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Artigo Publico e privado

Por:   •  1/5/2018  •  2.264 Palavras (10 Páginas)  •  253 Visualizações

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Damatta (1985) mostra a diferenciação entre público e privado a partir de estudos sobre a casa e a rua, utilizando a espacialidade física e moral. O autor cita a relação dinâmica entre eles. A criação do espaço publica possui uma relação com a intervenção do estado, na sua criação por intermédio da implantação da planta urbana ou no traçado da cidade, da praça e do parque. Muitas vezes envolvendo interesses momentâneos.

Em Paris, como em Salvador, vários grandes parques foram concebidos e implantados a partir do fim dos anos 1980. Esses projetos sugerem uma ligação clara entre “visibilidade” e espaço público. Eles comprovam também o gosto pelo gigantismo e pelo grande espetáculo em matéria de arquitetura e urbanismo (Choay, 1985). De uma forma deliberada, os novos parques públicos se abrem mais para o “mundo urbano exterior” e se inscrevem num contexto geral de “visibilidade completa” e espetacular. Por outro lado, os novos parques são projetados e implantados pelos arquitetos e paisagistas ligados às diferentes instâncias do poder local, que se tornaram verdadeiras “grifes” do mercado imobiliário (SERPA, 2007, p. 43).

Nessa nova realidade tão atual, notamos que as áreas públicas passaram por uma inversão de valores ligada, sobretudo às alterações no modo de vida e na colocação de novas possibilidades no aspecto de sistema de produção. Se atentando, o confrontamento da diminuição do espaço público e do aumento do espaço privado que, no ponto de vista da economia, se tornou espaço de setor comercial.

Segundo Correa (2004) a cidade é um espaço possibilitador de encontros interpessoais, e é o local que acontecem as relações de natureza social, onde o capitalismo é fortemente dividido em áreas residenciais que de forma natural se segregam, mostrando a complexa estrutura social. E ressalta:

Fragmentada, articulada, reflexo e condicionante social, a cidade também é o lugar onde diversas classes sociais vivem e se reproduzem. Isto envolve o quotidiano e o futuro próximo, bem como as crenças, valores e mitos criados no bojo da sociedade de classes e, em parte, projetados nas formas espaciais: monumentos, lugares sagrados, uma rua especial etc. O espaço urbano assume assim uma dimensão simbólica que, entretanto, é variável segundo os diferentes grupos sociais, etários, etc. (CORRÊA, 2004, p.9).

Correa (2004), conclui que o espaço urbano é cenário de lutas sociais, em busca do direito à cidade, à cidadania e a igualdade entre todos.

Lefebvre (2004) explica a cidade é constituída de dimensões e que representa de forma monumental, praças, avenidas e vazios. Uma dimensão paradigmática. E explica:

...a cidade se apresenta como um subsistema privilegiado porque é capaz de refletir, de expor os outros subsistemas e de oferecer como um “mundo”, como uma totalidade única, na ilusão do imediato e do vivido. Exatamente nesta capacidade residem o charme, a tonicidade, a tonalidade própria da vida urbana (LEFEBVRE, 2004a, p. 65).

Os espaços públicos faz parte da cidade, local onde ocorrem processos que dão sentido a vida pública. Sobarzo Mino(2004) cita que todo espaço público dever ser entendido, que carrega uma complexidade, resultado de muitos processos:

Por exemplo, considerar uma praça somente na sua dimensão de local que permita o lazer da população, ou ambiente que ajude na beleza da cidade, ou meio que possibilite a renovação do ar (pulmão-verde), constitui uma abordagem limitada. A praça é um espaço público que cumpre essas funções, mas também pode ser uma “obra” que o prefeito inaugure com festa e cobertura da imprensa, ou que pode receber monumentos (símbolos) que passem uns certos significados, ou receber um nome que homenageie alguém ou alguma data ou acontecimento; aspectos que potencialmente criem ou reproduzam mecanismos de dominação ou controle político, como consolidar a imagem de um prefeito “tocador de obras”, ou passar para o imaginário coletivo certos personagens ou fatos que pouco tenham a ver com o cotidiano das pessoas que usufruam desses espaços (SOBARZO MIÑO, 2004, p. 54).

Com a discussão sobre o papel do espaço público inserido no contexto urbano é um desafio, que compete a varias áreas com a ciência, política, filosofia e sociologia. Nota-se que a intervenção direta dos dirigentes, muitas são tomadas em benefícios de segmentos específicos não visando à necessidade de toda a população.

[...] o espaço público – especificidade –reflete as tensões do processo de produção do espaço urbano – totalidade –, bem como reflete os múltiplos conflitos de interesses que, geralmente, se resumem como conflitos público, privado. (SOBARZO MIÑO, 2004, p.61).

Um fator importante que pode-se deixar de lado com mesmo grau de relevância que os demais é a segregação com a criação de espaço supostamente públicos, que por muitas vezes são limitadas a um grupo especifico. Os municípios brasileiros recriam hoje a segregação através da implantação de condomínios de luxo, centros empresariais, clubes, shopping etc. fica evidente que ao invés de se reduzir as contradições, a mentalidade capitalista aumenta cada dia mais a desigualdade.

O principal instrumento desse novo padrão de segregação espacial é o que chamo de “enclaves fortificados”. Trata-se de espaços privatizados, fechados e monitorados para residência, consumo, lazer e trabalho. A sua principal justificação é o medo do crime violento. Esses novos espaços atraem aqueles que estão abandonando a esfera pública tradicional das ruas para os pobres, os “marginalizados” e os sem-teto. (CALDEIRA, 2000, p.211)

Nota-se que todas as entidades citadas à cima, procuram atrair a parcela mais lucrativa da população e tenta inibir a presença do grupo que não os favorecem financeiramente. É visível que qualquer indivíduo que pertença a essa parcela não favorecida ao frequentar tão ambientes não serão bem vindas. Um claro exemplo disso é os shoppings que segregam a população e cria uma barreira imaginaria, que por muitas vezes se torna visível.

A nova forma de consumo e lazer associada ao privado cria uma nova sociabilidade segmentada que modifica o público, expresso na antiga forma de consumo e lazer realizada no centro da cidade: nela um indivíduo (o consumidor) tinha uma relação direta com o coletivo (o conjunto de outros consumidores ou frequentadores do centro) circulando num espaço público (a rua) e consumindo num espaço privado (a loja). O Shopping Center significa que um indivíduo consome e circula em espaços privados,

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