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O artigo “Sentimentos de democracia” de Rubem Barboza Filho

Por:   •  16/10/2018  •  2.116 Palavras (9 Páginas)  •  390 Visualizações

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a comparar o sentimentos que podemos ter, associar e avaliar dentro de uma cultura, chamados bens constitutivos, o que o leva a acreditar na tradição, nos valores tradicionais enraizados, entranhados. Democracia presente mais no coração do que na cabeça dos homens, só é possível voltar à democracia voltando à vida das pequenas cidades, pois atualmente há não só uma fragmentação cultural da sociedade, mas também estrutural.

Para ele a ética procedimental trata a justiça, benevolência e outros valores como obrigação nos afastando do real sentido da moral. O mercado e a democracia ameaçam o sistema democrático. Para Charles Taylor, o sistema democrático se baseia nos costumes e nas tradições. Democracia não pode expressar lado racional. Democracia é associada à tradição. Modernidade ou Sociedade Secular (Século XV em diante) é vista como um desvio,

pois Taylor afirma que o mundo moderno possui configurações problemáticas, distanciadas dos bens construtivos, individualizadas ligadas ao bem, passando dos limites necessários.

Além disso Taylor afirma que algumas correntes ajudam a esquecer parte das configurações morais, como o Naturalismo que sai da análise da ciência natural e passa a dedicar-se a análise do comportamento humano. Outra forma de desprendimento através de correntes é o Expressivismo, em que trata cada ser individualmente como único, afirmando que cada um deve ser tratado e avaliado de forma diferente, uma característica pouco percebida porque já faz parte do mundo moderno.

Antes da modernidade era possível fazer uma avaliação objetiva das ações humanas. Taylor também associa esse desvio com o emotivismo. Não é ética da punição, mas a ética da prevenção para a eudaimonia. O autor também cita que outra forma que ajudou na formação dessa “desmoralização" foi o avanço da ciência como a de Baudelaire, que passo a passo foi degradando cada vez mais as formas morais, afirmando a necessidade de ver o bem no mundo. Porém ele não afirma a inexistência do valor moral no mundo moderno, afirma que através da interioridade, esse bem constitutivo, em uma mistura de amor e espanto é uma forma pela qual merece respeito, a qual continuará proporcionando algo que nos motive a viver.

O princípio da pós-modernidade é uma tentativa de eliminar o bem maior, a mais alta hierarquia. Com o politeísmo surgem preferências, narrativas de sentido, hierarquia de valores. Para ele, a própria tradição tem que ser democrática.

O filósofo e sociólogo Jürgen Habermas nasceu em 18 de junho de 1929 em Düsseldorf na Alemanha. É considerado um dos mais importantes intelectuais da contemporaneidade. É conhecido por seu trabalho sobre a modernidade e particularmente sobre a racionalização, nos termos originalmente propostos por Max Weber. É considerado o principal herdeiro das discussões da Escola de Frankfurt.

Sobre o tema democracia, Habermans defende uma teoria procedimentalista tendo como base a esfera pública com uso público da razão controlada por procedimentos. Para ele atualmente há uma fragmentação da sociedade que é constituída por sub-sistemas isolados, construídos pelos componentes que ele mesmo cria e que funcionam por regras e normas internas buscando equilíbrio. Nesse contexto a ideia de indivíduo livre e igual não existe mais, cada um se adapta à um sub-sistema. Não existe sociedade como tal, não existe sujeito individual e nem coletivo.

Habermans considera dois sub-sistemas principais: o dinheiro, onde a economia se organiza, e o poder, onde o administrativo se relaciona. Tais sub-sistemas são incontroláveis

externamente e paralelo a eles existe o mundo da vida, o mundo da comunicação desimpedida. Tal mundo da vida é abalado justamente por questões relacionadas a poder e dinheiro e pode ser colonizado por eles. Em uma conjuntura onde tudo é mercadoria, as normas do mercado e normas do poder criam uma linguagem empobrecida sem nenhuma relação com ideais de igualdade, liberdade, solidariedade. O mundo da vida racionalizado por essa colonização, por uma linguagem empobrecida distanciando cada vez mais da democracia.

Para o autor a democracia se dá pela sociedade civil forte, instituições independentes do poder, não estatais e independentes do dinheiro. Isso baseia a existência de uma esfera pública (rede de comunicação de conteúdos e toma de posições) viva. Questões resolvidas pelo uso público da razão e sem a linguagem pobre do poder (Estado) e do dinheiro (Mercado). Pensar usando a razão, tomando a posição de homem abstrato significa ser uma pessoa moral. O direito passa a ser procedimental por ser de caráter pessoal. Direito é a expressão da liberdade humana, o que também proporciona poder de argumentação aos indivíduos. Em relação as leis ele afirma que uma lei só pode ser válida se todos os envolvidos nela, aceitarem após um acordo, discussões e discursos racionais, dando assim a todos poder de argumentação.

A Democracia procedimental baseada nas inter-subjetividades busca acordos, consensos, uma vez garantidos pelos direitos individuais e sendo assim a razão deixa de ser substantiva, levando ao máximo a razão humana como fundamento a partir da formação de sujeitos morais e buscando a universalidade: uso público da razão controlada por procedimentos que a permitem. Dessa forma o interesse bem compreendido agrega-se e submete-se através da razão comunicativa, aos procedimentos. O sistema político comunica-se através de partidos e a atividade eleitoral e, sendo assim, todos devem participar da política, como sujeitos morais, com o uso público da razão coberto pelo véu da ignorância (procedimentalismo). Em uma sociedade democrática, as religiões e doutrinas devem ser razoáveis e tolerantes. Na democracia procedimental o desacordo é reconhecido, as decisões são tomadas considerando todos os indivíduos morais, uma sociedade ética e política, onde o Estado serve à liberdade e não a determinadas instituições.

A história da democracia no Brasil deve ser levada em conta desde suas origens: a independência do Brasil em 1822 pode ser caracterizada como a negociação entre tradição e o liberalismo. Um claro conflito entre o interesse do Rei e a soberania popular. A presença do rei no Brasil garantiu a unidade política nacional e a tradição Ibérica e barroca. Diante de toda

diversidade o rei tinha que juntá-las e conseguir beneficiar a todos e graças a ele a independência foi proclamada sem guerra civil e sem fragmentação territorial no Brasil.

Com a modernidade, surge um pensamento demofóbico de que o povo era imoral, sendo sinônimo

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