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Algumas formas primitivas de classificação

Por:   •  16/5/2018  •  2.807 Palavras (12 Páginas)  •  365 Visualizações

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Em muitos casos as classificações não são aparentes, não deixam de ser encontradas porém são descritas de uma forma diferente. Mudanças alteram a economia dos sistemas mas não ao ponto de torna-los irreconhecíveis. Aliás, as mudanças resultam em parte dessas classificações e seriam suficientes para revelá-las.

O que caracteriza as referidas classificações é que as ideias estão nelas organizadas de acordo com o modelo fornecido pela sociedade. Mas desde que essa mentalidade coletiva exista, ela é susceptível de reagir a sua causa e de contribuir para modificá-la. Vimos como as espécies de coisas classificadas num clã servem de totens secundários ou subtotens, isto é, no interior do clã, cada grupo particular de indivíduos sob a influencia de causas que ignoramos passa a se sentir mais em relações com tais e tais coisas que são atribuídas, de maneira geral, ao clã inteiro. Desde que este tornando-se muito volumoso tenda a segmentar-se será segundo as linhas marcadas pela classificação que se processará a segmentação. Não se deve crer que essas divisões sejam necessariamente o produto do movimento revolucionário e tumultuoso. Parece que as maioria das vezes ele tem um lugar segundo processo perfeitamente logico, foi assim em grande número de casos, se constituíram as fratrias que se dividiram em clãs.

Quando num clã a segmentação se torna necessário são os indivíduos agrupados em torno de uma das coisas classificadas dentro do clã que se destacam do resto, para formar um clã independente e o subtotem se torna um totem. Uma vez começado o movimento pode continuar e sempre seguindo o mesmo processo. Assim, o subclã que se emancipou transporta consigo, para seu domínio ideal, além da coisa que lhe serve de totem, algumas outras que lhe são consideradas solidárias com ela. Estas coisas no novo clã desempenham papel de subtotem e podem se for necessário, tornar-se outros tantos centros em torno dos quais se produzirão, mais tarde, novas segmentações.

Assim, é fácil ver que mudanças estas segmentações devem introduzir nas classificações. Enquanto os subtotens provenientes deum mesmo clã original conservarem a lembrança de sua origem comum, sentirão que são parentes, associados, partes de um mesmo todo, por seguinte, seus totens e as coisas classificadas sob esse totem fica subordinado de certa maneira ao totem comum do clã original. Mas com o tempo esse sentimento se apaga. A independência de cada secção aumenta e termina por se completar totalmente autônoma. Naturalmente a classificação se modifica. As espécies de coisas atribuídas a cada uma delas subdivisões constituem outros tantos gêneros separados, situados no mesmo plano, toda hierarquia desapareceu. Porém, é licito supor que alguns traços restam no interior de cada um desses pequenos clãs. Os seres ligados ao subtotem que se modificou em totem continuam a ser subordinados a ele. Mas a fração será bem menor. Ainda mais por pouco que o movimento continue ada subtotem acabará por ser elevado a dignidade de totem, cada espécie, cada variedade subordinada se tornará um gênero principal. Então a antiga classificação terá dado lugar a uma simples divisão sem nenhuma organização interna, a uma repartição das coisas por cabeça e não por mais fontes. Mas, com o tempo como ela se processa no meio de um número considerável de grupo, ela compreenderá, mais ou menos, o universo inteiro. Exemplo é a sociedade arunta que passou por essa classificação e segundo Spencer e Giller. Porem no fim no lugar de ficarem numa metade determinada pela tribo, cada um deles se expnadiram, tornando-se estrangeiro na sociedade regular, multiplicando-se, atomizando até o infinito. E isso dura até hoje. Finalmente o fato de podermos entre os aruntas encontrar a série de estados intermediários por meio dos quais esta organização se prende, quase sem solução de continuidade ao tipo clássico de Monte Gambier é uma última prova de que estamos bem diante de uma forma alterada das antigas classificações.

Com os chingalee encontramos entre eles os próprios arundas. Os grupos totêmicos deixaram de ser classificados sobre fratrias, da mesma forma que entre os aruntas, todos os dois estão a cavaleiro das duas fratrias em que se divide a tribo. Mas a difusão desse grupo não é tão completa quanto entre os aruntas. No lugar de estenderem ao acaso e sem regulamentação eles se repartem com princípios fixos e em grupos determinados, embora diferentes da fratria. Com efeito, as fratrias estão divididas em oito classes matrimoniais e cada classe só pode casar com uma classe determinada por outra fratria. Reunidas essas duas classes correspondentes contem assim um grupo definido de totens e de coisas, que não são encontrados em outra parte.

Em resumo, se não podemos afirmar que esta maneira de classificar as coisas está necessariamente implícita no totemismo em todo caso ela é certamente encontrada com muita frequência nas sociedades que se organizaram numa base totêmica. Existe assim uma ligação estreita e não uma relação ocidental entre esse sistema social e o sistema lógico.

As classificações primitivas não constituem singularidades excepcionais, sem analogias com as que estão em uso entre os povos mais cultivados, parecem, ao contrario, se ligar sem solução de continuidade as primeiras classificações científicas. Com efeito, embora difiram profundamente desta ultima sob certos aspectos não deixam de possuir todos os caráter essências da mesmo. Em primeiro lugar, da mesma forma que as classificações dos eruditos, elas são sistemas de noções hierarquizadas. As coisas não se encontram dispostas simplesmente sob a forma de grupos isolados uns dos outros, mas estes grupos mantem uns com os outros relações definidas e seu conjunto forma um só e mesmo todo. Ainda mais, estes sistemas, do mesmo modo que os da ciência, têm um fim especulativo. Seu objeto não é facilitar a ação, mas torna-la mais compreensiva, inteligíveis, as relações existentes entres os seres. Dados certos conceitos considerados fundamentais, o espírito sente necessidade de prender a eles as noções que formula o respeito de outras coisas. Tais classificações são pois antes de tudo, destinadas a ligar ideias entre si a unificar o conhecimento, a esse titulo, podemos dizer, sem inexatidão que elas são obras da ciência e constituem uma primeira filosofia da natureza. Não é tendo em vista a regulamentação de sua conduta nem mesmo a justificação da pratica que o australiano divide o mundo entre os totens de sua tribo, e sim porque a noção do totem, sendo capital, necessita situar, em relação a ela todos os outros conhecimentos seus. Pois, pode-se pensar que as condições de que dependem

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