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A Tecnogênese na Geografia

Por:   •  20/11/2018  •  1.945 Palavras (8 Páginas)  •  268 Visualizações

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Humanidade como agente geológico

A ação geológica da humanidade é reconhecida por diversos autores, sendo considerada nos estudos do Quaternário (comoem Chemekov, 1982; Oliveiraet al., 2005) Esta qualificação resulta, inicialmente, da comparação qualitativa que pode ser feita entre os processos naturais (sem a participação da humanidade) e os processos antrópicos na transformação da Terra. Assim, obras de terraplanagem seriam comparáveis a processos erosivos; obras subterrâneas seriam comparáveis a formação de cavernas; subsidências e colapsos em terrenos cársticos a processos semelhantes em áreas mineradas; sismos naturais a sismos induzidos por reservatórios, etc. numa extensa lista que pode ser examinada em Ter –Stepanian (1988).

Num segundo momento, a comparação demanda uma avaliação dos volumes movimentado se das taxas de produção de sedimentos, pois, apesar do período de existência da humanidade ser insignificante em relação à história geológica, a intensidade dos processos se apresenta superior à dos processos naturais. Lal(1988) estima que os sedimentos lançados pelos rios nos oceanos passaram de10 bilhões de toneladas por ano, antes de intervenções da humanidade, para um valor entre 25 e 50 bilhões após a introdução da agricultura intensiva, pastagens e outros usos do solo

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Homem como agente geológico.

Ao se estudar o homem como agente geológico (e ele o é na medida em que, alterando ou produzindo processos da dinâmica superficial, gera depósitos correlativos), importa distinguir o que o diferencia dos demais agentes. O homem tem sido caracterizado filosoficamente como um ser que escolhe entre alternativas.

É, portanto, um ser natural que se diferencia da natureza, que sofre suas influências mas também age sobre ela, que interage e transforma o meio mas que também se transforma em decorrência dessa interação que se dá na busca de seus meios de produção de existência. É em virtude desse estatuto que o homem pode ser considerado um agente geológico de caráter essencialmente novo e diferenciado: ele é capaz de fazer as propriedades e o modo de ser da natureza combinarem-se de maneira original, em novos modos de funcionamento, de forma subordinada a suas intenções.

Desse modo, a espécie humana estendeu-se por quase todos os ambientes superficiais, sua ação sobre eles pode ser (e frequentemente é) mais intensa que os processos naturais equivalentes e, o que é de fato diferenciador, sujeita controle racional, a finalidades. A caracterização das dimensões da ação geológica humana, por sua vez, se fundamenta na comparação dos efeitos de sua ação com aqueles resultantes de processos naturais não modificados (Peloggia 1998a). Assim, se dá em termos temporais e da intensidade dos processos e expressão dos produtos dessa ação.

Em primeiro lugar, ao considerarmos a questão frente ao tempo geológico, deve ser considerado que, apesar do período de existência do homem sobre a Terra ser insignificante em relação à história geológica, o que é determinante é sua relação com os processos contemporâneos. No que diz respeito à intensidade dos processos, tem sido extensamente mostrado que os mesmos podem e frequentemente superam os equivalentes naturais.

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Geotecnogênese

Denomina-se geotecnogênese ao conjunto dos níveis da ação transformadora do homem sobre o meio geológico, e que envolve: (1) as alterações dos processos da dinâmica geológica externa, sejam erosivos ou deposicionais; enfim, do modo de funcionamento ou fisiologia das paisagens; que se desdobram em (2) criação de formas de relevo e; (3) formação de depósitos geológicos sedimentares. A tecnogênese dos processos, de caráter erosivo ou degradativo (que implicam em mobilização de material geológico, isto é, desgaste e transporte) e construtivo (gradativo, que implica em acumulação de material geológico), deve ser caracterizada como a ação (ou efetuação, como prefere Rohde 1996) pela qual o homem interfere no funcionamento de um processo (seja pela ação direta, seja criando fatores que atuam diretamente sobre o mesmo), intensificando-o ou diminuindo-lhe a intensidade ou expressão, ou cria processos geológicos novos, ou seja, que não existiriam daquela forma sem tal interferência.

O relevo tecnogênico, por sua vez, é resultante da alteração da fisiografia das paisagens pela morfotecnogênese (Peloggia 1998b) e abrange os modelados cujo agente geomórfico é o homem. Na perspectiva do autor citado, os modelados tecnogênicos são conjuntos de forma de relevo produzidos direta ou indiretamente pela ação humana, e que podem ocorrer conjunta e associadamente (como, por exemplo, o relevo tecnogênico urbano) ou como formas isoladas.

Em termos genéticos, distinguem-se formas de degradação (resultantes de processo tecnogênicos degradativos, como terrenos rampados e vertentes ravinadas) ou de agradação (resultantes de processos agradativos, como aterros e morrotes artificiais e planícies aterradas).

Quanto à taxonomia, o relevo tecnogênico se expressa desde a posição inferior (o 6º táxon de Ross 1992), correspondente a formas menores, até formas de vertentes (5º táxon) e mesmo, de acordo com a perspectiva, como tipos de formas de relevo individualizadas (4º táxon).

Diferentemente do relevo natural, em que os táxons apresentam uma forte ligação genética no encadeamento, as formas de relevo tecnogênicas guardam forte independência, ou mesmo condicionamento algum, em relação aos táxons superiores.

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Depósitos Tecnogênicos

Depósitos tecnogênicos Os registros geológicos gerados pelos processos tecnogênicos agradativos (fenômeno que poderíamos denominar estratitecnogênese ou tecnogênese de depósitos), podem ser considerados formações geológicas superficiais de categoria diferenciada e constituintes de uma classe genética independente (como os depósitos aluviais, os vulcânicos etc.), mas incluídos na classificação estratigráfica formal como unidades lito estratigráficas especiais, com as características básicas dessas unidades mas com o atributo genético como fator distintivo (Peloggia 1999b, 2003).

O próprio Tecnógeno, cujo estatuto corresponde ao de série cronoestratigráfica (representando, portanto, uma época geológica do Quaternário), não pode ser rigorosamente definido

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