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RESENHA DA SERIE BLACK MIRROR . EPISODIO: Nosedive, 3° temporada

Por:   •  21/11/2018  •  1.599 Palavras (7 Páginas)  •  284 Visualizações

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É um sistema de classificação de pessoas, que nesse mundo a gente faz com as pessoas, a mesma coisa que a gente faz hoje com os serviços. Aquele restaurante, por exemplo, que você visitou e não gostou tem uma página no facebook, que você classifica de uma a cinco estralas, baseado no serviço que foi oferecido.

Outro ponto interessante de é que a partir do momento em que as pessoas se classificam, da mesma forma que hoje classificamos restaurantes, hotéis, pizzarias, serviços, de um forma geral, esse sistema, de certa forma reorganizou a sociedade em classes baseadas em popularidade. Antes, ter um nível em uma determinada sociedade, era baseado, por exemplo, se a pessoa tivesse algum parentesco com a nobreza ou se estivesse em uma determinada classe socioeconômica, se é rico ou pobre.

Nessa sociedade pessoas pertencem a classe de acordo com a sua popularidade. E essa popularidade por sua vez, se baseia em “perfis espetaculares”. Onde o que está explicito não é a nossa relação com a imagem em si, mas a nossa relação com outras pessoas mediada por imagens. Então de um acerta forma, este sistema de classificação hoje já existe, mais eles existem pra situações bem particulares, como vimos nos exemplos anteriores.

A parti de uma classificação de uma nota, que a personagem Lacie tem, isso passa de certa forma a mediar a possibilidade de ela ter acesso a certos serviços, ou não. Lacie queria uma casa, queria um lugar para morar, mas ela não tinha dinheiro pra pagar, mas eles tinham um programa especial, que dariam um desconto a ela, se ela fosse uma 4.5. Portanto pode-se dizer que os perfis espetaculares, ao mesmo tempo que são espetaculares eles são também superficiais.

A ansiedade de Lacie e busca por cinco estrelas, é uma crítica genial as pessoas que fazem de tudo para ter uma imagem “fake” na vida online e, eventualmente, sofrem um grande julgamento quando alguma coisa sai do controle. Não estamos tão longe disso, afinal de contas somos medidos em nossos círculos muitas vezes por isso. Mas, como na conversa em que ela tem na carona que pega com uma caminhoneira, uma das grandes conquistas da vida baseada em notas é não ter nota nenhuma.

Há também outra crítica sutil em Perdedor, ligado há um detalhe semiótico na série muito importante. Se reparamos no início da série, a Lacie estava usando roupas de tons claros, bem diferentes, pálidas, sem vida. Isso parecia ser um padrão à esta sociedade. Essa era a regra do universo da Lacie, todas as pessoas aceitas socialmente usam essas cores no seu dia a dia. Eram roupas padronizadas, mas integradas com o ambiente. O que as pessoas vestiam, eram roupas que não suavam, tanto que no final do episódio, ela já estava toda suja, desdenhada, ela estava criando um contraste com um outro ambiente, que em certo ponto, refletia o momento dela.

Podemos pensar também, por exemplo, que nós somos pessoas que estabelecem relações com celulares, com aplicativos, e essas relações por sua vez, vão mediar as nossas relações com os outras pessoas. Então os aplicativos que usamos, são um pouco de espetáculo, pois a relação que temos com o aplicativo, irá mediar a nossa relação com as outras pessoas. Um exemplo disso, é a questão da rede social, quando uma pessoa não tem o feedback que gostaria em relação a uma foto postada nas rede social. Isso parecer surreal para alguns, ou até mesmo normal, para outros, mais é uma questão muito importante.

Debord(1931-1994), fala que quanto mais a gente reconhece a nossa existência, tal como mediada pelo espetáculo, menos a gente entende sobre os nossos desejos sobre a nossa experiência. Isso significa que quanto mais a Lacie, a personagem principal, entendia desse mundo para tentar crescer a sua classificação, o seu mundo, mas ela se tornava uma pessoa vazia de si mesma, que no final ela se tornou algo, que não era nem aquela Lacie do mundo das cinco estrelas, e nem era ela mesma.

Já no final do episódio, percebe-se que a Lacie já estava completamente louca, chegou há um ponto extremo, ela falava coisas bonitas ao mesmo tempo que falava um monte de palavrões. Então ela não era ela nem ela mesma, nem a pessoa das cinco estrela. Então quanto mais essas pessoas que emergem nesse mundo do espetáculo, mais elas se tornam pessoas vazias de si. Portanto é isso que Black Mirror, vem trazer a relação entre tecnologia e ser o humano. As pessoas não pensam sobre a tecnologia como conteúdo, mas deve ser um meio pelo qual transmitimos um certo conhecimento, mais é importante entender a tecnologia mudam as nossas relações conosco, e a relações com as outras pessoas.

Não necessariamente se deve cair no moralismo a essa questão dizendo se é bom ou ruim, essa questão das tecnologias. Mas sempre perguntar o porquê que tal coisa é bom ou ruim.

Devemos pensar sobre a tecnologia não só em termos de ferramentas, mas pensar sobre aspectos étnicos, a tecnologia e o tipo de vida que a gente leva, não no sentido de dizer o modo como as pessoas devem viver, mas pensar como a tecnologia está criando certo tipo de relações conosco, e com as outras pessoas.

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