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Resenha Documentario Carne e Osso

Por:   •  1/10/2018  •  1.779 Palavras (8 Páginas)  •  350 Visualizações

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e outras questões. Ele impõe a realização de pausas a cada 1 hora e 40 minutos de trabalho contínuo de 20 minutos de repouso para a recuperação térmica, para aqueles que atuam nas câmaras ou transitam do ambiente quente para o frio e o mesmo para o contrário. Isso, entretanto, é raramente cumprido devido ao foco em produtividade dessas empresas.

Trabalhar em condições tão adversas e sem os Equipamentos de Proteção Individual adequados degrada a saúde física e mental dos funcionários, gerando doenças como tendinite, dores musculares, depressão, atrofia de nervos e vários outros problemas. Uma das causas destes problemas físicos é a falta de ergonomia nas empresas, que deveriam otimizar as condições de trabalho visando a segurança e eficiência, o que certamente acarretaria em maior rendimento do operário e mais vida útil de seu serviço a empresa. Mas o que realmente acontece é a falta de equipamentos e espaço adequado para que o trabalhador possa exercer sua tarefa com comodidade, senta em posição correta tendo esses adoecimentos.

A exploração do trabalho e poder sobre os trabalhadores é vista no documentário no momento em que é mostrado a decisão de que é para se desossar uma peça de frango em 15 segundos. Os supervisores ficam em cima e pressionando para que o trabalho seja realizado o mais depressa possível para baterem a meta diária, porém não é levado em conta que durante o dia o funcionário precisa ir ao banheiro, almoçar adequadamente, tem pausas para se recompor. Não é possível alguém trabalhar num ritmo tão frenético durante toda uma jornada. Os depoimentos relatam que não são permitidas interações entre os colegas, existe limite de idas ao banheiro, existem punições para quem não cumprir com as metas. Desta maneira os empregados ficam acuados em demostrar algum tipo de dor ou problema de saúde para os supervisores por medo de serem demitidos. Por diversas vezes foram ouvidos empregados dizerem que ia ao médico pedir apenas remédio para amenizar as dores sem querer atestado ou tratamento para poderem continuar trabalhando, pois caso perdessem o emprego não poderiam sustentar suas famílias e encontrar outro trabalho seria muito difícil.

Uma das táticas para poder controlar e manipular os funcionários com ameaças é a contratação dos familiares. Uma senhora relata que teve sérios problemas de saúde devido a muito anos de trabalho no frigorifico, mas era ameaçada a não entrar na justiça ou procurar as autoridades, pois seus três filhos trabalhavam na mesma empresa e seriam demitidos caso ela tomasse alguma providência. Outra forma de controlá-los é alegando a culpabilização por seus problemas psicológicos, como a depressão, dizendo que era causada pelos problemas pessoais do empregado em questão e jamais causados pela grande carga de trabalho exigida. O número de problemas mentais de pessoas que atuam na área de abate e processamento de carnes tem crescido muito com o avanço do setor no país.

Outra questão revelada no documentário é a influência que o local de trabalho pode ter sobre o comportamento das pessoas. Nos frigoríficos por questões sanitárias, não é permitido luz solar, nem ar fresco. Então os trabalhadores são confinados em um grande galpão branco onde não conseguem ter contato com o lado de fora, esse fato somado as baixas temperaturas, a concentração excessiva, a falta de relaxamento, a falta do contato com as outras pessoas pode gerar um grande estresse para o trabalhador, o que ao longo dos anos podem gerar doenças psicológicas, como a depressão. E quando indagada sobre o grande número de casos de doenças psicológicas nos funcionários a organização diz que são devido aos problemas pessoais dos funcionários e que as condições de trabalho não têm nenhuma relação.

Quando os funcionários estão com dor ou algum problema, são direcionados ao médico da empresa, que é apelidado pelos próprios trabalhadores com o nome de determinado remédio. Esse remédio que ele receita para todos os funcionários ao invés de avaliar a causa, e o tratamento correto. Por isso muitos trabalhadores chegam a o estágio das doenças onde já não se tem mais cura. Por falta de um tratamento médico eficiente.

Baixíssimos salários, cargas horárias brutais, tratamento indiferente, por que as pessoas se sujeitaram a isso? Muitos dos trabalhadores estão a muito tempo trabalhando nessas empresas, e não sabem fazer outra coisa além do que fazem lá, outros possuem a família inteira na mesma empresa, e muitos só têm essa renda para sustentar suas famílias. Os trabalhadores acreditam que se eles se não fizerem terá quem faça e ele ficará sem emprego, ou seja, não conseguirá sustentar sua família. Então todos se sujeitam a essas condições por falta de opção é por medo.

No documentário ainda é citado que as multas para condições de trabalho ruins são baixas comparada ao custo de mudar toda a produção para melhorar essas condições, visto que geralmente os fiscais passam a cada dois anos para avaliar as empresas, sem contar que quando há essas auditorias para a fiscalização, há uma diminuição no ritmo de trabalho, um aumento na temperatura, para os ficais serem “enganados”. E mesmo assim quando as empresas são multadas é mais vantajoso pagar a multa do que mudar o processo de produção para a melhoria das condições de trabalho.

No Brasil essa situação é comum, não é só comum como há estranhamento quando ouvimos falar que uma empresa a felicidade e satisfação do funcionário é o mais importante. Então é cultura do brasileiro achar que o lucro é o mais importante, que não importa que a vida

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