manguezais e ecossistemas associados na Amazônia costeira, enfatizam-se as funções de berçário para diversas espécies marinhas e estuarinas, refúgio e área de alimentação para espécies migratórias e ameaçadas de extinção, importância para a biodiversidade, incluindo espécies endêmicas, atenuação da erosão costeira, das enchentes, da poluição, manutenção da qualidade do clima, ciclagem de nutrientes, água e sedimentos, além de propiciar uma fonte de lazer e entretenimento. (REBELO-MOCHEL, 2011, p.110).

Além de toda a importância ambiental supracitada, Rebelo e Medeiros (1988, p. 24) abordam ainda a relevância dos manguezais para a vida marinha e para as pessoas que dependem da fauna do manguezal para sobreviver:

A alta produtividade dos manguezais fornece uma grande quantidade de matéria orgânica e nutrientes os quais são levados para as águas das baías e enseadas através das desembocaduras dos rios e mares. A matéria orgânica e os nutrientes serão utilizados por organismos microscópicos os quais, por sua vez, servirão de alimento para organismos maiores, como camarões, e peixes, formando então uma cadeia alimentar. Por essa razão, os litorais com mangue são extremamente piscosos e sustentam as colônias de pescadores e possuem, portanto, uma expressiva importância social, econômica e cultural.

Diante da importância dos manguezais já colocada, toda pesquisa que vise conhecer esse ecossistema torna-se relevante. Para Mendes (2016): “Em São Luís, cerca de 50% dessa vegetação já desapareceu por conta do crescimento descontrolado da capital”. Por isso, são importantes pesquisas científicas que visem conhecer os motivos da degradação desse ecossistema presente na cidade de São Luís-MA.

Trabalhos como o de Bezerra (2014) esclarecem a evolução espacial dos manguezais, de acordo com o ciclo e a atuação da maré. Mesmo assim, ainda há uma carência de pesquisas dessa natureza sobre a costa maranhense.

Por outro lado, existe uma gama de pesquisas que tem revelado a ocupação urbana e a degradação dos manguezais na Ilha do Maranhão, como Silva (2008), e especificamente na bacia do Bacanga, como Macêdo e Feitosa (2011), e Lopes (2016). No entanto, não existem atualmente, pesquisas que revelem a interferência indireta da Barragem do Bacanga sobre os manguezais em suas redondezas.

No que tange á relação com a linha de pesquisa ao Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual Do Maranhão, o vínculo com a linha Dinâmica da Natureza e Conservação justifica-se pela relação intrínseca com a geomorfologia e pedologia (mangue-relevo-dinâmica do mar-interferência humana), análise paisagística e mapeamento de fenômenos geográficos (analise multitemporal da evolução das áreas de mangue), bacias hidrográficas (no caso, baixo e medio curso do rio Bacanga).

Assim, a presente pesquisa poderá contribuir para diversas pesquisas que buscam compreender os impactos ambientais que as barragens têm causado sobre os manguezais no Estado do Maranhão, bem como a órgãos e entidades de planejamento e gestão de recursos.

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3 OBJETIVOS

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2.1 Objetivo Geral

Analisar, multitemporalmente, a evolução das áreas de manguezal no médio e baixo curso do rio Bacanga.

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2.2 Objetivos Específicos

- Caracterizar os elementos naturais, as feições geomorfológicas e as interações morfodinâmicas da área de estudo, que modificaram a paisagem local ao longo dos anos;

- Analisar o processo histórico de ocupação urbana da área de estudo;

- Mapear, por meio de Sistema de Informações Geográficas, a dinâmica de expansão e/ou retração de manguezais, dentro dos mais diversos pontos do médio e baixo curso do rio Bacanga.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a execução da pesquisa, será feito primeiramente o levantamento bibliográfico, que, para Andrade (2007, p. 25) “constitui o primeiro passo para todas as