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CORPO E ANTROPOLOGIA PERSPECTIVAS CLÁSSICAS E CONTEMPORÂNEAS

Por:   •  29/3/2018  •  1.546 Palavras (7 Páginas)  •  238 Visualizações

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Criticando a forma com que a antropologia estava reduzindo o corpo historicamente como um objeto de estudo e de visão antropológica, influenciado por Pierre Bourdieu e Merleau Ponty, Thomas Csordas propõe o conceito de embodiment como um novo modelo nos estudo da cultura, onde o corpo não deveria ser tratado como um mero objeto para ser estudado em relação a cultura, mas deveria ser considerado como um sujeito ativo da cultura, em outras palavras Csordas não se reduz a discutir novas formas de abordar o corpo como objeto da antropologia. Seu projeto é o de constituir um estudo focado na ideia da experiência cultural como corporificada. “O nosso corpo é nosso modo de ser e estar no mundo, o corpo é o terreno da experiência e não objeto.” (Merleau Ponty).

Em nossas sociedades contemporâneas o corpo não é mais a formação de uma identidade intocável. O corpo estabelece agora o que Le Breton chama de alter ego, um outro si disposto a mudanças, e exposto a uma identidade escolhida que pode ser provisória ou não. Se o homem não consegue mudar suas condições de existência, ele muda o seu corpo de várias maneiras. “O corpo tornou-se a prótese de um eu eternamente em busca de uma encarnação provisória para garantir um vestígio significativo de si”. ( BRETON, David Le, Adeus ao corpo,1997.p.29). O corpo agora é um símbolo do self , e por dentro do individuo há uma constante luta para se exteriorizar. O homem contemporâneo constrói seu corpo como realidade de si, afinal é por ele que ele vai “ser julgado”.

Mirian Goldenberg explica :

“Se durante séculos, enormes esforços foram feitos para convencer as pessoas que não tinham corpo, teima-se hoje, sistematicamente – após um longo período de puritanismo -, em convencê-las de que o próprio corpo é central em suas existências.” (GOLDENBERG, Mirian. Nu e Vestido, 2002. p.33).

As técnicas da vida cotidiana contemporânea convergem para o uso do si, transformando o intimo de cada pessoa para melhor poder sobre o mundo, aguça suas capacidades de percepção sensorial etc.

Ao estabelecer um diálogo com Norbert Elias, Le Breton mostra que as transformações científicas corresponderam à novos estilos de vida diante do corpo no âmbito da burguês. A saúde, a higiene e a sedução se transformam em uma relação coagida entre o sujeito e seu corpo e explicam o sucesso das cirurgias estéticas, dos tratamentos de emagrecimento e da indústria de cosméticos. Entretanto, essa exaltação da perfeição coloca à margem os corpos não enquadrados nesses valores, os velhos, os deficientes, os obesos, e etc.

Ao problematizar as práticas corporais nas sociedades contemporâneas Le Breton observa um novo pensar sobre o corpo, voltados para o valor do eu, alteração de referencias e valores. O modelo de dualidade dos séculos antecessores passar a ter uma visão não mais tão frequente e fragmentada.

A sociedade moderna oferece de maneira alusiva os modelos ou valores da ação. O próprio individuo constrói seu rito intimo de passagem, decide o caminho de sua existência como imagem, e ela se torna menos fundamentado por usos tradicionais, ela é uma decisão individual e não mais uma confirmação cultural. O individuo é manipulador de referencias, tradições e ecletismo. O principio da identidade torna-se tão atrasado quanto as formas corporais vagamente retocáveis.

Le Brenton aponta:

“O ao peso das regularidades sociais; hoje ele é relativamente autônomo diante de inúmeras propostas individuo torna-se a fonte principal de escolha e de valores que ele extrai mais da atmosfera da época do que da fidelidade da sociedade. Isolado estruturalmente pelo declínio dos valores coletivos do qual é ao mesmo tempo beneficiário e vítima, o individuo busca, em sua esfera privada, o que não alcança mais na sociabilidade comum.”. (BRETON, David Le, Adeus ao corpo. 1997.p.53).

Para José Carlos Rodrigues o grande dilema em volta do corpo se dá na tensão no abastecimento do corpo, na construção de uma identidade sobretudo para grupos sociais atingidas por valores hegemônicos da sociedade moderna. Para esses grupos poderia se dizer que predominou, ao longo da historia uma dimensão corporificada da experiência.

A experiência da transexualidade, em adquirido visibilidade e provocado um questionamento de alguns paradigmas teóricos sobre a construção do sujeito e da subjetividade contemporânea, assim como tem proporcionado novos elementos para abordagem antropologia do corpo.

Outro exemplo é dado pelas novas identidades urbanas, que apresentam grupo com pessoas que compartilham de uma mesma estética corporal como um tipo de vestimenta, perfurações ou tatuagens no corpo, uma determinada maneira de usar o cabelo etc. Isso demonstra uma dimensão corporal de experiência. Ter uma tatuagem ou um pircing é uma forma de se construir como um determinado tipo de sujeito, e nesse caso é o corpo que constrói a pessoa.

Apesar desses exemplos se refletirem a fenômenos sociais muito distintos, todos eles trazem a centralidade no corpo, ou seja um foco no corpo, que por sua vez deixa de ser um mero receptor de símbolos

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