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ADULTÉRIO FEMININO: A VISÃO DAS MULHERES DA ZONA URBANA DE SOBRAL ACERCA DA INFIDELIDADE

Por:   •  9/10/2018  •  1.866 Palavras (8 Páginas)  •  242 Visualizações

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Buscarei mediante este projeto analisar a infidelidade feminina a partir da utilização da visão do senso comum “[...] quer dizer, com representações partilhadas por todos” (BOURDIEU, 2010, p. 34), procurando compreender as mudanças e permanências nas representações de gênero e nos ideais de conjugalidade da população feminina urbana de Sobral. Com isso acredito poder contribuir para um melhor entendimento dos relacionamentos atuais.

OBJETIVO GERAL

Analisar e compreender o discurso feminino sobre a infidelidade e as representações de gênero nele contidas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Compreender o sentido atribuído pelas mulheres da infidelidade, bem como analisar a motivação para a realização do adultério;

- Compreender como essas mulheres, dentro do contexto social vigente, se percebem e como são percebidas;

- Analisar a importância/interferência da mídia e dos fatores externos no comportamento feminino dentro dos relacionamentos;

- Analisar os impactos da infidelidade feminina na representação contemporânea dos papéis socias, da sexualidade e da conjugalidade.

PROBLEMATIZAÇÃO TEÓRICA

Fisher (1995) realizou um extenso estudo sobre o amor romântico, o divórcio, o recasamento, o adultério, dentre outros temas e o registrou em seu livro “Anatomia do Amor: a história natural da monogamia, do adultério e do divórcio”. Em sua obra fica claro que os costumes culturais influenciam a definição que se tem do adultério e da atitude de determinada pessoa diante dele. Com a descrição dos costumes de diferentes povos com relação ao adultério, a afirmação fica mais clara ainda. No islamismo, por exemplo, as mulheres acusadas de adultério são punidas com a morte, enquanto para o homem é permitido manter casos extraconjugais, desde que seja com mulheres solteiras. Já no ocidente, a mulher possui maior independência e a cultura local atual encontra-se cada vez mais desprendida de crenças que condenam o adultério e a infidelidade conjugal.

Para Rousseau (1712-1778) o homem que trai sua mulher com outras é injusto e bárbaro, mas a mulher que assim procede acaba com a família. Não importa que a mulher seja apenas fiel, mas que o seja pelo marido e por todos. Rousseau defende que mulher deve ter uma preocupação com a sua aparência, com sua moral, com a forma como os outros a enxergam. O autor afirma que uma mulher que se passa um dia por infame possa um dia se regenerar, por isso deve ter um cuidado espacial com seu comportamento. Nos últimos anos, pensamentos como o de Rousseau acerca do sexo feminino têm sofrido mudanças consideráveis, se não até mesmo completamente modificados.

A luta feminista por liberdade sexual e igualdade de direitos resultou em inúmeras mudanças, como a maior participação feminina no mercado de trabalho , as alterações no código civil, a exigência por uma maior participação dos homens nas relações familiares, a maior representatividade política da mulher. Todas essas conquistas acabaram por engendrar novos modelos de feminilidade e, consequentemente, de masculinidade. A forma de relacionamento tradicional entre homens e mulheres sofreram fortes abalos. Atualmente, já é mais natural a opção por não se casar e, ao invés de procurarem apenas segurança e estabilidade financeira, os indivíduos também buscam a satisfação sexual no casamento.

Com o controle pela cultura do processo natural de reprodução, especialmente através da pílula anticoncepcional, o sexo deixou de possuir função exclusivamente reprodutiva para ser associado ao prazer. Logo, esta busca por satisfação sexual transpôs o valor da relação monogâmica, modificando ao longo dos anos o modo como as pessoas lidam com seus relacionamentos e desejos íntimos. Há os que advogam a idéia de que a fidelidade, para a espécie humana, não é uma lei natural, isto é, os seres humanos não seriam monogâmicos por natureza, e sim devido a condicionantes culturais, tais como religião, moral etc. O fato é que todos podemos ser uma coisa ou outra, dependendo das circunstâncias sociais que nos cercam.

Os casos extraconjugais teriam valor positivo, como reavivar um casamento monótono. Muitas vezes, a mídia nos impõe esta idéia e nós a compramos sem ao menos questionar. Com efeito, a infidelidade pode ser, para muitos, uma válvula de escape, por meio da qual se expressariam frustrações acumuladas, quando o cônjuge percebe que já não é feliz (Menezes, 2005). Porém, a mídia também conseguiu contribuir para a banalização da infidelidade, fazendo-se construir na sociedade a ideia da extraconjugalidade natural e sem limites.

A partir do ideal de igualdade e reciprocidade presente nas relações modernas, podemos pensar a forte incidência da definição de infidelidade como desrespeito ao outro. Badinter (1986) afirma que o amor ideal é entendido como um diálogo permanente entre os dois indivíduos, baseado no respeito e na igualdade dos parceiros amorosos. Segundo a autora, a quebra dessa reciprocidade é vivenciada como falta de consideração, injustiça ou indiferença.

Não podemos pensar que a falta de amor é o maior fator que justifique uma infidelidade. Buscando não se sentirem tão vulneráveis diante de seus parceiros, algumas pessoas procuram outras como uma fonte de afirmação de valor. No estudo "Ciúme romântico e infidelidade amorosa entre paulistanos: incidências e relações", Almeida (2007) constata que, independentemente do grau de comprometimento e do investimento que as pessoas entrevistadas demonstravam com seus atuais parceiros, elas ainda poderiam se engajar na infidelidade. Portanto, a fidelidade é um conceito bastante subjetivo e não há definição prévia a respeito.

Diante disso, o olhar alarmado do pesquisador se voltará, sob a luz da perspectiva sociológica, para as seguintes questões: Como as mulheres pesquisadas justificam sua infidelidade? O que elas pensam sobre relacionar-se com um homem casado? De que forma elas encaram o fato de serem traídas? O que é ser infiel para o grupo pesquisado? Que influência o contexto social exerce sobre essas mulheres?

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A orientação metodológica desse trabalho se caracteriza por uma pesquisa qualitativa. Considera-se o método qualitativo como adequado para a realização dessa pesquisa que se configura através de uma maior preocupação com

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