A natureza e espaço

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Dimensão Espacial do Cotidiano

Primeiramente, é destacado que o entendimento do conteúdo geográfico do cotidiano contribui para entendimento da relação entre espaço e movimentos sociais.

Milton ainda destaca que localidade se opõe e se confunde com globalidade, isto é, o mundo apresenta acesso restrito. A globalidade está relacionada com a ação no global, porém o global ainda é uma possibilidade, logo, é praticamente impossível uma ação se realizar no global, permanecendo com as mesmas intenções, forças do local de origem.

Ao falar de lugar, o cotidiano já está compartido entre pessoas, firmas e instituições, e a cooperação e o conflito são a base da vida em comum. Assim, o cotidiano de cada um é marcado pela contiguidade com o cotidiano do outro, ações individuais que se unem e se cruzam.

Os Pobres na Cidade

Os lugares são globais simples, onde apenas alguns vetores da modernidade se instalam e o que são lugares complexos, onde existe uma profusão de vetores e abrigam representantes e oponentes das lógicas hegemônicas.

A partir disso, podemos compreender que a cidade grande é um espaço banal, onde os fracos podem subsistir. Hoje, graças ao fenômeno das redes e da difusão da modernidade no território, o capital novo se difunde mais rapidamente e profundamente no campo do que na cidade, pois na cidade o próprio meio ambiente construído constitui um obstáculo à difusão desses capitais novos.

A própria complexidade das relações na cidade, a complexidade dos agentes atuantes. Onde se tem menos agentes interferindo no campo do que na cidade, que provocam a difusão diferenciada do capital entre o campo e cidade.

Duas situações que chama a atenção, é o tipo em relação à economia: economia globalizada produzida de cima, e economia produzida pelos setores de baixo. Cada um instalando divisões do trabalho típicas.

Foi abordado o conceito de “flexibilidade tropical” (Santos, 1991), que para os mais pobres, o quadro ocupacional não é fixo, cada ator é móvel. Com uma hipótese de conceituar uma relação com o conceito de circuito inferior da economia.

Os conceitos de cidade luminosa e zonas urbanas opacas foram abordados em seguida. A cidade luminosa seria a cidade moderna, onde a “naturalidade” do objeto técnico cria uma mecânica rotineira. Já as zonas urbanas opacas, seriam os espaços onde vivem os pobres.

A partir disso, fala se sobre cultura, que seria herança, mas também, um reaprendizado das relações entre homem e o meio. Já cultura de massa ocorreria porque a classe média tentaria justificar e racionalizar seu empobrecimento e tentaria se inserir na “cultura hegemônica”

Straforini destaca que as culturas populares, algumas vezes, são transformadas para serem inseridas na cultura hegemônica e perdem seu significado de tentativa de ir contra a hegemonia.

Os Migrantes no Lugar: Da memória à Descoberta

Aqui destaca se a mobilidade, que é cada vez mais comum e praticamente uma regra, ocorrendo principalmente, pelas classes mais pobres. E essa mobilidade gera desterritorialização, que causa estranhamento, desculturização do migrante, pois ele não está acostumado com a nova realidade e precisa se adaptar à ela. Surgem assim uma cultura hibrida, isto é, junta-se a cultura do migrante com a cultura do lugar.

Aumentando a aceleração contemporânea, tornando cada vez mais intensa e provoca cada vez mais mobilidade, que por sua vez aumenta a dinâmica e tornando-se um ciclo.

Por fim, Milton destaca que o passado é uma condição para realização de um evento, mas o que provoca o dinamismo nesse evento é o presente. Logo, a noção de espaço desconhecido se torna positiva, pois apresenta papel na produção da nova história.

Assim concluo que Milton Santos, afirmava as mudanças que ocorreriam na sociedade viriam “de baixo”, isto é, teriam o comando das classes mais baixas, pois elas que se encontram insatisfeitas com a atual situação na qual se encontram.