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SEXTO EMPÍRICO - SEMINÁRIO FILOSÓFICO

Por:   •  16/4/2018  •  3.413 Palavras (14 Páginas)  •  290 Visualizações

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O ponto central do pensamento dessa escola são as paixões, capazes de conduzir a uma dilaceração da alma e só poderá ser contida pela filosofia, o melhor caminho, a verdadeira terapia da felicidade. Estudam as paixões para reconhecer seus malefícios e buscar expurgá-las, sua grande preocupação é elaborar uma filosofia destinada ao bem viver.

As Escolas Helenísticas são compostas de 5 correntes filosóficas que tem em comum a busca do bem viver, assim: Ceticismo; Epicurismo; Estoicismo; Peripatética e Neopitagorismo. Todas essas correntes influenciaram profundamente a filosofia que surgiu posteriormente.

Esse breve comentário ficará adstrito a corrente Ceticismo, em especial ao Ceticismo Pirrônico.

3.3 Ceticismo

A corrente do ceticismo é dividida em duas escolas filosóficas, a primeira, denominada de Escola Acadêmica, que assume ser impossível chegar à verdade (suspensão de julgamento) e trabalham no universo do provável, a segunda corrente, denominada escola Pirrônica e também entende que a verdade é inalcançável (suspensão de julgamento), no entanto, diferente da Acadêmica, entende que devemos continuar a procurar a verdade.

Apesar de existir um ponto de intersecção entre os dois modos de pensar (impossibilidade de alcançar a verdade) existe divergência entre eles. Enquanto a Escola Acadêmica em suas conclusões utiliza-se da probabilidade os Pirrônicos, por seu turno, privilegiam o caminho percorrido na busca pela verdade. O caminho percorrido na busca, investigação, é fonte de desenvolvemos do conhecimento.

O Ceticismo é um movimento filosófico iniciado por Pirro (365 a.C – 275 a.C), natural de Elis (pequena cidade do Peloponeso), que ao lado de Anaxarco, filósofo seguidor de Demócrito, acompanhou Alexandre Magno na expedição ao Oriente (334 – 324 a.C.). Nessa expedição teve contato com os gimnossofistas, aqueles que alcançam a sabedoria por meio do corpo conhecidos por mestres de ioga, e ficou muito impressionado por suas doutrinas. Apesar de ser reconhecido como um dos fundadores desta corrente filosófica, além de um poema em homenagem a Alexandre, nada escreveu.

Além do filosofo Pirro, podemos citar : Tímon (325 — 235 a.C.); Arcesilau ( 316 — 241 a.C.); Carnéades (214—129 a.C.); Enesidemo (Séc. I d.C.); Agripa ( I —II d.C) e Sexto Empírico (160— 210 d.C.).

Esta corrente filosófica sustenta ser impossível chegar-se a qualquer juízo inopinável, universal e indiscutível e tem enorme influência no renascimento, sobre maneira na filosofia de Montaigne, Descartes, Hume, entre outros. Os textos sobre os céticos antigos exerceram pouca influência sobre o pensamento medieval posterior a Agostinho (século IV), pois na verdade eles estiveram em grande medida inacessíveis até serem recuperados durante o Renascimento.

Vale citar que sua importância para o desenvolvimento do pensamento cético no início da filosofia moderna foi tamanha que Montaigne, conta-se, ficou tão impressionado ao ler Sexto Empírico que gravou nas vigas de sua biblioteca várias sentenças extraídas das Hipotiposes.

Para entender o ceticismo devemos nos libertar do conceito atual do termo, onde ser cético é não acredita em nada, um descrente. Na verdade o cético como todo filósofo acredita em algo, no mínimo na própria filosofia, a diferença é que enquanto o filosofo “tradicional” busca encontrar uma verdade peremptória o cético, ao investigar sobre uma verdade apresentada, concluí que a verdade em si é algo inalcançável e percebe que a natureza do mundo e do homem é constituída de incertezas e que nenhuma proposição pode ser afirmada sem que também seja possível encontrar proposição equivalente em contrário.

Ao considerarem que o mundo é feito de incertezas, os céticos concluem que a única atitude aceitável é não opinar sobre a verdade e fazer uma suspensão de julgamento. Consideram presunçosos os filósofos que estipulavam verdades, os tratavam como “dogmáticos”.

Os argumentos utilizados pelos céticos para desmentir as afirmações dogmáticas, absolutas e indiscutíveis chamam-se TROPOS. Os TROPOS descrevem uma situação problemática, sem saída, onde existe a oposição de duas opiniões conflitantes em si, porém, sendo ambas verdadeiras. Dessa oposição insolúvel, demonstrando o contrário de cada afirmação, nasce a EPOCHÉ. Portanto, uma proposição nunca pode dizer-se verdadeira em absoluto, pois todo saber é um mero ponto de vista. Os mais conhecidos são os dez modos atribuídos a Enesidemo (séc. I a.C), assim:

1º Tropo – Trata da diferença de percepção existente entre os seres vivos. Não devemos aceitar as percepções como verdadeiras, pois o que é prazeroso ou útil depende da espécie à qual pertence o sujeito e do modo de vida que desenvolveu. Assim, como existe diferença entre como cada espécie de ser vivo interpreta o prazer, a dor, o dano e a utilidade, e como também existe divergência entre o modo de sentir entre indivíduos, o objeto deve, portanto, variar de uma espécie para outra em virtude dessas diferenças.

2º Tropo – Realça a subjetividade humana. Seres humanos possuem subjetividades diversificadas, suas idiossincrasias são diferentes entre si, uns sentem mais frio enquanto outros sentem menos sede, além disso, a escolha do útil também diverge de pessoa para pessoa e é motivada por preceitos existente e inerente a cada sujeito.

3º Tropo – Argumenta existir diferença entre os poros que transmitem as sensações, de um mesmo objeto originasse percepções diferentes. Um objeto colocado em frente a diferentes espelhos poderá transmitir sensações diferentes, dependendo do formato do espelho, disso decorre que nada de seguro pode ser dito sobre eles.

4º Tropo – Diz respeito às disposições individuais. Assevera que as condições do individuo, tais como juventude, velhice, doença, prazer, entre outras, determinam uma diversidade de impressões sobre um mesmo objeto. Esses elementos subjetivos do individuo dão origem a diferentes estados de consciência.

5º Tropo – É referente à educação, às leis, à crença na tradição mística, aos pactos entre os povos e a concepção dogmática. A existência de leis diferentes, de religiões diferentes, de diferentes modos de conceber a educação e diferentes pactos entre os povos sugere a inexistência de valores universais e dogmáticos.

6º Tropo – Nesse tropo questionam-se noções aparentemente objetivas. Tomando o peso como referência, mesmo ele sendo uma noção objetiva e universal, temos que

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