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A Geografia Agrária

Por:   •  11/3/2018  •  5.540 Palavras (23 Páginas)  •  254 Visualizações

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O Brasil, segundo o governo brasileiro, é um país laico, ou seja, é uma nação com posição neutra no campo religioso, porém a história do país nos revela fatos que provam o contrário. A abrangência e repercussão dos movimentos messiânicos com o passar dos séculos tiveram tanta força que atualmente a nação brasileira se encontra em uma situação contraditória em relação a religião. Porém, o fato é que a importância desses movimentos para a afirmação religiosa como característica forte do povo camponês é inegável.

Duas comunidades formadas basicamente com o intuito de abrigar pessoas sem condições financeiras e viver em comunidade de forma mais igualitária e justa foram destruídas por motivos políticos: Canudos e a Comunidade Caldeirão. As duas tinham como líderes homens religiosos com ideologias que seguiam em direção contrária aos interesses políticos daqueles que detinham o poder e inclusive da igreja católica, que já é conhecida por cometer atos que, teoricamente, não lhes são convenientes.

Apesar dos horrores cometidos contra essas comunidades, entre elas há uma característica comum e que pode facilmente ser observada no camponês: a forte religiosidade. Ao nos depararmos com situações difíceis nossa primeira vontade é desistir e/ou tentar encontrar um caminho mais fácil. Com o povo do campo ocorre de modo diferente. As adversidades não os permitem parar, pois quem os ajuda a prosseguir não são os homens e sim as divindades. Eis então o motivo pelo qual devemos dar importância a sua crença. Ela faz parte da vida individual e coletiva deles.

Aos santos, aos quais são atribuídos funções diversas no cotidiano do camponês, são realizadas festas e celebrações com o objetivo de agradecer, celebrar e/ou fazer-lhes pedidos. Algumas dessas comemorações se tornaram tão importantes, como as romarias de Canindé e de Juazeiro do Norte, que muitas das pessoas que participam o fazem apenas por turismo. O interesse em conhecer apenas as histórias e as cidades desses santos têm rebaixado aos poucos as reais finalidades e a importância da realização dessas celebrações para o povo do campo.

2.2 As músicas, as cantorias, as vaquejadas, festas, os festejos e as celebrações.

As festas, os festejos, as celebrações, as músicas, as cantorias e as vaquejadas revelam algo belo da cultura e modo de vida do camponês: a alegria. Povo sorridente, animado e criativo que transforma em arte tudo de bom e de ruim que acontece em sua vida. É dessa forma que devemos entender o camponês.

Há diferenças entre festas e celebrações, apesar de muitas vezes as compreendermos de um mesmo modo. Em geral, quando falamos do camponês, as celebrações são movimentos destinados a cultuar divindades, enquanto que as festas são manifestações culturais. Porém é perceptível que não são poucas as vezes em que as duas se misturam, como é o caso dos festejos juninos. Essa festa tem como objetivos celebrar os santos São João, São Pedro e Santo Antônio e festejar a colheita. Outro exemplo são as romarias destinadas a determinados santos que se finalizam com festas.

Outras formas de expressões do camponês são as músicas e as cantorias que podem ser configuradas como as mais belas e poéticas se comparadas com qualquer outro tipo de composição musical. Tal importância se dá pela criatividade e vínculo com a realidade da vida no campo expressa nas letras dessas músicas. Luiz Gonzaga, um dos principais responsáveis por repercutir por todo o país a cultura e a história do povo nordestino, teve grande sucesso com a música Asa Branca. Quando analisada em um primeiro momento podemos ver a vida e o homem do campo como algo penoso devido as suas condições de vida, porém se analisada com mais atenção, essa música nos revela um homem forte, corajoso, alegre e religioso que não se abate tão facilmente.

O fato é que a cultura do camponês muitas vezes nos causam estranhamento como é o caso das vaquejadas. A pega do boi pelo rabo parece-nos algo extremamente errado, porém temos que perceber que isso faz parte da vida no campo. Não se pode querer mudar algo da cultura do camponês só porque não está de acordo com a nossa. Eles possuem um história que precisa ser preservada e não mudada ou criticada. Por esse motivo, ao se fazer uma pesquisa sobre o camponês é necessário ingressar nesse caminho de forma cultural mais neutra possível, pois a sua cultura e modo de vida é algo complexo e diversificado e que pode se configurar de modo diferente em variados lugares.

- ''OS SISTEMAS OU OS MODELOS DE EXPLORAÇÕES AGROPECUÁRIO''

3.1 Agricultura camponesa e as ''agriculturas alternativas''.

As definições atribuídas aos termos camponês e agricultura familiar, apesar de muitas vezes serem compreendidos com um mesmo significado, divergem tanto no próprio significado como nas atribuições que lhes são direcionadas. O camponês é o homem que vive do que é plantado, cultivado e criado no campo e que direciona para o mercado somente o excedente do que é produzido, classificada sua atividade como campesinato. Já a agricultura familiar é a atividade de plantar e cultivar para em um tempo posterior direcionar para o mercado o produto daquilo que foi cultivado.

Uma família que vive no campo, tanto as que sobrevivem com a atividade do campesinato como as que dependem da agricultura familiar, têm em sua estrutura hierárquica os papéis de seus integrantes bem definidos. O homem é responsável por trabalhar no campo, enquanto que a mulher assume o papel de cuidar da casa, dos filhos e ajudar no campo. Suas tarefas não são vistas pelo homem como trabalho deixando bem claro a visão, para nós que somos culturalmente diferentes, machista que a elas são direcionadas. Porém uma crítica a essa visão ou até mesmo ao papel assumido pela mulher do campo é inviável, pois a cultura do povo do campo deve sempre ser analisada de forma neutra sem introduzir nessas análises as questões éticas e morais particulares da cultura daquele que pesquisa.

O MPA - Movimento dos pequenos agricultores têm lutado de forma ideológica para manter viva a cultura do povo do campo sem a interferência de culturas estranhas a eles. Através da organização de feiras direcionadas em expor o modo de vida do povo do campo, o MPA tem resistido aos avanços da cultura industrial sobre o modo de vida deles. Nas feiras são vendidas comidas feitas pelas próprias mulheres das famílias do movimento, são realizados shows com músicas da própria cultura deles e exposição

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