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A Influência do expressionismo alemão na concepção do filme "A Colina Escarlate" de Guilherme Del Toro

Por:   •  7/12/2018  •  3.453 Palavras (14 Páginas)  •  326 Visualizações

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Junto aos seus dois amigos Alfonso Cuarón (Gravidade, 2013; Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, 2004) e Alejandro González Iñárritu (O regresso, 2016; Birdman, 2015), Guillermo Del Toro é um dos três principais diretores mexicanos que vêm causando grande frisson no cinema mundial dos últimos anos. Nascido em 9 de outubro de 1964, na cidade de Guadalajara no oeste do México; Del Toro não é apenas o homem que passou a sua vida tentando lidar com os monstros que viviam dentro dele, mas que os convidou para o chá e os levou para dar uma volta pelo mundo em suas obras.

Seu fascínio e amor por esse mundo fantasioso é quase uma obsessão por essas criaturas de aparência um tanto quanto grotescas, mas foram elas que transformaram sua carreira e fez dele um bem-sucedido roteirista, designer de efeitos de maquiagem especiais, diretor e produtor executivo. Del Toro afirma em entrevistas que esse mundo surgiu para ele ainda quando criança como válvula de escape para sobreviver ao mundo real e violento que ele conheceu em sua infância no México.

Afirma ter aceitado os monstros como sua própria religião. E seu fascínio por eles chegou a assustar sua avó, uma católica fervorosa, que tentou exorciza-lo cerca de duas vezes como tentativa para limpar sua alma e ainda como forma de puni-lo colocou tampas de garrafas de metal em seus sapatos, fazendo com que seus pés sangrassem. Contudo, ao invés de afastá-lo a sua avó o empurrou ainda mais para esse mundo de fantasia que ele viria mais tarde compartilhar no seu trabalho. Assim como Mary Shelley, famosa escritora do século XIX, que liberou seus monstros em seus livros dizia: "Eu achei que me aterrorizou e por isso podia aterrorizar os outros. Eu precisava apenas descrever o espectro que assombrou a minha meia-noite no travesseiro", del Toro decidiu torna-los vivos no imaginário das outras pessoas.

Seu fascínio por monstros marinhos, vampiros, seres fantásticos, princesas perdidas, robôs colossais, heróis tragicômicos e fantasmas famintos o levou a se inscrever no Advanced Makeup Course of Dick Smith (O exorcista, 1973). Com isso ele fez sua primeira entrada no mundo do cinema, como designer de efeitos de maquiagem especiais. Este período durou cerca de uma década, onde Del Toro aproveitou para além de desenvolver suas habilidades fazer suas primeiras entradas nos cargos de diretor e produtor executivo.

Aos 21 anos, Del Toro produziu seu primeiro longa Dona Herlinda e seu filho em 1986. Nesse mesmo período fez alguns curtas-metragens e séries de televisão mexicanas, incluindo a produção de alguns episódios da série de terror Hora Marcada do canal Televisa. Del Toro foi também um dos fundadores do Festival Internacional de Cinema de Guadalajara (Guadalajara International Film Festival), o festival mais importante de cinema na América Latina e México, onde ele ministrou oficinas de cinema. Ainda no início dos anos oitenta, ele montou sua própria produtora especializada em design de maquiagem, Necropia. Segundo Del Toro o real objetivo para a criação da empresa era fornecer e desenvolver a maquiagem necessária para seu primeiro filme, Cronos (1993).

O filme de estreia de Del Toro apresentou ao mundo seu fetiche por fetiche por "insetos, relógio, monstros, locais escuros, e as coisas que ainda não nasceram". Inspirado pelo cinema gótico e expressionista, 'Cronos' fez Del Toro chamar atenção do mundo, principalmente Hollywood, como diretor; o filme ganhou nove prêmios no México e se tornou um sucesso em Cannes.

Em 1997 Del Toro fez sua primeira incursão em Hollywood, com o filme Mimic, um projeto que ele viria a se arrepender depois. O filme contava a história de dois cientistas que salvam o mundo de uma epidemia, viriam a descobrir anos depois que as baratas que eles projetaram para exterminar a doença, desenvolveram um gosto específico por seres humanos. Apesar do filme possuir algumas marcas do diretor, como o papel das baratas, o diretor renegou a obra e hoje em dia se recusa em vê-la graças as diferenças criativas que ele teve com os produtores. Tal experiência foi tão traumática para ele que o levou a retornar para o México e montar sua própria produtora, a Tequila Gang.

Seu retorno para o México não durou muito tempo. Del Toro sofreu um trauma em sua vida particular no ano de 1998 que o forçou a voltar para os EUA a fim de buscar maior segurança; seu pai foi sequestrado e liberado apenas com o pagamento de resgate. Mas o cineasta só voltou ao cinema hollywoodiano em 2002. Nesse meio tempo ele produziu e dirigiu um filme sobre órfãos do exército republicano, A espinha do diabo (2001). Com o sucesso de crítica e repercussão do filme, del Toro retornou a Hollywood com o filme "Blade II" (2001), estrelado por Wesley Snipes, com a intenção de "reinventar" uma raça de vampiros, a fim de retratar a sua verdadeira brutalidade. Estimulado pelo nível de controle artístico dado a ele na realização deste filme, del Toro voltou novamente em uma outra adaptação Hellboy (2004). O filme foi um sucesso de bilheteria, o que aumentou a credibilidade de Del Toro na indústria.

No entanto, del Toro ainda não estava satisfeito com essa aclamação e decidiu fazer um filme que ele dizia ser uma versão de "A espinha do diabo" a partir de uma perspectiva feminina. Surgiu assim o que muitos consideram como sua obra-prima, O labirinto do fauno (2006), vencedor de cinco prêmios no Oscar, incluindo o de Melhor Cinematografia, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Estrangeiro. O filme conta a história da jovem, Ofélia, que se esforça para lidar com a realidade de sua vida no pós-guerra civil Espanha e se esconde num mundo de fantasia. Del toro retornou a direção de blockbusters de ação como Hellboy II: O Exército Dourado (2008) e Pacific Rim (2013), além de produzir diversos filmes de sucesso. Seu último filme foi o horror gótico, protagonizado por Mia Wasikowska, Jessica Chastain e Tom Hiddleston, A colina Escarlate (2015).

Em torno do filme:

O filme é uma fantástica obra fantasiosa que apresenta um romantismo trágico próximo da literatura gótica do século XVIII e XIX. Onde a protagonista, a jovem escritora Edith, é atormentada desde criança por fantasmas. Mas, assim como a personagem cita no filme, não é uma história sobre fantasmas e, sim, uma história com fantasmas; deixando claro que eles são somente uma metáfora e que o verdadeiro monstro está bem vivo. A vida de Edith é abalada por diversas tragédias durante sua vida, e que são exploradas no decorrer do filme; a morte da sua mãe na infância, o assassinato do pai na juventude e o fim trágico do seu casamento.

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