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Manifestações Contra Golpe 2016

Por:   •  24/4/2018  •  1.653 Palavras (7 Páginas)  •  272 Visualizações

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Temos muitos motivos para não apoiar um possível golpe. Pois este vai contra tudo que já foi conquistado para que hoje nós tivéssemos o poder do voto. Mesmo com todos as manobras políticas e todo o esquema de corrupção que mancha a imagem do país, o fato de ir as ruas consciente do porque está lá, exercer o seu direito como cidadão e se manifestar contra o um possível governo em que o povo não terá voz, é louvável. Este é um ponto importante pois, a maioria dos manifestantes falaram sobre a corrupção. Não só a corrupção na política, mas a corrupção do dia-a-dia. Pequenas manobras feitas para facilitar nossas vidas, que por vezes é feito sem ter noção disso. A indignação dos manifestantes é maior quando é apontado falhas na política, quanto que em suas casas algumas pessoas praticam atos corruptos. A Alice que é universitária diz que “talvez a corrupção só acabe se essa abordagem for feita nas escolas, pois a política que temos agora reflete um pouco do que somos. Se as pessoas deixarem de ser corruptas no dia-a-dia, não teremos corrupção no país, independente do ambiente”. Esse relato nos faz pensar tanto na política quanto na educação, e é importante frisar que pouco se investe em educação.

Algumas pessoas falaram sobre os projetos que vem desde o governo Lula e garantidos no governo Dilma. “O tão polêmico bolsa família, que para uns tem um significado pejorativo de “esmola” ou “motivo para pobre não trabalhar”, para outros tem um significado de garantir a dignidade da família” assim diz a funcionária pública Mariza. Segundo ela muitas mães precisam sim da ajuda do governo para garantir seja o uniforme do filho e o seu material escolar, e ela acredita ainda que esta bolsa seja a única renda de algumas famílias.

Diante desse discurso, podemos perceber os programas ainda advindos do governo Lula e o apoio a este. O autor André Singer faz observações muito importantes sobre o chamado lulismo. Singer destaca em seu texto que o PT e o seu discurso não representavam as necessidades do subproletariado que são conservadores e que prezam por um Estado forte. Lula perdeu as eleições por levar um discurso portador de rompimento que fora mantido até 2001 e por não ter constituído o apoio das classes de baixíssima renda. Seu eleitorado sempre foi constituído pela classe média, estudantes de curso superior e funcionários públicos. Mesmo com sua vitória em de 2002, ainda não contava com o apoio das classes subproletária, somente após grandes programas e iniciativas públicas que ajudaram no desenvolvimento da classe em questão, é que houve uma maior aceitação. Durante o primeiro mandato quando explode o escândalo do mensalão, as bases que apoiaram Lula oriunda da classe média, desapontadas com o governo, em virtude do mensalão, retiram seu apoio e passam a apoiar a oposição. Durante este mesmo período, as classes de baixíssima renda amparadas nos programas sociais e na geração de renda, passam a apoiar Lula e evitam sua morte política. Tendo o governo e o apoio desta mesma classe social, não há necessidade de Lula, afirmar que o povo assumiu o poder, pois o subproletário oprimido não segue a cartilha da esquerda e não almeja tal poder. Fica evidente que Lula incorporou pontos importantes presentes no conservadorismo popular e no discurso da direita. A nova agenda de Lula não se organiza de forma política, muito menos cobra rompimentos do governo com a ordem vigente. Esta fração de classe exige um Estado que seja forte e se mantenha inabalável, para poder realizar as mudanças dentro da ordem, que proteja e não exclua os mais pobres. Lula viu no passado, as bases que lhe faltavam, e dali tirou o discurso. Um Estado forte que ampara os mais pobres.

É perceptível o apoio a Dilma através do Lula. A representatividade do partido está impregnado na pessoa do Lula. Além do bolsa família os manifestantes falaram também dos outros programas como a cota para estudantes de escola pública e a cota para negros nas universidades, os programas de financiamentos em faculdades particulares, o prouni que garante vagas para estudantes de escola pública também nas faculdades particulares, o minha casa minha vida que garante moradia com parcela mínima.

Enfim as pessoas que foram as ruas e gritaram não ao golpe, querem a garantia de tudo isso e de mais dignidade. As vozes não refletem a alienação vindas da TV ou de uma elite frustrada, mas sim de um povo que tem memória e quer a garantia dos seus direitos

Referências

HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: companhia das letras, 2006.

PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo: colônia. São Paulo: companhia das letras, 2011.

SAFADLE e TELES(orgs.). O que restou da ditadura. Boitempo editorial.

SINGER, André. Os sentidos do lulismo – reforma gradual e pacto conservador. Companhia das letras, 2012.

WEFFORT, Francisco Correia. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1989.

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