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Leitura e visada de obra de arte

Por:   •  4/9/2018  •  1.033 Palavras (5 Páginas)  •  359 Visualizações

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Retomando o convite, refaço uma pergunta de Maria Isabel: então já não seria tempo de lermos, sim, textos, partituras? Mas de ouvirmos as músicas? Vermos as imagens?

Como ler o texto destas imagens? Posso vê-los, sem lê-los? Parece-me que nossa sociedade letrada é predominantemente imbuída da supremacia da leitura. As escolas em muito colaboram com isso quando, a partir da alfabetização, deslocam todo o poder do conhecimento para letras, palavras e textos. Entretanto, a criança desenha da mesma forma que brinca, canta, dança... – outras formas de expressar-se muitas vezes afastadas da escola por seu caráter mais plural, avesso às regras e normas, subversivo.

(...) o desenho não é texto para ser lido; como linguagem visual[2], tem signos próprios, elementos básicos de apropriação que lhes são particulares. A idéia de leitura, ou escritura da imagem, como texto, não me satisfaz.(idem, p.8)

Temo, como ela, que a “generalização do termo ‘leitura’ acabe diluindo a especificidade da ‘leitura imagética’ – esta possibilidade singular de atribuição de significação a partir de códigos não convencionados ou pré-estabelecidos” (idem, p10). Assim, naquela busca pelo termo mais preciso, adotarei o que esta pesquisadora chamou de visada da imagem como a expressão que, hoje, uma década após sua proposta, parece-me ainda mais significativa para designar este modo de olhar:

“olhar em devaneio num corpo em distração imaginativa” (Almeida, s/d:142), aquele a que me reporto quando falo de contemplação ativa. A tarefa do contemplador da imagem é uma permanente re-construção: desacomodando as percepções, realinhando as partes, ressignifica o todo. Assim, mais do que uma questão semântica, a questão da visada da imagem pressupõe apropriar-se de outras chaves de significação, de outras preceptivas. Inclui o deleite, a visão flutuante, a aproximação e o distanciamento, a fantasia, a memória, a experiência vivida. Inclui também e sobretudo o deixar-se ver, o deixar-se constituir, o deixar-se olhar. (idem, p.10)

Então, o convite refeito é para uma visada - que se olhe para aqueles desenhos - e para os que virão- em devaneio num corpo em distração imaginativa.

REFERÊNCIAS

LACERDA, Aroldo Dias. Entre linhas e cores: um olhar em devaneio para o desenho infantil nos primeiros anos do Ensino Fundamental diante da atuação docente.Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação, UFMG,Belo Horizonte, MG, [s.n.], 2012.

MELO, Marcelino Peixoto. Estágio Docência. Tópicos Especiais: Leituras e Releituras da Obra de Arte. Aula 6. 2º S 2003

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