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As principais Ideias Contidas Na Sua grande Obra Tractatus Logico-Philosophicus

Por:   •  28/6/2018  •  5.157 Palavras (21 Páginas)  •  255 Visualizações

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Assim como Frege, Wittgenstein acreditou que somente através da lógica, poderia resolver a ambiguidade das palavras. Alcançaria a clarificação conceitual, envolvendo na sua filosofia lógica os termos, usados também por Frege, de “conteúdo conceitual”, “sentido” e “significado”. Sobre o primeiro termo, é abordado de tal forma como Frege o utiliza, como uma maneira de “determinar a essência da linguagem pela análise da proposição declarativa.” (PINTO, 1998, p. 132). Contudo, o mesmo não se encontra nos outros dois termos na comparação com Frege, nas páginas posteriores encontraremos um momento acerca deste assunto.

A forma como esta obra foi escrita é de elevada importância para que se possa ter uma compreensão mais detalhada da mesma. Conhecendo como a obra é escrita, temos uma maior aprendizagem sobre os assuntos abordados, pois nos é possível realizar uma ligação entre os fatos da obra com mais facilidade como também nos auxilia na compreensão de seus termos, dos quais vamos nos debruçar adiante.

2. 2. As ideias presentes no Tractatus

2. 2. 1. Teoria da figuração

Essa teoria situa-se no centro da sua exposição, sendo seus primeiros passos posteriores à leitura de um processo judicial.

“Em setembro de 1914, na época em que navegava pelo Vístula, Wittgenstein teria encontrado uma revista na qual se narrava um processo judicial em Paris referente a um acidente automobilístico. Na audiência, para descrever e explicar o que havia ocorrido, o acidente foi reconstruído com bonecos e veículos em miniatura, cada fase do acidente foi assim representado, num certo número de modelos ou figuras.” (SCHMITZ, 2004, p. 83)

Também traduzidas por alguns como teoria pictórica, ela expressa um desenvolvimento do pensamento de Hertz acerca dos modelos (Bild) construídos pelos homens a partir da realidade. Uma teoria bem desafiadora por não considerar nenhum mecanismo psicológico, e sim, apenas com raciocínio lógico nesta teoria. Wittgenstein a converge em uma detalhada explicação do modo de representação simbólica ao dizer que “fazemo-nos figurações dos fatos” (WITTGENSTEIN, 1968, [2.1]). Com isso, a linguagem é ordenada de acordo como as coisas estão afiguradas. Mas, para o nosso filósofo, todas as proposições dotadas de significado são funções de verdade de proposições elementares[1], ao explicá-las na teoria da figuração, ele também explica o alicerce da representação e da lógica. Com isto, notamos a pretensão de afirmar que o homem realiza figurações da realidade, não envilecendo o pensamento da linguagem sendo o conjunto das proposições elementares, que por sua vez, são formadas por nomes que figuram os fatos, estes conjuntos das ligações de objetos (coisas). (Cf. WITTGENSTEIN, 2001, [2.01])

Nesta teoria sempre haverá a evidência da relação conjunta linguagem-mundo, proposição-fato, consequentemente, notamos a determinação da linguagem pela lógica, e não apenas esta, como também determina o mundo. Visto isto, Wittgenstein “[...] parte da linguagem para chegar à realidade. É a linguagem que condiciona o mundo: que as elementos da figuração se ordenem entre si de modo determinado, mostra que as coisas se ordenam também entre si do mesmo modo.” (ZILLES, 2001, p. 35) A possibilidade da linguagem figurar a realidade se apoia na veracidade de ambas possuírem em comum a forma lógica – o arranjo dos nomes na proposição, sua estrutura em relação aos objetos no estado de coisas realmente existentes (Cf. SCHMITZ, 2004, p. 99). Com isto temos dois elementos sendo mediados por um terceiro: um deles é o mundo, o fato, no outro extremo está mais um elemento, a linguagem, as proposições, e o terceiro elemento é a forma lógica, mediando os outros dois elementos, possibilitando uma relação entre eles. Com uma interpretação do mundo, vinculado fortemente com a linguagem, Wittgenstein traz a sua grande ideia do Tractatus, a teoria da figuração, onde a imagem e o original se confundem, ou melhor, correspondem-se mutuamente. Essa teoria satisfez plenamente seus questionamentos sobre a relação entre proposição e mundo e a compreensão da elaboração de enunciados sobre o mundo. (Cf. ZILLES, 2001, p. 35).

Não podemos deixar passar desapercebido o ponto central dessa teoria, em que ela se apoia: a forma lógica. Só através da mediação desta forma é possível traçar comparativos entre a linguagem e o mundo, entre a proposição e o fato, convertendo a linguagem e o mundo por vias lógicas, onde há a perfeita simetria entre ambos. Vale lembrar que elementos da figuração não são os nomes, mas sim o seu conjunto. O nome não corresponde a uma “[...] figuração de um objeto, pois, sozinho, nada diz. Só no contexto da proposição o nome refere.” (ZILLES, 2001, p. 36). Essa explicação sobre os nomes será desenvolvida na sua próxima obra, por isso devemos nos conscientizar dos conceitos elaborados por Wittgenstein antes de começarmos os primeiros passos na sua segunda grande obra.

A linguagem (proposições) estabelece uma representação, um mapa do mundo. Porém, no campo da lógica, há proposições vazias, desprovidas de sentido em si, e há outras que possuem uma atribuição de verdade ou falsidade, esse atributo é estabelecido de acordo com o sentido que as proposições carregam consigo. Esse “sentido”, também citado por Frege, é apossado por Wittgenstein no seu Tractatus: o sentido de uma proposição é a condição que admite averiguar sua verdade ou falsidade. A partir desse conceito de sentido, foi possível distinguir as proposições que tem sentido (proposições científicas – pois descrevem a realidade) daquelas que não possuem sentido em si (proposições puramente lógicas). Nas explicações sobre uma figuração, também está contido concomitantemente a explicação de uma proposição dotada de sentido e o pensamento ligado a ela. (Cf. PINTO, 1998, p.157). A importância dada à proposição é devido a sua capacidade de figurar um fato, isto é justificado por seus elementos constitutivos (as palavras) estarem relacionados “[...] uns aos outros de maneira determinada.” (WITTGENSTEIN, 1968, [3.14]). As proposições tem sua articulação, uma estrutura lógica na sua construção, da mesma maneira “[...] que um tema musical não é uma mistura de sons” (WITTGENSTEIN, 1968, [3.141]), as palavras não são jogadas numa proposição.

Mesmo que a figuração representada tenha sentido, não quer dizer, consequentemente para a concepção tractatiana, que possua significado, uma explicação maior sobre essa diferença será tratada no tópico

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