Resenha Venere no Altar da convergência – um novo paradigma para entender a transformação midiática

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Outra “novidade” neste cenário é a mudança do consumidor, que deixa de ser apenas consumidor de conteúdo e passar a ser “produtor” de conteúdo. Novamente os avanços tecnológicos e a redução dos preços de computadores, câmeras e filmadoras digitais, e softwares de edição permitem hoje que qualquer um possa criar vídeos e compartilhá-los na internet. Sem entrar na discussão da qualidade estética e narrativa de tais produções, o fato é que isso é uma forte mudança cultural do consumidor, que passa a ser muito mais participativo, e social, no que diz respeito a compartilhar conteúdos.

Jenkins oportunamente discute também a questão dos aparelhos “caixas pretas”. Enquanto alguns acreditavam, e apostavam, na criação de um único aparelho que convergiria o uso de todas as mídias, o que estamos presenciando é justamente o oposto, ou seja, uma grande divergência de aparelhos (celulares, tablets, TVs conectadas à internet, etc) que consideram o contexto de utilização destes aparelhos e sua relação com o conteúdo, este sim, realmente convergente.

Os modelos de negócio das indústrias (de todas e não apenas as de mídia) esta sendo alterada pela cultura da convergência. As grandes corporações do cinema, por exemplo, precisam expandir seus controles e produções para diversas áreas (filmes, televisão, games, aplicativos, musica, livros, brinquedos, parques de diversão, revistas, etc) para que possam manter suas propriedades intelectuais no “radar” de seus públicos.

A disputa não é mais (apenas) por tecnologia e distribuição, e sim por atenção!

Toda esta complexa rede de possibilidades e desafios está longe de chegar a uma conclusão. Compreender o processo é o mais importante agora, sabendo que as incertezas continuarão presentes pelos próximos anos, pois como Jenkins fala ao final do artigo “nenhum grupo consegue ditar as regras. Nenhum grupo consegue controlar o acesso e a participação”. Por isso, o debate acadêmico se apresenta como de fundamental importância para a compreensão dos agentes, causas e efeitos que ocorrem ao longo do processo da convergência.

"Eu sei que você esta aí fora. Eu posso senti-lo agora. Eu sei que você tem medo. Você tem medo de nós. Você tem medo de mudanças. Eu não sei o futuro. Eu não vim aqui para dizer como isso vai acabar. Eu vim aqui para dizer como isso vai começar.” – Neo (filme “Matrix”, 1999)

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