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Arquitetura e Açaí em Belém

Por:   •  24/5/2018  •  1.440 Palavras (6 Páginas)  •  263 Visualizações

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(...) e enormes arranha-céus, símbolos de seu progresso e do seu desenvolvimento desordenado e parece envergonhado de seus sobrados de dois ou três andares. Mas Belém é autêntica em seus sobrados simples e sinceros, em suas rocinhas esquecidas.

Apontaram-me algumas arquiteturas modernas de Belém, melhor diria modernosas...... Na verdade existem alguns bons e elegantes exemplos de arquitetura, num mar de vulgaridade. Abundam formas mal copiadas e inadequadas, inclusive das colunas do magnífico palácio da Alvorada de Niemeyer. O paraense precisa “parar” de reformar fachadas antigas. Acredito que vai parar. Há arquitetos na terra.

No ano da Graça de 1996, nos 350 anos de Santa Maria (Nossa Senhora) de Belém. Aos quatorze dias de dezembro, a Universidade Federal do Pará, pelo seu curso de Arquitetura, não medindo esforços, presenteou Belém, o Pará e a Amazônia com seis arquitetos, os primeiros que aqui colaram grau – presente régio. Fui testemunha deste ato histórico, bela página dos Anais da Universidade, numa festa de alegrias e emoções em manhã simbólica.

Engenheiros já formados, mas sentindo em termos de Arquitetura, durante três anos adaptaram-se às exigências da grande Arte. Seis projetos tornados realidades êste ano; sete projetos para o ano que vem. Paulo Albuquerque foi “avis rara” até 1964, e a sua lista de sócios do Instituto de Arquitetos vai aumentar.

Parabens ao Curso de Arquitetura, parabens a Universidade, parabens ao Estado. Belém reecontra a Arquitetura. Belém fará Arquitetura e Urbanismo. Poderá planejar e se desenvolver mais harmoniosamente.

A Universidade, Mecenas moderna, apoiou a idéia de um Curso de Arquitetura para a Amazônia. Buscou no Rio Grande do Sul e em São Paulo seus primeiros bandeirantes para a fundação auspiciosa e recrutou alguns mestres de terra.

Idéia abençoada por Deus e Santa Maria (por Nossa Senhora) de Belém, não contente procurou, na Guanabara, completar o quadro dos artífices da grande obra que é o Curso de Arquitetura.

Procurei ensinar-lhes a mensagem e a análise do nosso patrimônio arquitetônico, de tanto valor artístico e histórico, naquilo em que foi autêntico, belo, sincero, num panorama rico de formas, imagens, e figura tutelares como as de Landi e Grandjean, as de Mestre Aleijadinho e o Mestre Valemtim, as de Lúcio Costa e Niemeyer e as de tanto artistas anônimos. E aprenderam a olhar e valorizar os bens culturais de sua terra.

Meus amigos do Rio falaram-lhes da Teoria da Arquitetura e de planejamento completando assim a arquitetura de sua nova carreira profissional inicialmente orientada pelos distintos e abnegados colegas do Rio Grande do Sul e de São Paulo.

Gostaria de ter feito mais, pelo menos recebi de compreensão, de reconhecimento e de considerações nunca recebidas. Levo agradecido a homenagem prestada unanimemente a quem veio do sul colaborar modestamente nesta obra pioneira, histórica e grandiosa: a primeira turma de Arquitetos da Amazônia.

A Belém Colonial teve Landi com suas residências e igrejas. A metrópole da Amazônia de hoje tem a turma de Arquitetos dos 350 anos de Belém. Outras virão num crescendo.

Creio que eles e seus futuros colegas farão Arquitetura e Urbanismo para a Amazônia, em obras dignas de figurarem mais tarde no compêndio e no ensino de Arquitetura no Pará, ao lado de Landi, como esperamos ver mais tarde o Curso frondejar em Faculdade.

Açaí, Landi, as mangueiras, as palmeiras, os sobrados, o Forte, o Ver-o-Peso, o Teatro da Paz, o Círio, os azulejos, as Igrejas, as longas ruas arborizadas, os albuns de Belém, a chuva da tarde, o geral de Marajó, o abacaxi, o tacacá, o pato no tucupi, a gente, a pedra de lioz, os igarapés, as noites fresca, os sobrados, o Curso, a Universidade, o verde, os arraiais, a castanha do Pará, a Praça da República, o acapu, a sombra de Lemos, o apito da Folha, os colegas de Curso e os amigos que fiz, os alunos que tive, a Exposição de Santos, o nome: Belém – Nossa Senhora de Belém do Grão Pará. Tudo isto simbolizei no título sentimental desta crônica de saudade – Arquitetura e Açaí de Belém.

-Ao sair de Belém

Belém, 14 de dezembro de 1966

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