O Esclarecimento em Kant

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Kant, é impossível viver em um mundo totalmente livre de subjetividade e, já que qualquer opinião ou declaração não tem validade alguma sem o esclarecimento (Aufklärung), porque ela não partiu de nenhuma reflexão, ou seja, é um reflexo mecânico do que foi ensinado pelo tutor, sendo assim um individuo ainda menor.

Conforme Kant, “um homem sem dúvida pode, no que diz respeito à sua pessoa, e mesmo assim só por algum tempo, na parte que lhe incube, adiar o esclarecimento (Aufklärung)” (“o que é o esclarecimento?”), mas um homem não poderá viver na sociedade atual sem o esclarecimento (aufklärung), “porque vivemos em uma época em esclarecimento”(O que é esclarecimento?; Kant). Perceba que Kant não diz que vivemos em uma época esclarecida, mas sim em uma época em esclarecimento, uma vez que ainda falta muito para os homens se tornarem completamente esclarecidos, um exemplo disso é a condição do homem em relação a matéria religiosa, dado que ainda “não são capazes de fazer uso seguro e bom de seu próprio entendimento sem serem dirigidos por outrem.” (O que é Esclarecimento?; Kant, Immanuel).

Uma época só pode ser considerada seguramente esclarecida, se nesta mesma época a liberdade citada anteriormente deixar de ser apenas tolerada e se tornar algo frequente e constante, Kant deixa isso claro no seguinte trecho:

“Um príncipe que não acha indigno de si dizer que considera um dever não prescrever nada aos homens em matéria religiosa, mas deixar-lhes em tal assunto plena liberdade, que portanto afasta de si o arrogante nome de tolerância, é realmente esclarecido (aufgeklãrtl e merece ser louvado pelo mundo agradecido e pela posteridade como aquele que pela primeira vez libertou o gênero humano da menoridade, pelo menos por parte do governo, e deu a cada homem a liberdade de utilizar sua própria razão em todas as questões da consciência moral”.

(O que é o Esclarecimento?; Kant, Immanuel)

Não se pode considerar o príncipe citado no trecho um herói por não impor certa religião sobre os seus súditos, mas sim por ele não relacionar seu ato a simples tolerância e dar liberdade para que seus súditos escolham sua própria religião. Quando isso ocorre, o príncipe conferiu esclarecimento aos demais e os tirou de sua menoridade. O esclarecimento, depende diretamente do conhecimento, uma vez que quanto mais um individuo conhece, menos atado a menoridade este se encontra, porque quanto mais informações este individuo processa e reflete sobre, mais conclusões ele irá tirar por si só, por meio de sua maioridade ou seu esclarecimento.

Em seu ensaio sobre o Esclarecimento (Aufklärung), Immanuel Kant fala sobre diversos outros assuntos que são necessários para o esclarecimento, assim como: a menoridade, a maioridade a liberdade, o uso público e o uso privado da razão. Dele podemos concluir que o homem é o próprio culpado de sua menoridade e que o processo do esclarecimento é lento e complicado, já que este depende de todos os fatores citados. Sem liberdade, um individuo não pode ser independente, portanto continua em sua menoridade e nunca poderá atingir a maioridade. Kant propõe que deve haver um certo equilíbrio entre o uso público e privado da razão para que ocorra o esclarecimento, porque assim a liberdade de um individuo é garantida.

Todo homem tem a capacidade de “sair” da menoridade e atingir o esclarecimento por meio do conhecimento que este contém e filtrando este mesmo conhecimento até chegar em uma conclusão por si só.