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Técnicas de Redação - Análise Série 9mm

Por:   •  11/7/2018  •  1.750 Palavras (7 Páginas)  •  268 Visualizações

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Nas sequências finais de ação, onde a captação de áudio é ruim (um problema histórico do cinema brasileiro), temos a nossa amiga e odiada dublagem, gravar na mata sempre foi um grande problema, poderia ter sido gravada em outro lugar ou ter sido feito em estúdio.

Enredo:

Achei a história do primeiro episódio um pouco frustrante. O gênero policial é um gênero esgotado, é só conferir o que aconteceu nos seriados da temporada 2007-2008 nos Estados Unidos, o único que conseguiu emplacar foi a série policial "Life". As boas histórias já foram todas contadas mais de uma vez, e este era o grande desafio para a produção.

A proposta inicial de "9mm: São Paulo" é muito boa, por ser um programa realista e colocar na tela policiais tridimensionais, mas isto acaba sendo muito decepcionante, pois vemos na tela policiais aparentemente complexos e cheio de conflitos e uns vilões que são uns bandidos sem escrúpulos, a história acaba fugindo um pouco da proposta inicial, que era colocar em cena uns vilões mais cheios de nuances.

Logo mais adiante nos outros 12 episódios que foram feitos para a primeira temporada, os produtores se deram conta que é dificílimo querer fazer um show realista com histórias fechadas em si, resolvidas nos 40 minutos de duração do episódio. Isto obrigou a série a usar argumentos simplórios ou a resolver a ação rapidamente nos minutos finais do episódio, que foi exatamente o que aconteceu neste.

Roteiro:

Este foi o ponto em que mais me decepcionei com a série, os diálogos deste primeiro episódio não soavam natural na boca dos atores, especialmente daqueles menos conhecidos. Os diálogos machucavam os ouvidos, mesmo com os palavrões, que pareciam ter sido introduzidos justamente para que tudo que era dito na tela parecesse mais natural.

Direção e Edição:

Em alguma horas se parecia muito com a série "Nova York Contra o Crime", pelo fato de dispensarem o tripé e filmarem com a câmera na mão e em outras tomadas meio esquisitas lembrava "The Shield", só acho que exageram um pouco, pois ambos usam esses recursos, mas são super econômicas na hora da edição, fazendo poucos cortes, sem prejudicar a filmagem, "9mm: São Paulo" mistura as duas coisas, construindo um piloto visualmente poluído.

A cena em que os detetives juntam as peças e descobrem que o tal “Urbano” é o responsável por um crime e pode ser o responsável por um segundo é horrível, a câmera as vezes fazendo múltiplos 360º, repleta de cortes, desvia a atenção do roteiro e deixa o telespectador um pouco enjoado, acho que a direção acabou sendo prejudicada, talvez pelo fato do roteiro neste piloto ser fraco.

Elenco:

O casting foi preciso ao escolher Norival Rizzo, como o justiceiro Horácio, e Luciano Quirino, como o delegado que adora os holofotes, os dois papéis chaves da série. O restante do elenco, no entanto, está todo sob suspeita neste primeiro episódio, Clarissa Kiste, a detetive Luisa, aparece completamente desconfortável no papel, especialmente na hora que manda o marido enfiar tudo “no cú, até sangrar”. É o tipo de cena que não sai se a culpa é do ator ou do diretor, que não percebeu na hora que o ator não está em sintonia com o texto, os coadjuvantes também, na maioria deles todos estão péssimos.

Trilha Sonora:

Não gostei muito, acho que deveriam ter usado uma trilha musical mais dramática, qualquer rock n' roll para aumentar a adrenalina nas cenas de ação, já que a sequência de abertura, misturando música clássica com a pregação de um padre, foi interessante.

Conclusão:

Claro que é impossível dizer que a série vai ser um sucesso, assistindo só este piloto, mas "9mm: São Paulo" é uma série cheia de contradições, ao mesmo tempo que ela propõe diversas soluções para viabilizar o gênero seriado no Brasil, ela aponta todo o longo caminho que o Brasil precisa percorrer para dominar o gênero e criar suas produções de nível internacional, mesmo assim, com todos estes defeitos não tenho dúvida que teria uma ótima audiência na TV aberta.

Ainda que como telespectador eu tenha ficado um pouco frustrado, como crítico e contribuinte, estou satisfeito com este pontapé inicial que foi dado em 2008, pois sonho em ver mais e melhores seriados brasileiros, que venham mais episódios e mais projetos como este nos próximos anos.

Sob a ótica da lei 12.485:

Com a nova lei que foi aprovada no dia 12 de setembro de 2011, os canais de TV a cabo serão obrigados a abrir espaço em horário nobre (19hs às 23hs) na sua programação, para produtos nacionais feitos por produtoras independentes e isso já esta sendo feito, como foi mostrado no exemplo acima, mas o nosso maior problema ainda é a falta de patrocínio para a execução desses trabalhos, como os canais não terão os direito autorais dos programas, também não tem o porque de investir e nem tirar recursos dos seus orçamentos, para o produtor Roberto D'Ávila, da Monshoot Pictures, a qualidade sempre vai depender da verba.

O projeto inicial da lei prevê que 10% do Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), ou seja, só R$ 300 milhões sejam direcionados ao incentivo as produtoras independentes, mas um episódio de "9MM", por exemplo, tem um custo médio de R$ 500 mil. Pelos cálculos de D'Ávila, sobram R$ 40 mil do Fistel para cada hora de programação, com isso dá para fazer um programa de culinária bom, mas não uma série de ficção, pode-se notar muito neste primeiro episódio a falta de recurso, ainda mais quando se trata de cenografia, foram poucas as cenas feitas em estúdio, a maioria delas foram externas, gravadas em diversos pontos da cidade.

"9mm: São Paulo"

Informação Geral:

Formato: Seriado.

Gênero: Ação, Policial.

Classificação Etária: 18 anos.

Duração: 45 minutos.

Produtora Independente: Moonshot.

Criadores: Roberto d'Ávila, Newton Cannito e Carlos Amorim.

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