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Imagens de natureza, imagens de ciência

Por:   •  4/4/2018  •  2.219 Palavras (9 Páginas)  •  306 Visualizações

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O autor inicia então, uma secção do capítulo para tratar sobre as imagens de natureza nas visões de Buffon e Lamarck. O primeiro via a natureza como ativa e capaz de animar tudo, aderiu ao materialismo e isso se revela nas suas concepções de que a geração dos organismos deve ser vista como uma tendência à vida intrínseca à própria matéria. Com a sua hipótese cosmogônica, Buffon visava substituir a ideia de criação direta por Deus.

Lamarck, adepto do materialismo se mostra cético a respeito da possibilidade de se compreender a causa da existência dos seres orgânicos e do que constitui a vida e a essência desses seres, uma vez que, para ele, a matéria com todas as suas propriedades não parecia capaz de produzir um único ser da natureza. O autor discorre sobre as influencias deístas nos discursos de Lamarck que acreditava na existência de um “Autor” que criou a natureza que fosse capaz por si só de produzir sua diversidade e organização.

Abrantes, ainda sobre Lamarck, fala dos seus pensamentos acerca do transformismo. Através dessa corrente de pensamento Lamarck atribuía duas causas para a transformação das formas orgânicas, uma primeira que age no sentido de aumentar a complexidade das formas; e outra, que promove uma melhor adequação do ser vivo individual às suas “circunstâncias” ambientais.

O autor finaliza o capítulo tratando do tema “natureza e moral”, no qual discorre sobre a tendência que existe em se vincular uma imagem de natureza a uma imagem de sociedade e a uma filosofia moral na visão de Diderot. Abrantes discorre também sobre os discursos de Lamarck nos quais se pode perceber um materialismo que associa a filosofia natural e a filosofia moral. Assim, a aproximação entre filosofia natural e filosofia moral é o reflexo de uma continuidade mais profunda entre o ser humano e a natureza.

Capítulo 6 - Imagens na Recepção da Teoria de C. Darwin

Abrantes no capítulo 6 de sua obra, Imagens de Natureza, Imagens de Ciência, esclarece que para a elaboração de seus estudos, Charles Darwin teve como plano de fundo as imagens de natureza dos séculos XVIII e XIX e afirma que o objetivo da primeira parte do capítulo é avaliar como essas imagens contribuíram para a formulação de sua teoria sobre a evolução das espécies. Mostra também como os seus familiares, mentores e os lugares por onde ele passou estudou influenciaram a formação da sua imagem de natureza, bem como a sua formação como um naturalista.

Abrantes esclarece como a partir de observações e estudos, Darwin chegou a elaboração da teoria sobre a origem das espécies. Com apenas 26 anos e já reconhecido como cientista naturalista e iniciou a divulgação de suas concepções sobre a evolução das espécies. Contudo até chegar a divulgação de sua obra “A origem das espécies”, Darwin encontrou dificuldades com a compreensão e aceitação da organização dos seres vivos, bem como de algumas teorias defendidas por alguns de seus preceptores. Mas com o auxílio de teorias como as fundamentadas por Malthus, ele pode substituir a imagem de uma cadeia linear de evolução por a de uma árvore, descoberta que possibilitou grandes avanços em sua pesquisa. No entanto, a publicação de “A origem das espécies” só ocorreu 15 anos após o seu desenvolvimento, através de uma versão mais resumida, uma vez que Darwin não queria que a sua teoria fosse vinculada às dos

Outro fator influenciou a demora para a publicação da versão completa da obra de Darwin, o que Abrantes denomina como fator Chambers que se baseiam em dois elementos principais de uma teoria elaborada por Robert Chambers, a retomada da ideia de geração espontânea a partir da matéria inorgânica e uma concepção progressivista e teológica, continuísta e linear da evolução das espécies , tendo como o homem o fim ou o propósito. Isso ocorreu, pois Darwin pode avaliar como as suas ideias evolucionistas seriam recebidas pela comunidade cientifica. Contudo, apesar de tratar da evolução das espécies, as teorias de Darwin e Chambres discordavam em muitos aspectos, principalmente com relação a apresentação de mecanismos causais responsáveis pela evolução das espécies.

No subcapítulo “Lamarck por Darwin”, Abrantes discute o posicionamento de Darwin com relação às ideias de Lamarck e mostra que Darwin não via esses ideais com bons olhos por achá-los muito especulativos. Em carta a Hooker, Darwin afirma que considera trabalho de Lamarck são “verdadeiro lixo”.

Em seguida o autor esclarece que Drawin não aceitava a imagem materialista que propunha que a origem da vida se devia a geração espontânea e acreditava que a origem da vida parecia estar além dos limites da ciência. Por essa razão, as discussões sobre esse tema foram evitadas por Darwin em suas obras e debates.

Segundo Abrantes, a seleção natural proposta por Darwin é atualmente considerada uma explicação mecanicista para a evolução das espécies, contudo devido as grandes diferenças que possui dos mecanismos propostos pelos físicos do século XVII, Darwin é visto como um neomecanicista. Assim, ao questionar até que ponto Darwin concebeu a evolução em termos totalmente mecanicistas, o autor esclarece que apenas parcialmente, uma vez que ainda era possível verificar posicionamentos materialistas em suas teorias como, por exemplo, resquícios de um progressivismo e de teologia. Dessa forma, o autor finaliza a discussão mostrando como as imagens de natureza podem se mesclar e o quanto isso é comum na história das ciências. Ademais, Abrantes enaltece a importância da contribuição revolucionária de Darwin em mudar não só a imagem de natureza dominante, mas também a imagem de ser humano que contribuíram para uma resignificação dos termos mecanicismo e materialismo.

Abrantes reserva uma secção desse capítulo para a discussão a respeito da relação entre as imagens de natureza do século XIX e Darwin. Nesse ponto, o autor revela que as críticas ao trabalho de Darwin não se limitaram as teses subjetivas de sua teoria, mas também aos métodos escolhidos por ele para chagar as suas conclusões e revela os grupos dos quais partiam essas críticas. Tais grupos consideravam que as ideias de Darwin não eram suficientemente apoiadas em fatos e muitos estudiosos da época acreditavam que as ideias de Darwin possuíam um caráter especulativo. Então aconselhado por Hooker, Darwin introduz aos seus estudos a análise de crustáceos, visando comprovações em fatos, uma vez que, a ausência desses era alvo de muitas críticas.

O capítulo segue revelando como foi a aceitação das teorias darwinistas em um meio filosófico

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