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Trabalho sobre comunicação retórica

Por:   •  8/7/2018  •  2.160 Palavras (9 Páginas)  •  263 Visualizações

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Consequentemente, a escrita passará, junto da retórica, a ser o centro da atividade grega. Ela passará a ser o ponto chave daquilo que chamamos de publicidade porque ela própria se tornará, “quase com o mesmo direito da língua falada, o bem comum de todos os cidadãos” (idem, Ibidem).

A formação do homem grego, dada pela expansão do uso e pela disseminação da palavra, alcançará a perspectiva de reinvindicação da escrita, agora, no tocante à redação das leis. Escrever as leis da cidade é primordial, pois, desse modo, assegura-se a permanência da equidade das leis aos cidadãos e sua permanência – não dependendo unicamente da oralidade de alguém, elas passam a ser fixas. A autoridade do basileu é reduzida, este que, antes, era o detentor do direito de “dizer” as leis.

A lei escrita é superior a todos os cidadãos, ainda que exprimindo uma normatização que será considerada sagrada, ainda assim, está sujeita a modificações.

- A figura do sábio.

Essas transformações supracitadas não foram empreendidas sem que houvesse qualquer tipo de resistência. Os antigos sacerdotes existiam como propriedades de certos genos e marcavam sua autoridade com um poder divino. A polis remove este privilégio desta classe e torna-os bens comuns, em proveito oficial da cidade. De todo. Não mais de uma ou outra pessoa apenas. Quem cultua os deuses, agora, cultua a cidade.

Diz Vernant:

Todos os antigos sacra, sinais de investidura, símbolos religosos, brasões, xóana de madeira, zelosamente conservados como talismãs de poderio no recesso dos palácios ou no fundo das casas de sacerdotes, vão emigrar para o templo, morada aberta, morada pública. Nesse espaço impessoal que se volta para fora e doravante projeta no exterior a decoração de seus frisos esculpidos, os velhos ídolos transformar-se por sua vez: perdem, com seu caráter secreto, sua virtude de símbolo eficaz; eis que se tornam “imagens” (idem, p. 38)

Aquilo que era de poder privado, por assim dizer, torna-se imagem no sentido de que não tem outra função senão a de sua aparência ao público. A força religiosa dos sacra, ao serem expostos em templos públicos, alcançam o status de espetáculo, esvaziando-os de seu conteúdo misterioso, despojado de seu valor religioso “para se tornarem ‘verdades’ que os Sábios vão debater” (idem, ibidem).

Conjuntamente a esse processo de democratização, surgirão, na Grécia, seitas confrarias e mistérios de grupos fechados. Oferecendo ao cidadão uma iniciação à religião dos mistérios em oposição ao culto público das divindades olímpicas. À margem da cidade, da publicidade, organizadas como sociedades dos mistérios, estas seitas elegem, sob provas, uma minoria de eleitos que se sentirão beneficiados à privilégios inacessíveis aos homens comuns[1].

A todos que desejem conhecer a iniciação, a religião dos mistérios oferece, sem restrições, as promessas de seu culto – o que as diferencia, realmente, da religião oficial é a não-publicidade de, mantendo-se, de certo modo, no âmbito do particular: ou seja, aproximar-se de certos deuses sem que o segredo do culto fosse exposto à todos.

É nesse ponto que surge, na Antiguidade, a figura do sábio. Os ensinamentos de um sábio “como as revelações dos mistérios, pretendem transformar o homem no íntimo, elevá-lo a uma condição superior, fazer dele um ser único” (idem, p. 40). A cidade, costumeiramente – algo visível nas tragédias gregas – dirige-se ao sábio quando se sente ameaçada, rogando por solução. A faz isto, pois, essencialmente, este sábio “lhe aparece como um ser à parte, excepcional, um homem divino que todo seu gênero de vida isola e coloca à margem da sociedade” (idem, p. 41).

É importante notar que a religião oficial e a religião dos mistérios não necessariamente entram em conflito. Mas coadunam-se de certa maneira. Destarte, a figura do sábio pode ser definida como: aquele que traz os mistérios à cidade. “Leva o mistério para a praça pública; faz dele o objeto de um exame, de um estudo, sem deixar entretanto de ser completamente um mistério” (idem, ibidem).

- Arte Retórica na comunicação empresarial

Certas conquistas e transposições sociais gregas, que eram inovadoras, em nossa época já são sedimentadas: a palavra como algo acessível à todos, a escrita e a democracia disseminadas também.

Não à toa, Max Weber, ao tipologizar as dominações possíveis, aproxima, em certo sentido muito estrito e com as devidas ponderações, a acepção daquele que domina a retórica com a figura do sábio grego. Temos a dominação de tipo carismático. Esta relação se sustenta pela crença dos subordinados nas qualidades de um líder. Inúmeros trabalhos e livros de história procuram determinar quais figuram teriam estas qualidades: desde Getúlio Varga à Hitler. Porém, deixando os aspectos históricos, devemos nos deter no conceito weberiano: as qualidades do líder carismático podem ser tanto dons como a coragem e inteligência inigualáveis. É uma espécie de reconhecimento dado a “profetas” que são tomados como heróis de um povo por meio de suas habilidades e conhecimentos pessoais, sem o uso da força (necessariamente), conseguindo convergir em si um grande número de seguidores.

Embora estas denotem essencialmente – e historicamente – os caracteres de um líder, sua aproximação ao mundo corporativista é iminente (não tão inovadora assim). O próprio Stephen P. Robbins, em seu livro, Comportamento organizacional, algumas vezes, intencionalmente ou não, não escapa de conferir caráter decisivo à boa comunicação e, consequentemente, a sobreposição de indivíduos dotados de carisma e retórica aos que não a tem.

O capítulo 12 da obra citada é um bom exemplo disto, em especial nas seguintes passagens: 1. quando a “confiança é perdida, o desempenho do grupo pode sofrer efeito adversos graves” (2005, p. 277); 2 “o nível mais alto de confiança é atingido quando existe uma conexão emocional entre as partes” (2005, p. 279); “a confiança baseada na intimidação só funciona quando a punição é possível, as consequências são claras e a punição é realmente aplicada” depois da traição (2005, p. 278).

Ainda que haja nuances nestes e em outros exemplos, prova-se quase impossível determinar a relação entre um líder e seus funcionários (ou súditos) sem que a tipificação de Weber salte aos olhos.

Na mesma obra ora comentada, o comportamento organizacional, embora

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