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Trabalho de Estudos Regionais - Uma leitura da cidade

Por:   •  4/11/2018  •  1.559 Palavras (7 Páginas)  •  352 Visualizações

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Vivenciei muitas ruas de cidades distintas, cada qual com sua peculiaridade, deixando apenas marcas em minhas lembranças.

Quando criança morei numa rua larga de calçadas bem largas em que haviam muitas outras crianças que ali residiam, brincávamos a tarde toda enquanto nossos pais trabalhavam, vínhamos correndo de nossas escolas para brincar na rua, rua essa que na época era muito tranquila, sem muito movimento de carros e em uma cidade até então pequena. Brincávamos de queimada, rouba bandeira, vôlei, bet e até de escolinha (dávamos aulas uns para os outros) e, o interessante é que quando virava noite, nossos pais e outros vizinhos vinham para a rua brincar conosco também. Não eram só crianças, eram também adultos, adolescentes, idosos e cachorros (nossos mesmos) que ficavam soltos perambulando pela rua enquanto brincávamos. Essa rua ficou marcada em minha memória assim como ficou para muitos outros moradores dela. Nela fiz amizades que mantenho até hoje, depois de 15 anos, sem nunca ter voltado a ela depois que me mudei de lá. Já em outra rua que morei, uma rua mais movimentada que por ela entrava-se na quadra, não haviam crianças, mas mesmo assim a rua teve um papel importante para mim. Por ela eu ia andando com o meu pai até o ponto onde o ônibus do trabalho dele passava e de lá eu voltava andando sozinha pela rua. Ao final do dia, eu pegava minha cadeira de “macarrão” (como era chamada na região) e a colocava na calçada da rua, ali eu sentava e bordava, fazia peças de crochê enquanto esperava meu pai voltar do trabalho. Assim como eu, muitos outros moradores da rua sentavam em suas portas e estabeleciam amizades com os vizinhos, alguns fofocando da vida de outros vizinhos, outros apenas batendo um papo, mas cada qual com seu afazer. Meu pai chegava do trabalho e sentava um pouco ali comigo também, pois ninguém aguentava ficar dentro de suas casas devido ao extremo calor que fazia na região. O convívio entre vizinhos nesta rua era muito bom e agradável. Esta foi uma rua que também ficou marcada em minhas lembranças. Hoje em dia moro numa rua diferente das demais que eu já havia morado, uma rua de pouco movimento, as vezes sombria em meio a árvores e pouca luz, rua de calçamento e um pouco íngreme. No trecho dela em que moro não possui muitas habitações, possui apenas o condomínio que moro e uma mata preservada de um seminário. Nela não estabelecemos muito convívio com vizinhos, cada um sai de manhã cedo com sua cara fechada e raramente nos cumprimentam. Nela, a vida é apressada, o tempo é corrido. Casais de namorados e crianças que estudam na escola que fica na rua de baixo adoram vir para ela para namorarem e matarem aula. Minha rua é tranquila, ao contrário da rua de cima, que é uma rua bem movimentada por ser a entrada principal do bairro. Como disse João do Rio, as ruas são marcantes, nela estabelecemos laços. E, realmente, essas e outras muitas ruas deixaram marcas em minha memória.

- CONCLUSÃO

Podemos concluir que as ruas possuem papel importante nas nossas vidas, pois nelas podemos vivenciar vários momentos e estabelecermos laços. Através das ruas chegamos aos nossos trabalhos e escolas. Na rua presenciamos acontecimentos bons ou ruins. Temos uma ligação direta com as ruas. Muitas pessoas sempre terão uma história para contar de algo que vivenciou na rua. Já nas crônicas, podemos observar que um dos autores exploram a relação humana com o ambiente urbano através de histórias ocorridas com os personagens. Marcovaldo, que acreditava que viver em meio a natureza era melhor, percebe que a realidade não é bem assim, pois tanto no campo quanto na cidade o trabalhador terá sempre que trabalhar muito para adquirir recursos para sua própria vivência. Marcovaldo não está satisfeito com o meio urbano em que vive como muitas pessoas, hoje em dia, também não estão. Os centros urbanos cresceram de forma muito rápida sem um acompanhamento. A infra-estrutura das cidades não são suficientes para toda a população. Muitos habitantes destes centros urbanos vivem em estado de precariedade porque não têm acesso a coisas básicas como saúde, educação, transporte, habitação digna, lazer...Precisamos que sejam refeitos os planejamentos urbanos de acordo com a nossa atual situação das cidades e, que estas, sejam colocadas em prática. Temos os planos diretores das cidades que, se bem aplicado, garantirão os direitos sociais e urbanísticos da população e tornarão as cidades mais agradáveis de se viver, com mais espaços públicos de convivência em meio a natureza, melhor mobilidade urbana, melhor infra-estrutura.

- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RIO, João. A alma encantadora das ruas. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1951.

CALVINO, Ítalo. Marcovaldo ou As estações na cidade. Companhia das Letras, 1963.

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