Trabalho reaproveitamento
Por: Juliana2017 • 6/11/2017 • 9.611 Palavras (39 Páginas) • 374 Visualizações
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De acordo com Grande (2003), o solo-cimento foi utilizado pela primeira vez em 1915 nos Estados Unidos pelo engenheiro Bert Reno, que pavimentou uma rua com uma mistura de conchas marinhas, areia de praia e cimento Portland. Desde então houve poucos relatos do uso desta técnica até 1935, quando a Portland Cement Associacin (PCA) iniciou pesquisas e estudos nesta área.
Conforme Souza et al.,(2006), no Brasil, as pesquisas com solo-cimento começaram a ganhar destaque a partir da década de 1930, com a regulamentação de sua aplicação pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Em 1941 toda a pavimentação do aeroporto de Petrolina-PE foi feita com solo-cimento e em 1970 a rede pavimentada de solo-cimento no Brasil completou 7500 km. A partir de 1948 o solo-cimento passou a ser utilizado também na construção de habitações, estudo da durabilidade de paredes monolíticas e tijolos de solo-cimento incorporados com resíduo de com a construção de duas casas do Vale Florido, na Fazenda Inglesa, em Petrópolis-RJ. O bom estado de conservação destas obras após vários anos de utilização atestam a qualidade do produto e da técnica construtiva.
Segundo Grande (2003), apesar das vantagens conhecidas, no Brasil, o interesse pelo solo-cimento na construção de habitações, em substituição às alvenarias convencionais foi desaparecendo na proporção que outros materiais, na maioria dos casos industrializados, surgiam no mercado, sendo sua utilização é mais expressiva em obras de pavimentação (cerca de 90% das bases de nossas rodovias são de solo cimento compactado), reforços e melhorias de solos e, finalmente, em barragens e contenções.
A necessidade de preservação ambiental e a tendência de escassez dos recursos naturais fazem com que a construção civil adquira novos conceitos e soluções técnicas visando à sustentabilidade de suas atividades. Neste contexto, o aproveitamento dos resíduos de construção e demolição (RCD) destaca-se como alternativa alinhada a estes novos conceitos, buscando valorizar os materiais descartados nas obras de engenharia, atribuindo-lhes a condição de material nobre. Em determinadas situações, os RCD podem ser utilizados com vantagens técnicas e redução de custos, como por exemplo, no caso da produção de tijolos de solo-cimento (GRANDE, 2003).
Segundo Grande (2003), os RCD são constituídos por restos ou sobras de materiais de construção. Nos entulhos são encontrados normalmente restos de argamassa e concreto, materiais cerâmicos, metais, plásticos, madeiras, papéis e vidros. Os restos de argamassas, concretos e materiais cerâmicos, encontrados em maior volume, podem transformados em agregados para uso, por exemplo, em matrizes de concreto ou de solo-cimento, e a grande maioria dos outros resíduos pode ser reciclada.
Segundo Renner (2004), a fabricação de tijolos prensados de solo-cimento com adição de RCD pode contribuir para reduzir o volume de materiais descartados na natureza, diminuírem a exploração dos recursos naturais e contribuir com o seqüestro do carbono, pois os tijolos de solo-cimento são produzidos através de prensagem, dispensando o processo de cozimento e consequentemente a queima de madeiras e combustíveis, evitando o desmatamento e a poluição do ar, a queima de combustível libera gás carbono, que é o mais importante gás de efeito estufa.
Segundo Pisani (2004), não existe construção que não gere impacto, a busca é por intervenções que os ocasionem em menor escala. A terra crua como material de construção é uma das tentativas de superar esse desgaste, pois este material é abundante em todo o planeta. Esses materiais de construção não gastam energia para serem queimados e possuem características isolantes que permitem um bom conforto térmico e acústico, permitindo ambientes confortáveis com menos gastos energéticos para condicioná-los. Não se deve ignorar a energia consumida para a fabricação do cimento que entra como um dos componentes para o fabrico do tijolo de solo-cimento, porém esta é menor que a consumida para queimar os tijolos cerâmicos, pois o cimento entra em pequenas proporções em relação ao volume total de material empregado.
2. REVISÃO
De acordo com Souza et al.,(2006), na fabricação dos tijolos são utilizados os seguintes materiais: solo, resíduos de construção, cimento e água. A água é usada em pequena quantidade, o suficiente para se obter a umidade ótima para a prensagem do tijolo. A resistência média à compressão dos tijolos segundo a NBR 8491 – Tijolo Maciço de solo-cimento – especificação, não deve ser inferior a 2,0MPa aos sete dias de cura, e a absorção média de água deve ser inferior a 20% conforme a - NBR 8492 - Tijolo de solo-cimento - Determinação da resistência à compressão e da absorção d'água. Na composição do solo-cimento, o solo é o material que entra em maior proporção, devendo ser selecionado de modo que permita o menor consumo possível de cimento.
Segundo Pinto (1980), o solo ideal deve conter 15% silte mais argila, 20% de areia fina, 30% e areia grossa e 35% de pedregulho, sendo que os solos arenosos bem graduados e com razoável quantidade de silte mais argila, são os mais indicados, de vez que exigem baixo consumo de cimento; Já a Portland Cement Association (PCA, 1969) considera excelentes os solos arenosos e pedregulhos, contendo de 65 a 90% de areia e quantidade de silte mais argila variando de 10 a 35%. Segundo a ABCP (1986), em geral para fins de pavimentação podem ser empregados solos com as seguintes características: grãos com diâmetro máximo de 75mm, 50% dos grãos passando na peneira n.4 (4.8mm), de 15 à 100% dos grãos passando na peneira n.40 (0,42mm), menos de 50% dos grãos passando na peneira n.200 (0,075mm), limite de liquidez – LL
De acordo com Souza et al., (2006), o resíduo de construção utilizado mostrou-se excelente material para melhorar as características do solo em estudo, propiciando condições técnicas favoráveis para a confecção dos tijolos de solo-cimento com qualidade e redução no consumo de cimento. Os tijolos de solo-cimento com resíduos de construção atenderam os requisitos mínimos, estabelecidos nas normas brasileiras. Houve aumento de resistência à compressão, em função do aumento de quantidade de RC, para traços com até 40% de RC em relação à massa do solo. Para os traços com 60% de RC, os valores de resistência ficaram próximos dos obtidos com 40% de RC, indicando haver estabilização no aumento da resistência para adição entre 40% e 60% de RC.
2.1 SOLO – CIMENTO
O solo-cimento é o
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