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A educação inclusiva no Brasil: Uma reflexão sobre sua configuração e as barreiras ainda existentes

Por:   •  6/12/2018  •  1.658 Palavras (7 Páginas)  •  379 Visualizações

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Lourenço (2010), ao refletir sobre a educação inclusiva apresenta, além do conceito da inclusão, o da integração. A autora mostra que, embora os dois conceitos sejam referentes ao processo de inserção escolar, a prática de integração considera as deficiências[4] como problemas das pessoas e visa à manutenção das estruturas institucionais, enquanto a prática da inclusão considera as deficiências como problema social e institucional e promove a transformação da sociedade e das instituições para acolher essas pessoas. Segundo a autora, o Brasil passa por um período de transição entre a integração e a inclusão.

Segundo Lourenço (idem), dentre as características que podem ser encontradas em escolas que ainda seguem a tendência à integração, estão: atitudes discriminatórias; as diferenças étnico-raciais e de gênero; a diferença é vista como empecilho para a aceitação social; ignoram-se as singularidades, entre outras.

Dessa maneira, é possível perceber que no Brasil grande parte, senão a maioria das escolas sejam elas da rede pública ou privada, ainda não podem ser consideradas inclusivas, mas integradoras.

A CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL E A IMPORTÂNCIA DA REDE DE APOIO PARA O AVANÇO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA (EI) NO BRASIL

Conforme Pan (2013), as raízes da exclusão estão na pobreza, na moradia imprópria, nas doenças crônicas, assim como no longo período de desemprego. Por esse motivo recursos e oportunidades são negados às crianças que apresentam diferenças decorrentes de gênero, raça, religião ou de alguma deficiência.

Para que haja avanços no projeto inclusivo, é necessário que o professor/a professora se disponibilize para criar um clima acolhedor em sala de aula, tendo em vista que este espaço afirma ou nega a eficácia da inclusão escolar. Porém, o professor/a professora não é o/a único/a responsável por isso, mas deve contar com o auxílio de uma rede de apoio que envolva o âmbito escolar e a família.

[...] a inclusão requer discussões que não podem ocorrer no vazio social e, no âmbito escolar, a formação dos professores não pode ocorrer sem referência aos contextos sociais em que irão ensinar, muito menos sem a preparação para as parcerias que a educação inclusiva exige, seja com os pais, seja com os serviços especializados na comunidade (serviços de saúde, serviços sociais). Essa talvez seja a mais importante barreira a ser quebrada, de modo a favorecer o compartilhamento de informações e a superação das lacunas entre os diferentes serviços e as famílias, muitas vezes responsáveis pela disseminação de informações equivocadas e estereótipos de todas as naturezas. (PAN, 2013, p. 132)

Desse modo, observa-se que é preciso haver uma conexão entre família e escola para que haja o desenvolvimento do indivíduo enquanto ser social e, especialmente, para que se estabeleça, de maneira ampla, a inclusão. Conforme o pensamento de Émile Durkheim, a “socialização” do indivíduo é iniciada no seio familiar, mas é na escola que os valores, normas e saberes são transmitidos. Para ele, “[...] a educação é, acima de tudo, o meio pelo qual a sociedade renova perpetuamente as condições de sua própria existência.” (DURKHEIM, 1973a, p. 45).

Entendendo a importância da educação para a formação de seres sociais, a transformação de paradigma no âmbito da EI requer professores capacitados para atender as necessidades do ensino inclusivo, oferecendo momentos de manifestação e dúvidas dos mesmos; a flexibilização didática nas escolas, de forma a diferenciar os meios para que se igualem os direitos; e o estabelecimento de uma relação de confiança e cooperação entre a escola e a família, compreendendo que esta é a instituição primeira e de extrema importância para a escolarização dos educandos e a fonte de informações para que o educador/a educadora conheça ou identifique as necessidades dos mesmos.

Portanto, a adaptação à escola não é um condição do aluno/da aluna, mas é a escola que deve se apresentar como um espaço inclusivo, cumprindo seu papel social, pedagógico e político na busca pela Educação Inclusiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É evidente que a Educação Inclusiva no Brasil ainda está em fase de implementação, todavia é preciso desenvolver o diálogo acerca desse processo, refletindo principalmente a respeito das barreiras ainda existentes para que se possa progredir no sentido da inclusão escolar para além do acesso à escola, a fim da permanência do alunado, oferecendo-lhes, então, condições para tal.

Assim, compreende-se a impossibilidade do desenvolvimento educacional para todos sem que haja o interesse do poder público, o trabalho em conjunto entre profissionais e gestores capacitados e a participação da família, gerando reflexo na sociedade como um todo a partir da prática da reflexão, para que as barreiras ainda existes sejam, ao menos, amenizadas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.

DIAS, M. Á. L., ROSA, S. C. e ANDRADE, P. F. Os professores e a educação inclusiva: identificação dos fatores necessários à sua implementação. Psicol. USP [online]. 2015, vol.26, n.3, pp. 453-463.

DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1973a.

LOPES, Maura Corcini. Inclusão & Educação / Maura Corcini Lopes, Eli Henn Fabris. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013. – (Coleção Temas & Educação)

LOURENÇO, Érika. Conceitos e práticas para refletir sobre a educação inclusiva / Érika Lourenço. – Belo Horizonte: Autêntica Editora; Ouro Preto, MG: UFOP, 2010. – (Série

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