A DESIGUALDADE SÓCIO ESPACIAL NA REGIÃO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE: REALIDADES DISTINTAS QUE SE SOBREPÕEM ENTRE O BAIRRO SANTA LUCIA E O AGLOMERADO MORRO DO PAPAGAIO

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Minas Gerais, ser fundada em 1897 já havia moradores em áreas irregulares. Essas ocupações foram consequência da falta de um planejamento de moradia para os operários que trabalharam na construção da cidade. A ausência do planejamento ocorreu porque acreditava-se que a presença dos trabalhadores iria ser temporária.

No início, o poder público incentivou as ocupações, principalmente próximo ao centro planejado, onde ocorriam as obras de construção da nova capital. Mas depois de inaugurada o governo, incomodado com a precariedade desses locais e com possível desvalorização do centro, organizou ações de remoção da população dos aglomerados das proximidades do centro para áreas operarias mais afastadas, tanto fisicamente quanto socialmente, e com infraestrutura muito precária. No entanto a incapacidade dessa área em abrigar a todos acabou que obrigando essa população a continuar invadindo novas áreas. Assim a presença dessa população mais pobre passa a ser cada vez mais indesejada. Tendo uma divisão segregacionista da população onde as elites tinham o centro e os pobres as periferias que foi e continua sendo ocupada desordenadamente causando um confronto social e na paisagem da cidade. Principalmente na região centro sul de Belo Horizonte existe um contraste significante entre essas populações. Onde tem uma grande parte de classe média-alta e classe alta, mas também existe um número considerável de pobres. Conforme pereira,

A Zona Sul de Belo Horizonte é definida, do ponto de vista administrativo, como parte integrante da Regional Centro Sul. Trata-se da região que abrigou, e abriga, os maiores investimentos em infra-estrutura e equipamentos urbanos, além da população com maior nível de renda da capital, o que, recorrentemente, costuma obscurecer o fato de que também ocorre o acúmulo de grandes contrastes, como a segunda maior população favelada do município. (PEREIRA, Valnei, 2006.p.213)

A segregação é visível em Belo Horizonte desde de seu início, quando os trabalhadores eram necessários na construção da cidade e por isso tinha direito a “ocupação do solo”, mas somente enquanto era útil para a prefeitura. Quando não tinha mais utilidade o trabalhador era despejado, sem lugar para morar ele invadia as terras ao redor do centro que era o lugar mais fácil para arrumar emprego e se locomover até ele e pôr a moradia desses trabalhadores ser precária e sem infraestrutura criasse um contraste indesejado por seus vizinhos mais bem afortunados. Tal qual Mendonça e Costa relata no texto- entre a homogeneização e a diversidade: segregação socioespacial na metrópole Belo Horizontina e as especificidades do eixo sul,

Belo Horizonte, nasceu “duplamente periférica”, “situada na periferia do sistema capitalista mundial e estruturada internamente a partir de anéis de ‘periferias’ urbanas historicamente definidas. (MENDONÇA, Jupira. COSTA, Heloisa, 2004.p.75) (COSTA, 1994:64)

Mas já no início das ocupações ao redor do centro por questões de padrão social e desconforto das classes mais altas a maioria das favelas foram removidas para mais distante do centro de Belo Horizonte.

Só na década de 1945 que se tem uma preocupação um pouco maior com o bem-estar da população das favelas e só em 1963 é realizado o Primeiro Seminário de Habitação e Reforma Urbana no País, para tratar de questões como habitação popular. Na época o projeto para melhorar a vida dos habitantes dos morros foi aprovado, mas com o golpe militar de 1964 o governo voltou atrás em sua decisão A partir daí ouve uma grande represaria dentro das favelas com ações policias abusivas que acabou por revolta da população. Uma pequena parte dessa população por não ter acessibilidade graças a segregação e opressão, a condições melhores acabarão optando pela marginalidade e mesmo sendo uma pequena parte acabam que se apropriando do morro inteiro transformando toda a favela em seu local de tráfico. Gerando uma constante de polícia no local, mas sem muitos resultados deixando as outras populações com medo e até mesmo amentando assim o preconceito que já existia.

Só depois de 12 anos em 1983 que ouve uma preocupação significativa em tentar mudar a vida dos habitantes das favelas novamente com ajuda de ongs e programas habitacionais oferecido pelo governo. Essa ajuda até hoje infelizmente não é muito eficaz na maioria das favelas. No aglomerado do Morro do papagaio em Belo horizonte por exemplo existe alguns desses programas de habitação, mas que gera muito conflito pela falta de informação e de diálogo da prefeitura com os moradores, como foi visto em visita realizada na região onde percorremos todo o aglomerado com o auxílio da 124º companhia da Policia Militar de Minas Gerais, em circunstâncias de que o aglomerado é considerado um lugar perigoso comandado pelo tráfico.

3. AGLOMERADO E O BAIRRO: distância social

O aglomerado Morro do Papagaio é situado em Belo Horizonte, na segunda Seção Suburbana e Ex-Colônia Afonso pena, a ocupação dessa área deu-se principalmente na década de 1950. Tem sua população aproximadamente de 16.914 habitantes, 3.848 residências e uma área total de 477 mil m² segundo a prefeitura de BH.

A favela fica na região centro sul de Belo Horizonte e é limitada pela avenida Nossa Senhora do Carmo que é inclusive acesso à BR-040 e próximo à avenida Prudente de Morais e à avenida do Contorno. O habitante do morro tem acesso a vários estabelecimentos de qualidade incluindo, shopping centers, por ser totalmente contornado por bairros com classe social mais alta do que as de seus moradores. São eles os bairros, Cidade Jardim, Santo Antônio, São Pedro, Sion, Vila Paris, São Bento, Carmo e o bairro Santa Lúcia (como é mostrado na Figura1). O bairro Sion até mesmo tem um dos maiores IDH dentre os bairros de Belo Horizonte e o Morro do papagaio está entre os piores.

Figura 1: Mapa dos acessos que o aglomerado Morro do Papagaio e bairro Santa Lúcia tem com relação ao centro

Fonte: Google Maps’2016, modificada pelo auto

O aglomerado é bastante conhecido por ser bem próximo ao central de Belo Horizonte e também por estar localizado a 10 minutos da Savassi uma região bem valorizada. O morro foi formado por quatro favelas são ela a Vila Estrela, Vila Santa Rita de Cássia, Vila São Bento (também conhecida como Vila Carrapato ou Bicão) e Vila Barragem Santa Lúcia. A favela é localizada em um relevo muito íngreme um problema que traz grandes consequências como por exemplo dificuldade de acesso ao morro.