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Monstro do Pântano: Natureza e Sociedade

Por:   •  16/4/2018  •  1.855 Palavras (8 Páginas)  •  284 Visualizações

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O personagem é utilizado por Moore como uma expressão da relação entre o homem e a natureza, buscando mostrar o homem como parte de uma entidade maior , no caso o meio natural, o monstro do pântano possui a habilidade de entrar em contato como intimo da natureza, representada nas histórias como uma abstração conhecida como o “Verde” ao entrar em contato com esta realidade, Alec era capaz de sentir todos os processos orgânicos o que o mantinha ligado a toda vida do planeta fazendo dele um herói ecológico, ao demonstrar esta faceta do personagem o autor ilustraria a ideia de que no meio natural todos os seres dependem uns doso outros em maior ou menor grau, Ainda com a utilização da imersão no “verde” seria mostrado o que pode ser alcançado quando entramos em comunhão com a natureza , abrindo assim nossas capacidades perceptivas, possibilitando acessar realidades inexploradas.

Ao decorrer dos contos do Monstro do pântano é apresentada sua relação amorosa com uma personagem humana, o que coloca em “xeque” a relação que a sociedade possui com a natureza. Através desta relação, o autor demonstra, ao apresentar a reação da civilização ao descobrir o envolvimento entre o casal, como a sociedade ainda reproduzir a ideia de dicotomia entre o homem e a natureza, partindo de um pensamento semelhante ao apresentado pelo autor Keith Thomas, quando este lembra que quanto mais próxima da natureza, menos humano o individuo se tornava. Linha de raciocínio esta, reforçada na edição de numero #48 das histórias do monstro do pântano, episódio este em que “Abby” , a parceira de Alec, é caçada pelas autoridades acusada de cometer atentado sexual contra as leis da natureza, devido ao seu relacionamento com a entidade vegetal. Apresentando a relação harmoniosa entre o homem e a natureza, relação esta que geraria prazer, o autor busca demonstrar quais características da relação entre homem e natureza são utilizadas para legitimar o fato de esta ser inconcebível.

Outro personagem importante na mitologia desta história é o vilão “Homem Florônico” , tal personagem representaria os ecoterroristas, este ser meio homem ,meio planta teria como objetivo extinguir toda avida animal da face da terra, sendo utilizado para mostrar como alguns indivíduos não conseguem compreender a importância da relação entre o homem e a natureza. Em certo ponto do decorrer da trama, o vilão consegue controle total sobre a plantas do planeta terá, fazendo com que estas produzam mais oxigênio que o normal, vários heróis da terra tentam vence –lo, porem o único capaz de se comunicar com as plantas é o Monstro do pântano, após um embate com o homem florônico , Alec discursa sobre como as plantas viveriam sem os demais animais para produzirem os gases necessários para os processos fisiológicos das plantas, gerando assim uma reflexão a respeito da comunhão entre animais ( humanos ou não) e os demais seres vivos.

Já na edição de numero 46 de Swamp Thing de 1986, durante uma passagem da história há uma critica ao uso ostensivo de material animal , como couro etc. , neste quadro um grupo de “raposas humanoides” cerca uma senhora vestida pomposamente com roupas de couro, a critica deste trecho demostra a ideia de que o consumo dos bens produzidos a partir dos animais demonstraria , como aponta Keith Thomas um status de superioridade por parte do consumidor.

Conclusão

Alan Moore foi de fundamental importância para a realidade da arte sequencial, ao inserir o tema ambiental ao enredo de suas obras.

Como podemos ver nas histórias desenvolvidas pelo autor, os problemas ambientais são apresentados através de seus personagens e de suas relações com a civilização, apresentando desde a relação mística da natureza com o homem , até a tentativa de desligamento que este busca incessantemente. Ao mesmo tempo demostra a necessidade de desligamento da sociedade com a natureza, e a falta de compreensão reproduzida pela sociedade em relação a comunhão entre homem e natureza.

“A modernidade liquida é a arena de uma batalha constante e mortal travada contra todo tipo de paradigma – e, na verdade, contra todos os dispositivos homeostáticos que servem ao conformismo e a rotina, ou seja, que impõem à monotonia e mantem a previsibilidade. Isso se aplica tanto ao herdado conceito paradigmático de cultura quanto a cultura em si ( ou seja, a soma total do produtos artificiais do homem, ou o “excesso de natureza” por ele produzido) que o conceito tentou captar, assimilar intelectualmente e tornar inteligível.”

(BAUMAN,2013, P.17-18)

Uma vez que a tendência da pós - modernidade é a quebra de paradigmas, torna – se possível a elaboração de novas maneiras de pensar as artes e a maneira que as mesmas são distribuídas para o meio social.

Ao trabalharmos tal leitura, faz – se importante compreender que muitas destas mudanças na forma como se desenvolvem as histórias, são possíveis devido a frequente alteração do mundo contemporâneo, que busca diferentes formas de consumo para saciar sua necessidade frequente por mudanças. O que acaba por facilitar a inserção de temas cotidianos em meio a ficção, uma vez que ao se identificarem com a realidade em questão, são mais facilmente convencidos a consumir tal produto cultural, o que não necessariamente desvaloriza o produção artística, mas acaba por colocar em xeque as intenções com as quais são produzidas, e também a finalidade de sua distribuição.

Sendo assim, ao se mostrar capaz de disseminar ideais ambientais, o quadrinho do Monstro do pântano nos apresenta não somente a realidade da relação entre sociedade e natureza, mas também as possibilidades temáticas que se abriram para o meio artístico nesta nova era, onde a ficção se vê quase que obrigada a interagir com a realidade a ponto de beirar a fuga da utopia artística clássica.

Bibliografia:

BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2014.

BAUMAN, Zygmunt. A cultura no mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar, 2013

EISNER, Will. Quadrinhos e Arte Seqüencial. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Modernidade

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